quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

O caminho de sempre... a herança de reciprocidade e ou tolerancia por certo pensar, para que possa transformar-se em comportamento



Internalizar rotinas, quando o pensamento adentra profundamente o seu ser e lhe faz sedento por mudança.

Alguns anos atrás, eu era um daqueles que buscava justificativas para consumir carne d'outros animais, menos de ''nossos' mascotes. Usei meus neuronios para pensar em maneiras de mostrar aos vegetarianos, que fazia sentido moral em desprezar a existencia d'umas espécies em prol dum bom prato, claro, não com estas palavras nem com essas reais intenções. Também me lembro quando tentei justificar as guerras de conquista americanas contra os índios, ocorridas na porção setentrional do ''novo mundo'', durante o século XIX. Meu passado me condena, mas meu presente me absolve. Não mais tento justificar o injustificável. Guerras estão quase sempre erradas, ainda que apenas uma, a verdadeira guerra santa, A guerra contra grupos organizados de psicopatas. De resto, algumas palavras mereciam maior apreço, como diálogo, mas sem sucesso, o que vemos com grande constancia, são atropelos, e pasmém, justamente por aqueles em que a guerra é justificável. 

Como que um pensar se transforma em ação**

Se está rente ao precipício,
o suicídio será a razão,

se o calor te sufoca,
raiva ou falta de atenção,

Se é o frio,
depressivo, n'eus pensamentos,
ríspido ou avarento,
choroso ou prodigio,

Se tem um pé lá,
o outro, pode colocar,

Se a fronteira é perto,
o carro pode atravessar,
ou ribanceira, ariba ou Veracruz,

se te seduz,
hipnotiza,
se te deixa feliz,
ou com a consciencia tranquila,

Se, já é meio passo para a ação,
de um pensar.

 
Ninguém nasce moralmente vegetariano, pode nascer com intolerancia ao consumo de carne, mas não será o mesmo. Tornar-se a favor de certo hábito, não depende de uma melhor casa, de pais atenciosos ou duma escola fervorosa em seu dever de ensinar. Depende unicamente de ti, porque toda mudança brota em flor, de dentro e desabrocha pra fora, se expressa, se torna fenótipo, quando já nao consegue segurar tal segredo, quando se torna irrespirável sem esta metamorfose. Algumas ideias se espalham cedo, outras aparecem ao entardecer de uma adolescencia. Mas se tem caminho a percorrer, então poderá ser percorrido. Meu caminho para o vegetarianismo, nasceu de algo que já latejava dentro de minh'alma, mas que ainda não se mostrava maduro para se sobressair, além de minhas fronteiras. Minhas desastrosas tentativas de justificar a depredação da vida, de conferir-lhe uma hierarquia de necessidades, o cão, o amor, o porco, garfo e faca, já tinham perene, a incerteza daquilo que saia de minha mente, como tentativa de auto-defesa. Eu não tinha a derradeira resposta, que seria a ação, apenas a seguridade, donde eu permanecia. A metamorfose do pensar para o agir, depende totalmente de si, porque ninguém faz aquilo que não internaliza. Não existe aprendizado, mesmo torpe ou errado, se não há reciprocidade e o internalizar. Tornar aquela ideia parte de sua pessoa, de ve-la como um espelho a mostrar-lhe que, em palavras ou ações, lhe reflete de corpo ou alma, ou de corpo inteiro. 

Meu amor pelos animais não-humanos já era antigo mas verde, ainda não poderia ser apreciado como um fruto, degustado ao sabor do moralismo egocentrico, ruim, mas melhor do que nada, a tal empatia que se faz na parcialidade, e não em sua totalidade. Não era bem estruturado, não tinha um sistema, que pudesse ser expandido, na verdade, eu nasci daquele jeito e me tornei mais amplo em moral ao longo do tempo, e especialmente quando abdiquei da suculencia dum pedaço de carne. O pensar, a dúvida, a incerteza expressada em passos cambaleados de palavras ou justificações. E a certeza de dentro que brotava, primeiro um botão pequeno, agora mais e mais exuberante, pronta para sequestrar-me, para o meu bem. 

Meu coração sempre esteve mais perto da vida, que não a humana. E bastou poucos passos para começar a tornar real esta rotina, de sofisticá-la, de dar-lhe forma e razão para existir. A mudança veio lenta, mas quando chegou, nada mais foi do que o tornar comportamento uma certeza de pensamento. 

Mas quem tem outras prioridades de vida, um porco se transformará em bacon. Seu coração é fraco e de um vermelho escuro, sangra pouco, pois prefere o sangue dos outros.

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