quarta-feira, 10 de agosto de 2016

O que que os testes cognitivos tem a dizer sobre mim?? E o que não tem??

Desde um certo tempo que eu desenvolvi uma relativa consciência em  relação às minhas forças e fraquezas cognitivas. Até a metade do ensino fundamental, na quinta série, eu acompanhei a média  das minhas turmas na escola, em todas as áreas do conhecimento curricular. No entanto a partir deste período eu comecei a ficar pra trás, especialmente na matemática. O período em que tive o pior desempenho escolar ocorreu quando eu passei para o ensino médio, no primeiro ano, em 2004, quando além da matemática, também tive de estudar física, química e geometria... para a recuperação. Parece que, paralelamente ao meu progressivo atraso nas ciências exatas em comparação aos meus colegas eu também fui me tornando mais verbalmente inteligente, como geralmente acontece neste período de flutuações cognitivas, de maturação, da infância e da adolescência. A minha personalidade ambígua, complexa, objetiva e insularmente forte, teve importante papel para que a minha vida escolar fosse turbulenta e não apenas em relação às interações com os meus colegas mas também em relação às matérias do conhecimento a que fui exposto. O melhor aluno é aquele que ao longo de sua vida escolar vai se tornando consistentemente sincronizado com o nível de dificuldade do ensino a que é exposto. O pior aluno é aquele que segue caminho oposto, se tornando cada vez mais dissociado da matéria que é dada no quadro negro.

Minha vida universitária não foi diferente da minha vida  escolar porque eu também "preferi' dar maior atenção aos meus interesses intelectuais de momento do que em relação ao que foi "ensinado". Mais uma vez, a minha personalidade teve um papel crucial para o meu comportamento não muito exemplar no meio acadêmico, de displicência e pouco interesse em relação àquilo que foi oferecido. 

Por outro lado, eu aprendi e tenho aprendido bastante comigo mesmo e com as minhas experiências pessoais, frutos que não são fáceis de serem compreendidos para quem está fora de minha perspectiva existencial e que não comunga com muitas de minhas características psicológicas. 

Nos últimos anos o meu autoconhecimento deu um salto e passei a ter grande consciência de minhas forças e fraquezas de tal modo que cheguei à conclusão de que posso  estimar a minha cognição/qi sem a necessidade de profissionais da área. Eu me encontrei na psicologia e na filosofia. Talvez tudo aquilo que já fazia desde quando não era plenamente consciente destas paixões, poderia ser remetido com certa segurança à essas duas áreas do conhecimento. Minhas constantes auto reflexões, minha natural curiosidade pelo comportamento humano, um conhecimento que ainda era virgem (a ser lapidado) porém sólido, quando comparamos, mensuramos e concluímos corretamente sem ter plena certeza do que estamos fazendo ou de ter o conhecimento em mãos para constatar em terreno firme.

Se  eu realizasse um teste cognitivo completo amanhã eu aposto que me sairia bem a muito bem nas provas de qi verbal, ligeira a relativamente acima da média na "inteligência" geral, provavelmente ruim a muito ruim tanto em qi espacial quanto em qi matemático. O qi matemático na verdade se consiste em uma parte do qi verbal, então é provável que este meu déficit para o pensamento lógico-dedutivo (direcionado para esta função) reverberasse na mensuração final do qi verbal. Mas como que isso se traduz na vida real???

Este texto é um bom exemplo. Eu não tenho o talento (potencial + motivação) verbal significativo de um grande escritor, ainda que talvez possa melhorar, isto é, de que por ventura possa ter algum potencial de melhoria neste aspecto. Mas também não me encontro em um nível 'medíocre". Eu poderia apostar que pontuaria entre 120 e 140 em um teste cognitivo de ênfase verbal e que seria mais alto sem o déficit matemático. Este por sua vez eu poderia pensar em um qi médio bem abaixo do padrão-Greenwich 100... talvez 90??? Eu já expus as minhas estimativas em textos anteriores mas com este eu busco traduzir os achados em testes cognitivos para o mundo real. Também não duvidaria se fosse muito mal em inteligência espacial. Desta maneira a média para esses 3 é provável que não fosse muito maior que a padrão ou mesmo abaixo dela. 

Como que isso se traduz no mundo real?? Como que se traduziu na escola e na faculdade?? E o que tem a dizer e a não dizer sobre as minhas capacidades gerais??


O sistema escolar é projetado para atender as características de uma certa demografia, mais cognitivamente ''competente', mas também tende a ser bastante generalista. O currículo escolar a que fui exposto como eu tenho falado com frequência desde a um certo tempo, foi projetado desta maneira, isto é, para ser generalista e portanto para favorecer a inteligência geral e daqueles que a possuem em um estado mais simétrico e bufante.  E eu poderia pensar na palavra cognição como substituta da inteligência. A maioria dos professores acreditam que todos ou a maioria dos alunos "normais" poderão aprender ao menos na média da classe, desde que se esforcem e que sejam corretamente "ensinados". Na realidade, nós temos uma diversidade cognitiva de um lado e uma uniformidade curricular do outro lado, que trata todos os alunos como se fossem iguais. Se não fosse pela bagunça do sistema escolar brasileiro especialmente nos anos 90, talvez eu tivesse repetido de ano umas duas ou três vezes na escola. 

Em termos de vocabulário, compreensão verbal e capacidade para escrever corretamente, de acordo com os meus textos, eu vejo que resplandecem uma inteligência verbal acima da média, sem dúvidas, mas que não será extremamente excepcional como julguei 3 parágrafos acima. Aplicado ao mundo real a cognição verbal  sozinha não parece ser crucial para a sobrevivência nem visando o perfeccionismo da sabedoria, ainda que possa ser complementar


. Graças a uma constelação de características psicológicas que eu me tornei mais consciente em relação aos problemas do mundo e o escrever mais rebuscado ou não, por agora, me parece que não tem um efeito imprescindível ou intrinsecamente necessário para que influencie nesta função extremamente importante e que deveria ser a regra para os seres humanos, mas infelizmente não é.

Para entender a realidade você precisa ser honesto, sincero, mais literal do que metafísico em sua abordagem perceptiva, que os índios Pirahã que não me deixem mentir, mais prático, lógico, a priore, e se possível, não se deixar engolfar pelo conforto metodicamente frio da lógica e galgando novos e melhores ares a caminho de uma maior racionalidade, holístico mas também analítico, isto é, analisar por todas as perspectivas potencialmente encontráveis, para construir uma cadeia sustentável e correta de fatos que tendem inexoravelmente a se sobreporem, em nossos mundos dinâmicos, complexos porém estruturados em padrões de recorrências paradigmáticas (aquilo que não sabemos ou que se desdobra sombrio na esquina próxima), paradoxais (aquilo que não entendemos ou que não aparenta fulminante coerência, facilmente perceptível, a priore...) e lógicas. 

Nas humanidades há uma grande concentração de pessoas que são dotadas de grandes capacidades cognitivas verbais e sinceramente não vejo sequer uma correlação parcial ou relativa com a sabedoria em toda sua completude. Talvez esteja sendo muito precipitado e os cursos de filosofia possam me surpreender. 


A nossa realidade é permeada por palavras e números que são aliados importantes para a nossa labuta diária de tentar compreender a realidade extraordinária na qual estamos subjugados/jogados. No entanto, não são os únicos meios. Para entender as pessoas nós precisamos da inteligência emocional. Para nos entender nós precisamos da inteligência interpessoal. Para entender o básico e fundamental sobre política, cultura, trabalho, reprodução, enfim, tudo aquilo que não pode ser previamente resumido a dois ou três dígitos, nós precisamos de objetividade, praticidade, de preferência racional, pensamento ou abordagem completos, e sempre na labuta de melhorar tudo isso, aprender com os erros, reconhecendo-os. Nada disso os testes cognitivos existentes mensuram de maneira franca, direta e perfeccionista, mas todos esses quesitos se correlacionam superficialmente com eles. 

Eu não tenho o maior e/ou melhor vocabulário, não sei falar muitos idiomas, e portanto acredito que não tenha talento  o suficiente nesta área para que possa me tornar um poliglota, cometo muitos erros em minha escrita principalmente de concordância verbal....mas quando me colocam na frente de uma informação, especialmente se for de natureza política, cultural, psicológica ou filosófica, eu darei o meu melhor. 
 Eu não tenho a melhor memória de minha espécie  mas acredito que seja prodigioso na memória autobiográfica, apresentando lembranças vívidas de episódios do meu passado e é de costume perceber que tais lembranças não se encontram tão frescas em outras mentes que também as vivenciaram. O meu tempo de reação em testes cognitivos que medem esta particularidade não parece ser mais rápido do que a média, tenho obtido resultados muito discrepantes. Ainda assim, ser mais rápido para apertar no botão quando a cor do sinal muda não parece ter qualquer grande relação com ser rápido no mundo real, especialmente para farejar problemas/perigos reais, e eu já comentei sobre isso em uma meia dúzia de textos, em especial no velho blogue.

Em testes cognitivos assim como nas provas escolares o meu déficit em matemática será altamente transferível para o mundo real. Eu apresento alguma forma de discalculia, tenho dificuldades para fazer contas matemáticas com números de dois dígitos. Para solucionar problemas desta natureza, eu apenas consigo fazer os  mais simples e quanto mais difícil, mais húngaro parecerá pra mim. Naquilo que chamam de "pensamento lógico-dedutivo", a partir de testes cognitivos, eu  não costumo me sair bem. Será que eu sou ilógico e não sei fazer deduções???? 

Em relação à matemática sim, mas quem disse que lógica e racionalidade tenham que ser apenas numéricas???

Apesar das claras falhas de raciocínio que encontram-se invulgarmente comuns no departamento das ciências humanas, eles não estão totalmente equivocados como muitos das ciências exatas acreditam. E é justamente ai que repousa a sabedoria. Partidários desde a extrema esquerda até a extrema direita apresentam falhas de magnitudes diversas em seus pressupostos de grupo assim como também uma multitude de achados em que estarão muito corretos.


 E o sábio é o ''centrista'' mais talentoso.


O papel de filtro e direção de ''nossas'' invenções de associações simbólicas



Um teste de qi não pode mensurar a capacidade de uma pessoa de se conhecer, que para muitos pode parecer uma grande bobagem ou algo sem importância mas que na verdade se consiste em uma das prioridades mais importantes para quem exibe maior alcance perceptivo/autoconsciência e que no entanto encontra-se em estado raquiticamente desenvolvido entre os seres humanos, a maior parte.

Uma bateria de testes cognitivos não pode mensurar a inteligência ou cognição emocional e é sabido que a capacidade de compreender as próprias emoções, as emoções e comportamentos alheios é de vital importância para uma série de situações que se desdobram freneticamente em nossos respectivos cotidianos. 

Os testes de qi tem pouco e superficial a dizer sobre mim e provavelmente em relação a qualquer outra pessoa, ainda que o faça adequadamente em sua abrangência superficial/horizontal. De fato, os testes podem refletir muitas perspectivas de minha capacidade operacional ou cognitiva, por exemplo, meus claros déficits em cognição espacial e matemática assim como também o meu maior ''talento'' para o quesito verbal. Os testes podem dizer com sóbria precisão superficial que tipo de ''pensador'' (internalizador) eu sou, dentre outras breves particularidades.

Esta se consiste em uma de minhas ''missões'' pedantes mais centrais que é a de prover às ''coisas'' que eu interajo e desenvolvo certo ou algum conhecimento o peso que merece e a meu ver os testes cognitivos que existem refletem as superfícies, as primeiras camadas de nossos intelectos, e que apesar de sua grande importância, justamente por se consistir na base cognitiva (não confundir com a sabedoria que encontra-se na base intelectual:
cognitiva + psicológica), ainda se limitará a este nível. 

Tal como eu tenho falado aqui, os testes de qi estão até relativamente perto de refletirem com precisão absoluta a inteligência, mas não é suficiente e talvez o melhor espelho/reflexo de nosso comportamento seja justamente ele mesmo e não qualquer meio que tenha qualquer pretensão de neutralidade.

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