sexta-feira, 15 de janeiro de 2016
Por que o sábio é tão raro? Ele é tão raro?
O bom senso ( de direção) e/ou de julgamento é a característica que define o sábio em sua constante empreitada/abordagem em relação a vida.
Se a humanidade fosse predominantemente racional ou sábia então veríamos uma constante melhoria de sua pegada no planeta que lhe dá vida assim como também entre si mesma, em suas interações. No entanto, o que tem caracterizado a "história humana" tem sido uma sequência constante de atropelos, maus julgamentos baseados no senso comum a partir de uma noção de realidade compartilhada e não pelo básico da inteligência, a percepção adequada ou correta da realidade, a realidade percebida.
Os sábios aprendem com suas experiências (realidade percebida) assim como também com suas percepções ou previsões probabilísticas, a partir da lógica intuitiva, sentir (a expressão/comportamento da forma/ser) o instinto e trabalhar em cima desta sensação possíveis desdobramentos subsequentes do espaço/tempo particular ou contexto existencial.
A evolução é um acúmulo de adaptações visando a mitigação exponencial de problemas.
A maioria dos seres humanos micro-adaptam-se tanto em magnitude temporal quanto em espacial, a famosa conveniência, a hipocrisia que define tão vertiginosamente bem as linhas que compõem os novelos do tecido social.
A raridade do sábio pode ser fruto de muitos fenômenos. Sabe-se e cada vez mais que escolhemos nossos pares de acasalamento ou ao menos de convivência de longo prazo por similaridades de comportamento e consequentemente de crenças. Nos ajustamos melhor a quem nos oferece potencial de reciprocidade existencial e/ou transcendental. Os opostos não se atraem, no máximo e me parece ser muito mais comum que os complementares que se atraiam. No entanto tal complemento não se fará suscetível no campo das ideias onde que a maioria preferirá aqueles que melhor retroalimentem suas abordagens existenciais do que aqueles que façam secar este açude, geralmente de miragens que saneiam a sede mesmo se consistindo em ilusões de óticas.
Portanto, por exemplo, o homem provedor, mais "tradicional" ou característico da realidade biológica humana, que tem predominado, se sentirá atraído pela femea que sentir a intrínseca necessidade de ser provida e portanto dominada dentro das relações conjugais. Por outro extremo, o homem mais amalgamado atrairá as mulheres que lhes complementarem no jogo de um domínio antônimo ao comumente estabelecido ou a partir de uma relação de cooperação mútua do que de sujeição de uma das partes e preferencialmente pela parte feminina. Dentro deste espectro altamente comum, fundamentam-se todas as sementes que comporão ambientes sociais dualistas ou mais especificamente, binários, ao invés de uma paleta de cores mescladas, nós teremos combinações puras de tons, que metaforicamente falando, resplandecerão a um macro sistema de interações, cooperações e transcendências humanas onde que os extremos se repelirão enquanto dissimilaridade mental e produzirão a matéria prima para a alienação ao "estranho", especialmente em relação ao que acredita e no que tem a dizer, os seres incompletos que internalizam versões extremistas e potencialmente conflitivas de realidade.
Se o sábio é o anti binário e/ou dualista por natureza, então este padrão altamente lógico e comum pode ser uma das explicações para a sua raridade.
A raridade do sábio também pode estar sendo causada por sua provável baixa fertilidade se além de raro também tende inexoravelmente a renegar a sociedade em que vive se esta se encontra absolutamente tomada por muitas irregularidades ou irracionalidades. Ao preferir pela solidão as suas chances de acasalamento se reduzirão abruptamente e tal situação me parece ser a regra para quem nutre um carinho intrínseco pela razão absoluta.
Muitos sábios, por causa de suas naturezas transcendentalmente hermafroditas também podem expressar esta dualidade internalizada em termos de sexualidade, outra razão para que muitos dos maiores observadores e conhecedores da alma humana e da fenomenologia se encontrarem solteiros ou em relacionamentos cuja procriação é uma impossibilidade bio-lógica.
Seria até interessante pensar se o acasalamento planejado de extremos naturalmente desviantes como homossexuais e lésbicas não poderiam resultar numa maior frequência de sábios partindo da ideia de mescla comportamental individual entre os dois grupos, que seriam a grosso porém filosófico modo, mais internamente dualizados entre os pólos feminino e masculino.
O sábio concebe ideias tanto de natureza feminina ou "cuidadora", de mãe, empática, "misericordiosa", quanto de natureza masculina, corajosa, enérgica, objetiva e precisa. A racionalidade é a comunhão destes dois pólos.
Outra possibilidade é a de que se o perfil de personalidade sábia se consiste em uma "ordem" ao invés das costumeiras desordens psiquiátricas, então apenas ou especialmente um rigor seletivo que poderia reproduzir grandes levas de sábios, se não de grande magnitude ou gênios, ao menos de auto-atualizadores, naturais ajustadores a realidade percebida e racional.
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