domingo, 16 de junho de 2024

Sobre um paradoxo entre a adaptação e a racionalidade /About a paradox between adaptation and rationality

 Uma alta capacidade racional, em teoria, maximiza significativamente o potencial adaptativo. Mas, na prática, esbarra em fatores que não estão sob pleno controle de um indivíduo e que fazem toda diferença quanto ao seu potencial de adaptação ou ajuste social: personalidade, inteligência, aparência física, classe social e a própria sociedade em que vive. Ah, também a própria racionalidade, que não é uma capacidade igualmente distribuída em expressão e potencial de desenvolvimento. Como resultado paradoxal, aquele que se torna o mais realista e, portanto, com maior potencial teórico de adaptação, tende a se ajustar menos às sociedades humanas, justamente por estarem construídas para tipos medianos em níveis de racionalidade, e ainda mais paradoxalmente porque, logicamente falando, o mais racional também é o mais intolerante à irracionalidade, predominante em ambientes humanos e que tende a se expressar pela adoção de ideias, pensamentos ou crenças que não se baseiam em evidências e/ou ponderação analítica. Esse descompasso entre racionalidade e adaptação explica, em partes, a correlação fraca que também parece existir entre racionalidade e inteligência, em termos de QI, se aqueles "de QI alto" tendem a ser mais propensos à conformidade social, justamente pelas vantagens associadas à mesma ou às desvantagens adaptativas associadas à inconformidade, isto é, por ser mais adaptativamente eficiente ou primariamente inteligente se conformar às regras ou leis do ambiente em que vive. Ainda que outros fatores, também subjacentes, costumam ser até mais influentes (que não estão sob pleno controle), tal como a presença de traços de personalidade que predispõem um indivíduo a ser mais conformista, como a agradabilidade, e as próprias estruturas sociais da sociedade "moderna" que tendem a facilitar a adaptação dos que estão acima da média em capacidades cognitivas quantitativas, superficialmente estimadas por testes de QI, reforçando a pressão para a conformidade. Também é interessante perceber que, enquanto é mais inteligente se conformar a um meio social do que lutar contra ele, pode não ser a longo prazo (mas mesmo a curto prazo), porque também depende da qualidade do ambiente, primariamente no sentido geral de estabilidade, e secundariamente no sentido mais humano e ideal de progresso ou harmonia. Pois se adaptar integralmente a um meio disfuncional pode não ser vantajoso, especialmente a longo prazo. Tal como nos ambientes sociais "modernos", em que vivemos, que refletem um processo progressivo de declínio ou entropia civilizacional. Então, em termos racionais, em ambientes sub-otimizados, a resposta mais adequada é a de evitar uma adaptação plena ou mesmo de preferir por um isolamento mais consistente, se o mais provável é que acabe replicando padrões de disfuncionalidade dos mesmos, se tornando mais uma presa de tendências regressivas, em termos evolutivos. É até possível concluir que a alta capacidade racional pode fazer o indivíduo que a possui perceber e se firmar por uma perspectiva mais evolutiva, de pensamento mais holístico, de longo prazo, do que apenas adaptativa, pragmática, de curto prazo...


A high rational capacity, in theory, significantly maximizes adaptive potential. But, in practice, it comes up against factors that are not under the full control of an individual and that make all the difference in terms of their potential for adaptation or social adjustment: personality, intelligence, physical appearance, social class and the society in which they live. Ah, also rationality itself, which is not a capacity equally distributed in expression and development potential. As a paradoxical result, the one that becomes the most realistic and, therefore, with the greatest theoretical potential for adaptation, tends to adapt less to human societies, precisely because they are built for average types in levels of rationality, and even more paradoxically because, logically Speaking, the most rational is also the most intolerant of irrationality, prevalent in human environments and which tends to express itself through the adoption of ideas, thoughts or beliefs that are not based on evidence and/or analytical consideration. This mismatch between rationality and adaptation explains, in part, the weak correlation that also seems to exist between rationality and intelligence, in terms of IQ, if those "with high IQ" tend to be more prone to social conformity, precisely because of the advantages associated with it. or the adaptive disadvantages associated with nonconformity, that is, because it is more adaptively efficient or primarily intelligent to conform to the rules or laws of the environment in which one lives. Although other underlying factors tend to be even more influential (which are not under full control), such as the presence of personality traits that predispose an individual to be more conformist, such as agreeableness, and the social structures of society themselves. "modern" that tend to facilitate the adaptation of those who are above average in quantitative cognitive abilities, superficially estimated by IQ tests, reinforcing the pressure for conformity. It is also interesting to realize that, while it is smarter to conform to a social environment than to fight against it, it may not be in the long term (but even in the short term), because it also depends on the quality of the environment, primarily in the general sense of stability. , and secondarily in the more human and ideal sense of progress or harmony. Because adapting fully to a dysfunctional environment may not be advantageous, especially in the long term. Just like the "modern" social environments in which we live, which reflect a progressive process of civilizational decline or entropy. So, in rational terms, in sub-optimized environments, the most appropriate response is to avoid full adaptation or even to prefer more consistent isolation, if it is more likely that it will end up replicating patterns of dysfunctionality, becoming more a prey to regressive tendencies, in evolutionary terms. It is even possible to conclude that high rational capacity can make the individual who possesses it perceive and establish himself through a more evolutionary perspective, with more holistic, long-term thinking, rather than just an adaptive, pragmatic, short-term one...



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