quinta-feira, 19 de maio de 2016

Estória em poesia, toques à religar



Néscia, calábria acesa,
lua ao alto,
beijo ao alvo, velas cheias,

Estória ou estoica,
abre o vento, braços nus,
corta-o e se seduz,

na surdina de si,
põe-se a lamber-se,
com o punho a entreter-se,

espera à noite,
grilos e uivos d'universo,
silêncio este,
espera e quieto,

põe-se a gemer,
dentro de si,
 para si,
deleitar-se,
oh, este é o sentir divino,
o vento da emoção,
a verdadeira,
e única religião,

fé no prazer,
pés no presente,
e de presente,
inteiro,
se sente,
se dá,
ser ciente que
 de si,
só podem vir teus encontros nus,

a tu'estória,
que de conto em conto,
vivamos no céu-íntimo,
que toque 
em seus arrepios
os assobios das nuvens 
a natureza muda
e a tua,
a efervescer 

a entornar ruivos
por ser bem-um-religioso
de tocar-se
e por assim tocar-lhe
oh divino
oh vida 

se o gênio é o prazer na criação
no crer 
na imaginação
esbarrar nessas paredes
entre o físico e o possível

eis a tocar-se
n'ação
eis a religar-se
de fato
sem estéreis santos
ereto e gozos
no banho de lua
à contemplação

no luar
não lê
és a poesia
é a beleza da vida
de sua íntima e macia vida
apregoa o ouro ao seu melhor
se decoizifica 
sem incensos, 
sem lamentos,
sem ordens,

pois é só,
e só a si
celebrando a sua energia
o seu suor
o seu tântrico,
escrito em pré-sânscrito
escrito em teu corpo
tu és o seu melhor cálice

és o verdadeiro começo
duma real ligação
o vento divino uiva aos ouvidos
pelica
até faz cócegas

regresso ao sentir puro
entender-se
e se espalhar em compreensão
se entendendo
e se contendo
e se amando 
sem ego, sem meios para inteiros fins,
se já sabe que é
o seu próprio fim

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