quarta-feira, 5 de junho de 2024

Variações de pseudociências/Pseudoscience Variations

 Entre as pseudociências, existe um espectro de variação de legitimidade científica, de modo que, algumas pseudociências estão mais próximas de uma ciência verdadeira do que outras. Nesse texto, usarei exemplos para ilustrar suas diferenças. 



1. Pseudociência mais evidente 

Se fundamenta em ideias, pensamentos e/ou métodos muito fracos em legitimidade científica, também pelo absurdo lógico e audacioso de condenar a validade factual ou empírica de conhecimentos básicos. Tem o potencial mais baixo (porém, existente) de infiltração no governo e na educação superior e, portanto, de causar problemas sociais. 

Terra Plana 

É um bom exemplo de pseudociência mais evidente, por se tratar de uma crença carente de evidências científicas sobre o formato do planeta Terra, de que seria plano e não arredondado (geóide, em forma de elipse), que almeja invalidar as bases desse conhecimento. 


2. Pseudociência mais típica 

Se fundamenta em ideias, pensamentos e/ou métodos com baixa legitimidade científica, fracamente fundamentados em hipóteses lógicas ou fatos, mas com maior potencial de convencimento do que a primeira categoria de pseudociência e, portanto, de causar problemas à sociedade. 

Anti-vacina

É um bom exemplo de pseudociência típica, por ainda apresentar alguma lógica, mesmo que insuficiente para se sustentar integral e racionalmente, tal como a de que, tomar vacinas pode estar relacionado a um enfraquecimento do sistema imunológico ou que algumas vacinas podem ter efeitos colaterais graves. Então, essa segunda afirmação não está totalmente equivocada, porque pode acontecer, mas em casos específicos, como no caso das vacinas de RNA que foram desenvolvidas em caráter de urgência para a pandemia de COVID-19 e estão associadas a uma rara ocorrência de efeitos adversos. Mas isso não as invalida totalmente e nem as outras vacinas, ou suas capacidades de nos proteger de doenças infecciosas. Também não significa que apenas as vacinas que estão relacionadas com efeitos colaterais que os causam, mas também os próprios organismos de certos indivíduos que podem apresentar reações inadequadas à inoculação, por causa de fatores subjacentes. 


3. Pseudociência mais discreta ou mais próxima de uma ciência legítima 

Se fundamenta em ideias, pensamentos e/ou métodos que aparentam ser cientificamente legítimos, mas deixam uma boa margem de ceticismo quando são colocados à prova e, portanto, com grande potencial de ser rebaixada para uma categoria de pseudociência. Também apresenta uma maior capacidade de convencimento, de tal maneira que muitas desse tipo já se encontram infiltradas dentro das universidades, usurpando os espaços das verdadeiras ciências que falsificam (são, em sua maioria, de "pseudociências do bem", que eu comentei nesse texto: "Sobre as 'pseudociências do bem', 'de esquerda' e o mais grave").

Epigenética 

É cientificamente legítima a ideia de que o meio pode ou impacta os organismos dos seres vivos. Mas a epigenética parece que exagera essa ideia ao ponto de desprezar o papel da genética ou da própria biologia no desenvolvimento e no comportamento de humanos e de animais de outras espécies, delegando-a uma menor influência, ao invés de considerá-la e de que até pode ser mais influente que o meio, desprezando as evidências indiretas que a corroboram, baseadas nos padrões verdadeiros que têm sido percebidos sobre hereditariedade de características psicológicas e cognitivas e sobre a estabilidade expressiva dessas características a longo prazo ou sua baixa responsividade à intervenções sociais. 


Um exemplo complexo de pseudociência que pode cair, ao mesmo tempo, em mais de uma das categorias propostas: negacionismo das diferenças sexuais de natureza biológica, base para a ideologia do transexualismo. Porque se trata de uma distorção de um conhecimento básico, a sexualidade humana, que o torna mais similar a uma pseudociência mais evidente ao mesmo tempo que apela para recursos teóricos mais sutis de deturpação teórica que o torna mais próximo a uma pseudociência típica. 

Among pseudosciences, there is a spectrum of variation in scientific legitimacy, so that some pseudosciences are closer to true science than others. In this text, I will use examples to illustrate their differences.


1. Most obvious pseudoscience

It is based on ideas, thoughts and/or methods that are very weak in scientific legitimacy, also due to the logical and audacious absurdity of condemning the factual or empirical validity of basic knowledge. It has the lowest (but existing) potential to infiltrate government and higher education and therefore cause social problems.

Flat Earth

It is a good example of more evident pseudoscience, as it is a belief lacking scientific evidence about the shape of planet Earth, that it would be flat and not rounded (geoid, in the shape of an ellipse), which aims to invalidate the bases of this knowledge.


2. More typical pseudoscience

It is based on ideas, thoughts and/or methods with low scientific legitimacy, weakly based on logical hypotheses or facts, but with greater potential to convince than the first category of pseudoscience and, therefore, to cause problems for society.

Anti-vaccine

It is a good example of typical pseudoscience, as it still presents some logic, even if insufficient to support itself fully and rationally, such as that taking vaccines may be related to a weakening of the immune system or that some vaccines may have serious side effects. . So, this second statement is not completely wrong, because it can happen, but in specific cases, as in the case of RNA vaccines that were developed urgently for the COVID-19 pandemic and are associated with a rare occurrence of adverse effects. . But this does not completely invalidate them or other vaccines, or their ability to protect us from infectious diseases. It also does not mean that only vaccines that are related to side effects cause them, but also the organisms of certain individuals that may present inadequate reactions to the inoculation, due to underlying factors.


3. More discreet pseudoscience or closer to legitimate science

It is based on ideas, thoughts and/or methods that appear to be scientifically legitimate, but leave a good margin of skepticism when put to the test and, therefore, have great potential for being demoted to the category of pseudoscience. It also has a greater ability to convince, in such a way that many of this type are already infiltrated within universities, usurping the spaces of the true sciences that they falsify (they are, for the most part, "pseudosciences of good", which I commented on in this text : "On the 'pseudosciences of good', 'left-wing' and the most serious").

Epigenetics

The idea that the environment can or does impact the organisms of living beings is scientifically legitimate. But epigenetics seems to exaggerate this idea to the point of disregarding the role of genetics or biology itself in the development and behavior of humans and animals of other species, delegating less influence to it, instead of considering it and that it may even be more influential than the environment, disregarding the indirect evidence that corroborates it, based on the true patterns that have been perceived about the heritability of psychological and cognitive characteristics and about the expressive stability of these characteristics in the long term or their low responsiveness to social interventions.


A complex example of pseudoscience that can fall, at the same time, into more than one of the proposed categories: denial of sexual differences of a biological nature, the basis for the ideology of transsexualism. Because it is a distortion of basic knowledge, human sexuality, which makes it more similar to a more evident pseudoscience while at the same time appealing to more subtle theoretical distortion that make it closer to a typical pseudoscience.

Nenhum comentário:

Postar um comentário