sábado, 5 de agosto de 2023

Jardim de inverno

 Dedicado à belíssima música Winter Gardens de Harold Budd 


Abriu-se o jardim da morte 
Do frio, da desolação
Das lágrimas que nunca secam 
Das nuvens sempre pesadas
Das lembranças dolorosas 
Das memórias que nunca apagam 
Dos desaparecidos 
Dos desencaminhados 
Sem direção
Dos sem destino 
Que já se deixaram
Que já ultrapassaram a única dimensão

Abriu-se o jardim do inverno que nunca cede
Da indiferença do universo que parece infinita
Do silêncio do túmulo que tremula em preces
Da inexistência do próprio fim
Do que um dia foi vida
Até à última espécie 
E não haver mais dor, dúvidas ou dívidas 
Até a ilusão da consciência desaparecer pra sempre 

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