sábado, 2 de julho de 2016

A sensibilidade e o eco da mente

Todo dia é um transtorno, um trauma,
todo dia é uma fala, 
mal interpretada ou pior, 
quando é muito bem interpretada,
o eco na mente, 
reconhece incongruências,
pensa nelas sem querer, 
é um distúrbio ser assim, de vidro,
quebradiço mas afiado,
se despedaça, sensível mente
e demora pra se recompor
mais razões para o mal humor
do que para o bom,
os problemas sempre brincalhões
insistentes, irritantes
não cansam nenhum segundo,
não mais os persigo
agora são eles, que vem até mim,
estão populando o mundo,
como micróbios em seus bilhões de zangões,
se reproduzem com maestria,
quero a perfeição,
mas vivo com indolentes,
se a tudo sente,
não poderia ser diferente,
quando mais percebe,
mais precisa analisar,
criticar,
comparando, pesando,
e sim, doendo,
doendo n'alma,
dor que não se sente,
que quer internalizar,
quer virar rancor,
e quem nasceu  de vidro,
que expressa liberto,
a sua persona real,
não tem qualquer escudo,
a sua relação não é ideal,
é extrema,
qualquer ruído,
qualquer emoção,
a sua conexão com o mundo é direta,
não tem pele ou armadura,
não tem tromba ou concha,
não tem casco ou espinhos,
se são eles, que sempre viram contra si,
sensível, oh mente,
a tudo quer dominar,
mas termina dominado,
ecos a vibrarem,
muito tempo, a ruminarem,
como ao vento no sopé,
o pensamento é o próprio inimigo,
quer tanta justiça, que acaba sendo injusto,
e consigo, 
quer tanto a humildade, sendo assim tão arrogante,
que acaba difamando,
pobre sombra, na penumbra,
precisa conter-se,
e pegar os cacos caídos,
precisa reerguer-se,
e aceitar que nem tudo precisa disto
deste risco no meu vidro
no meu escudo, oh peito,
pobre deste, meu coração hiperativo...



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