quinta-feira, 3 de julho de 2025

Um exemplo que explica mais precisamente a hierarquia de influências do comportamento humano

Por que a criminalidade tende a ser menor em cidade pequenas??

Maior a cidade, maior a tendência de apresentar altos índices de criminalidade. E o mesmo padrão coincidente, só que na direção oposta, para as cidade pequenas. Mesmo em países mais violentos, como o Brasil. 

Então, quais são os fatores por trás deste fenômeno?? 

Muitos acusarão o meio como o fator principal. Dirão que, nas cidades grandes, têm mais gente, e só esse fator já aumenta o risco de que ocorram conflitos humanos que resultam em atos violentos. Também dirão que as desigualdades sociais são maiores e isso leva algumas ou muitas pessoas, especialmente as mais pobres, a invejarem as que têm mais dinheiro que elas, aumentando o risco de se enveredarem em atividades criminosas. E que esses dois primeiros fatores também atiçam o ímpeto de competição, especialmente entre os homens, aumentando o risco de que se envolvam em atividades criminosas ou em atos violentos. Eles também poderiam citar outros fatores do meio, mais específicos, tal como o maior acesso às drogas psicotrópicas, para afirmar que, o que geralmente falta em cidades pequenas e excede nas grandes, é suficiente para explicar porque existe essa tendência predominante de diferenças estatísticas de criminalidade. E mais, porque não estão errados, se, de fato, é totalmente factível que esses fatores do meio tenham uma influência no comportamento humano. No entanto, essas mesmas pessoas entram em um estado absoluto de negação quando concluem que apenas o meio que explica como nos comportamos, porque, por mais que exista uma certa lógica em não concluir com antecedência sobre os fatores biológicos ou genéticos, se ainda não foram totalmente identificados e compreendidos pela ciência, é uma questão racionalmente pragmática deduzir, de maneira confiante, que esses fatores são tão ou mais influentes e que, descartá-los, tal como fazem esses "circunstancialistas", é, no mínimo, imprudente. Pois se ainda não temos um quadro completo com evidências diretas sobre a influência genética ou biológica no comportamento humano, já é possível perceber um acúmulo de evidências indiretas, pela observação de padrões, que a ratificam, por exemplo, pela percepção de estabilidade e previsibilidade, a médio e longo prazo, de traços de personalidade e de inteligência. Então, se é verdade que ambientes urbanos densamente povoados apresentam um risco ampliado para o comportamento violento, também é verdade que indivíduos com disposições comportamentais diferentes são impactados de maneiras diferentes nos mesmos ambientes ou quando são expostos aos mesmos estímulos e pressões, se não é a maioria dos seres humanos nesses espaços que se tornam violentos ou aptos à práticas de crimes, nem mesmo nas periferias das cidades grandes. Portanto, não é apenas o meio que influencia o comportamento humano, mas também nossas próprias características mentais, que apresentamos, que são mais inatas ou intrínsecas, e não apenas reflexos da influência do meio sobre nós. Novamente, é uma dedução que pode ser feita, justamente por serem mais estáveis e previsíveis a médio e longo prazo, de serem, em média, menos influenciadas por intervenções sociais ou por se expressarem de maneira relativamente independente a pressões e estímulos (nossos comportamentos não são absolutamente lógicos, no sentido de recíprocos, ao que acontece ao nosso redor ou que interage conosco), havendo, muito provavelmente, coincidência ou confluência entre traços mentais e fatores de interação do meio, quando existe uma resposta recíproca, e não que "fator x fez emergir, do nada, uma expressão comportamental em certo indivíduo". 

Como conclusão, a explicação mais adequada para esse fenômeno social, mas que também é comportamental, psicológico, cognitivo, genético... é de que, indivíduos com os níveis notadamente mais altos de disposição para se engajarem em comportamentos violentos, egoístas ou impulsivos, se sentem mais estimulados a praticá-los em ambientes urbanos densamente povoados do que em ambientes menos povoados, também por todos os fatores citados acima, que servem como gatilhos ou catalisadores de tendências e não como fontes primárias de onde se originam. Pois se apenas o meio que tivesse um papel preponderante de influência, sempre haveria uma grande uniformização do comportamento em resposta ao mesmo: determinado meio, pressão ou estímulo, provavelmente por causa da variação de disposição de características mentais (mais intrínsecas). 



Últimas dúvidas adicionais

Essas diferenças de criminalidade também são uma questão de migração seletiva?? De mutação?? E de proporção estatística?? 

1- 

Cidades pequenas atraem ou retém mais indivíduos com temperamento mais dócil, enquanto que as cidades grandes tendem a atrair mais tipos impulsivos, gananciosos e egoístas?? 

Essa é uma pergunta muito importante, pois faz sentido que ambientes diferentes tendam a atrair ou reter tipos diferentes de seres humanos. Não que esse fator explique totalmente essa diferença estatística de criminalidade, mas que possa servir como um adendo que possa explicar em partes esse fenômeno social. 

2- 

Populações maiores estão mais suscetíveis a apresentarem valores mais altos de diversidade genética, por estarem mais suscetíveis à mutações que ocorrem mais naturalmente entre elas do que em populações pequenas, incluindo mutações relacionadas a transtornos mentais, de personalidade...

3- 

5% de psicopatas em uma cidade de 15 mil habitantes (750) não é o mesmo que 5% de psicopatas em uma cidade com 2 milhões (100 mil), certo?? 

Portanto, ter uma grande população aumenta a proporção absoluta de indivíduos com transtornos mentais de natureza moral, como a psicopatia, e então aumenta a probabilidade de que se envolvam em atos violentos ou criminosos. Isso, sem levar em conta possíveis diferenças estatísticas de incidência de psicopatia entre as cidades pequenas e as grandes (o fator da migração seletiva).

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