sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

O tempo de minha vida



A vida passa dolorosamente lenta e intensa pra mim. E ainda mais em um contexto altamente irracional, tal sensação faz-se mais espinhenta do que em condições perfeitas de temperatura e pressão humanas. O jogo entre as circunstâncias e eu é totalmente justo e honesto. Da maneira com que os fatos se desenrolam diante de mim eu reajo e de maneira honesta não apenas com os meus sentimentos recíprocos mas também em relação a realidade em suas nuances mais precisas. Se me indigno é porque tenho razões pra la de racionais para agir deste jeito. Se estou feliz é porque a vida está sorrindo pra mim nos seus mínimos detalhes. Eu sou o verdadeiro termômetro da verdade em sua totalidade, a partir de minha perspectiva vital. Eu a percebo, exalo,me expresso pelo seu comportar. Meus olhos vestem de verdade cada informação e quanto mais eu costuro mais percepções se aderem a essas roupas, dando-lhe desenhos, cores e arremedos novos. De um simples pano, eu a transformo num belo vestido, e quanto mais complexidade, mais simples se torna, se quanto mais detalhes verídicos mais fácil será a verdade em nossa escala, se se percebe mais relações aumentam as respostas rente ao batalhão infinito de perguntas.

O meu cérebro e minha mente, minha consciência expandida, fazem dos meus dias solstícios de verão, onde o sol se põe mais tarde que lhe é de hábito, a cada despertar.  Apesar de minha ensolarada vida, eu preciso da chuva para lavar minha alma e me lembrar o que eu sei o que sou e que  nunca será o suficiente, apenas se fosse a totalidade da existência mas sou apenas uma única célula dentro de seu corpanzil fenomenológico, que é fenomenal e que se sustenta, por agora. 

Quando eu era criança ficava vendo as horas do relógio passarem, ansioso por ver o movimento do tempo a carregar-me apressado pelo colo. Eu sou ajustado a realidade em tempo real mas justamente por não conhece-la em sua franca totalidade, não sou idealmente conformado dentro desta forma, o espelho sincero daquilo que se vê pelos olhos, se sente com a alma, se respira pelo espírito e se toca pelo anseio de uma proposta, de uma razão. Ou eu sou um sujeito sortudo ou o mais sem sorte. Ou minha vanguarda me presenteará com a segurança de doces respostas finais ou me tirarão este bendito vício de viver, se nunca estarei saciado, jogando-me no esquecimento da grandeza, como mais uma estrela morta a ecoar suas cores a muito inexistentes. Somos som, mesmo o vazio do silêncio, se um extremo tem um ínfimo do outro em si, somos as cores da luz, se a morte pode ter um pouco de vida e renascer de suas cinzas, num bater de asas, numa realidade que só é plana aos olhos mortais. 
Eu vivo suspenso no espaço e tempo, passado, presente e futuro se condensam, eu celebro vivos e mortos, temo pelo futuro mas o aguardo imenso, nesta chama a sempre queimar meu coração, o fogo em mim é mais forte, pode dar-me calor quando o frio me encobre, pode esquentar além da necessidade, quando a raiva explode. Somos todos energias queimando em desespero, eu sou mais intenso neste ritmo e em qualidade, mas pra quê??

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