quinta-feira, 17 de março de 2016
''Valores'' da escola: estudar para tirar notas altas
''Trabalhadores', uni-vos!! ;)
Alguns dias atrás eu vi um documentário sobre uma escola pública diferenciada no interior do Piauí, um dos estados mais pobres da federação tupiniquim. A tal escola entrou para o cenário escolar nacional depois de ter se destacado nas olimpíadas de matemática, competição em que todas as escolas públicas e privadas do país podem participar. Esperar-se-ia que os melhores alunos saíssem sempre de regiões historicamente mais ricas como o sul e o sudeste do Brasil, mas foi surpreendente ou nem tanto que alguns excelentes resultados tivessem aparecido num destes rincões perdidos deste país de dimensões e de diferenças sociais continentais.
Algumas observações interessantes deste vídeo foi a presença de um predomínio de perfil étnico específico nesta pequena cidade, isto é, com uma população mestiça, mas pendendo para o caucasiano, com a diretora e o professor de matemática (responsável pelo sucesso da escola) dentro desta categoria, o típico ''vira-latas'' brasileiro, tri-racial, sem raça definida, só que puxando mais para branco do que para negro ou ameríndio. A ligeira e possivelmente precipitada impressão de um predomínio de tipos de personalidades que são menos comuns nesta região, especialmente no litoral urbano e chuvoso, isto é, de introvertidos ou ao menos de não-exuberantes efusivos, em comparação à capitais como Salvador e Recife.
Voltando ao vídeo, o que também me chamou a atenção foi uma leve impressão quanto à motivação mais significativa para se estudar por parte de muitos dos alunos desta escola, ou seja, a de tirar as notas mais altas e de ganhar prêmios nacionais ou medalhas.
Ao invés do simples e profundo benefício de se ampliar conhecimentos, o vídeo me passou a ideia de que muitos destes alunos se tornaram motivados por razões menos intrinsecamente nobres e mais mundanas. Só que ao invés de se consistir em uma exceção, é muito provável que tal pensamento seja a regra dentro do ambiente escolar, na maioria se não em todos os países reconhecidos pela ONU.
A ênfase nas provas e nas notas altas, que sugerem superficialmente uma melhor qualidade na ''transferência' de conhecimentos, perpassa a simples necessidade de se aprender mais sobre a realidade em todos os seus ângulos de visualização e interação possíveis ou disponíveis. Como muitos dizem e corretamente, a escola não ensina para a vida, pois se consiste, além de uma maneira muito astuta de manter a juventude trancafiada dentro de prédios estatais ou particulares durante quase duas décadas, enquanto que os seus pais trabalhadores fazem mais dinheiro para o estado e também para a iniciativa privada, socialização forçada (conformidade) e inculcação ideológica, também como uma maneira de testá-los psicológica e cognitivamente, em outras palavras, se consiste numa preparação para a vida adulta OU laboral ( assimetricamente monetária e socialmente conveniente).
Os valores da escola parecem ser indissociáveis daqueles que predominam nas sociedades burguesas, onde que a psicologia do trabalhador reina absoluta. O valor e o sentido de se fazer algo perde para a frivolidade utilitária e de preferência que possa direcionar os holofotes da eficiência àqueles que buscam os seus lugares meritocraticamente desejados ao sol.
Notas altas (eficiência) são mais importantes que o simples e extremamente necessário valor de se aprender. E muitos dos sociotipos de trabalhadores mais inteligentes (muitos deles que serão de ''iqtards'', ou fetichistas de testes cognitivos) internalizarão a frívola fama que vitórias desta natureza podem proporcionar.
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