quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

A ciência é pragmática, a filosofia é profunda




 

O cientista é um solucionador pragmático de problemas (e de "problemas").

O filósofo fenomenológico é o observador, crítico e apreciador da experiência humana especialmente as mais singulares... ele é crítico inclusive em relação a própria ciência.

A ciência é meramente utilitária, a filosofia pergunta o porquê da ciência, o porquê de se usa-la, o porque de ser útil ou para que...

A filosofia sempre nos lembra quanto as nossas efemeridades existenciais e ao fato de sabermos muito pouco sobre a existência da qual partilhamos. Nos estimular a senti-la, antes de buscar entende-la e manipulá-la.

A ciência, que se desenvolve pela criatividade, também adquire algumas de suas feições mais características como o entusiasmo que muitas vezes será excessivo ou irresponsável.

A filosofia, que é alimentada pela sabedoria, é aquela que busca colocar juízo na ciência, como a sua consciência moral

A ciência aborda a lógica, a filosofia aborda a racionalidade mas também algo mais 


pois se aprofunda na alma humana em busca de sua experiência existencial e eu diria mais, na alma da vida.

A ciência quer respostas. A filosofia também, mas também quer perguntas e também quer nenhuma delas, pois deseja apenas observar, analisar o ato de viver em suas muitas nuances.


ciência busca eliminar muitas perspectivas, a filosofia (séria) busca aumentar os seus pontos de visualização.

A ciência usa a cognição, a filosofia segue profundo pela autoconsciência, a base do perceber humano. Como toda sabedoria,  a filosofia não perde tempo com o artifício pois quer a essência deste rito, da vida, do existir. 

A ciência não vê valor apreciativo em paradoxos e paradigmas pois lhes causam  a ânsia de  soluciona-los, lhes apregoa um valor utilitário, enquanto matéria prima para a sua arte, para o seu ato.

A filosofia pelo contrário, adentra mais intimamente em paradigmas e paradoxos em busca de suas validades e não apenas ou principalmente de suas soluções, dá valor ao complexo, quer entende-lo e apreciá-lo. E este complexo, não precisa estar acima de nós, nas estrelas, pois há um mundo abstrato quase virgem para ser desbravado logo ao lado.

A ciência é masculina, a filosofia é unissex e por isso é mais completa ainda que pareça menos útil aos olhos dos trabalhadores (como os cientistas).


ciência despreza o absurdo da existencia, o transforma em números, na tentativa de precisão completa, a filosofia foi a primeira a se questionar sobre esta situação e busca abordá-lo sob todos os sentidos, como é o hábito do sábio. 

A ciência produz um acúmulo de materiais retorcidos, trabalhados por mãos humanas e por máquinas. Um castelo de certezas concretas, visualizáveis, num deserto transitório, que tudo leva.


Como de costume, não faz perguntas de natureza holística, pois tende a se prender nos fatos concretos ou materiais. Não é o leme do barco, ainda que seja usada como direcionadora. 

Não quer saber se tudo isso vale realmente apena ....

A ciência é infantil e dá valor ao ato de brincar, de enganar-se, ainda despreza o valor da vida como a uma criança pois não  sente a consciência da morte. Não é melancólica, o seu realismo é meramente utilitário, pragmático, lógico. E a maioria dos cientistas assim o são pois são eles que alimentam esta percepção.

Mas  tudo sempre se vai e a filosofia tem consciência desta hiper-realidade. A ciência a despreza, do contrário, não seria o que é.

A arte é subjetiva, a ciência é objetiva. A filosofia é as duas. É a água e a matéria e sabe que ambas são transitórias mas necessárias para que se possa tentar entender a realidade.


Mas não pode apenas enfatizar por este caminho, porque a filosofia tem como principal função o uso da sabedoria como bússola para a evolução da existencia humana. O norte da filosofia não pode ser niilista, rendido, essencialmente subjetivo.



O exemplo da homossexualidade ou do autismo


A filosofia (real, literal, em busca da sabedoria, de seu destino) olha para todas as manifestações ou expressões neutras e virtuosas dos seres vivos como relevantes para apreciação, observação, análise e uso da sabedoria para melhorá-las em prol de um melhor equilíbrio moral e portanto existencial, para as suas próprias sobrevivencias. E muitas vezes algumas dessas expressões se mostrarão complexas, combinando excessos com qualidades.  Serão como defeitos por não exibirem qualquer vantagem direta em sua expressão. é a partir daí que ciencia e filosofia se dividem consideravelmente, um ramo a mais se forma na árvore filosófica, um cromossoma a mais, e reproduz aquilo que uma certa atriz brasileira disse em uma entrevista, algo que a arte também tem como ''subjetivamente essencial''

olhar a vida, enquanto ela passa


A mentalidade pragmaticamente dualista ou binária da ciencia tenderá a rejeitar esta complexidade porque ''o seu instinto natural'' é o de solucionar problemas. O filtro científico pende sempre para a lógica, poucas e decididas vezes para a razão, isto é, a completude do pensar reflexivo ou ato filosófico essencial.

A ciencia está intimamente relacionada com a dinamica biológica humana, a reprodução, o equilíbrio social, a organização pragmática de suas sociedades.

Ainda que na parte administrativa, a verdadeira filosofia apareça como fundamental, ela também terá ramificações, como dito acima, que serão abiológicas. A ciencia está alinhada a evolução biológica humana, a filosofia, por causa deste galho a mais, também está a frente, e portanto, também está desalinhada a evolução, por se consistir neste aspecto, em um modo genuinamente humano de vivenciar a experiencia da vida, isto é, de ser acima de tudo, anti-'natural'. 

Este ''extra'' faz da filosofia tão essencial quanto a ciencia e não apenas isso, mas também reguladora natural da segunda, a fim de produzir um balanço sempre direcionado para a perfeição entre o funcional, utilitário e o existencialmente necessário e moral.


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