domingo, 3 de abril de 2016

Me dizem que...



se eu os critico é porque eu sou odiável,
se eu digo a verdade é porque eu sou um mentiroso,
se eu penso diferente, é porque eu sou contra a liberdade de expressão,
seu eu penso em conspirações, é porque eu não sou um bom menino,
que eu devo ser meio louco, ter um parafuso a menos,
é apropriado pensar como um servo,
abaixar a cabeça e obedecer,
fechar os olhos para todas as injustiças,
acusar os outros pelo que dizem,
e não pelo que fazem,
treinar sorrisos falsos, 
se já houve inteligência em meio à querida humanidade,

a hiper-realidade política é essa,
os espertos vencem,
a selva agora é de concreto e arranha céus,
estúpido e perverso são mais atraentes,
a humanidade inventou a moralidade apenas para se sentir bem consigo mesma,
a bondade e a maldade existem, em cada respirar,
em cada existir, 

não é relativa porque é relativa,
mas porque é diversa,
em suas cores aberrantes de estupidez,

me dizem que,
eu devo aceitar,
que depois da vida vem a recompensa,
o descanso eterno ou mais alguns anos de sofrência,
reencarnar ou virar parte da vida que não mexe,
da existência que existe sem saber,
que raciocina sem raciocinar, solta pelo espaço, 
que é o espaço,
que é o tempo e até mesmo um laço,
que é a consciência em si,
a energia que apenas se espalha sem calcular,

a não-vida que é a morte,
mas se pode,
se quem movimenta pela gravidade,
e nasceu meio tresloucado,
meio encosto, meio chato,
e o seu movimento,
o queria perfeito,
mas os tolos ladram,

 dizem que é apenas um ideal,
que não tem jeito,

continuam a me dizer que,
e a maioria não quer ouvir o que eu tenho pra dizer,
deixe estar,

ao despertar humano,
preguiçosos nos tornamos,
a complexidade aumenta,
as dúvidas substituem o oxigênio,
e quanto mais medo temos,
mais conforto nós queremos,

a ignorância é assim mesmo,
uma benção,
problemas inconscientes ocupam metade da mente,
a outra metade tem uma rede de balanço,
o rato, pobre dele,
a correr dentro de sua gaiolinha,
o queijo em cima,
e não tem mãos ou jeito para pegá-lo,

somos infiéis,
loucos,
pervertidos,
racistas ou fóbicos,

nos acusam de...

mas nós que deveríamos acusá-los,
e como,
apenas para começar,

está sempre tudo errado,
com alguns poucos acertos,
fortalezas de sanidade,
choupanas maltrapilhas,

a natureza imbecil humana é mais forte,
o sábio precisa fortalecer esses castelos de sorte,

e aprender a parar de contemplar o além,
e a desprezar o que existe ao seu redor,

ser mais do que criativo,
e não é para fazer origamis ou quadros bonitos,
mas de fazê-los, na vida real,
entre-seres, entre-fronteiras,
entender o rio negro e o solimões,
o nilo desafiando o deserto implacável, partindo o velho Egito pela metade, escorrendo lágrimas em uma face seca,


mas ainda me dizem que,
e quando eu começo a falar,
eles param...
de me escutar

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