sexta-feira, 5 de maio de 2023

Sobre narrativas antropocêntricas e consciência

 A consciência não é um atributo exclusivo ao ser humano, porque consiste na própria sensação da sensação, que toda forma de vida experimenta. O estar consciente não é apenas no sentido de se estar alerta ou dono de seus próprios pensamentos e ações, mas especialmente de se estar vivo e, portanto, de experimentar, de sentir o mundo, independente de como o faz e o quão nítido isso é, com exceção aos momentos ou situações em que o nível de consciência encontra-se muito reduzido ou suspenso, quando se está dormindo ou em coma profundo. 


Mas de onde veio essa noção limitada de que apenas nós, humanos, que possuímos uma consciência?? 

Veio de narrativas antropocêntricas que, tradicionalmente, reduzem a validade de um conceito mental ou cognitivo ao nível humano, ao seu nível mais alto de expressão, excluindo suas manifestações mais primárias e que, neste caso, ainda se estende às não tão primárias, por excluir boa parte dos mamíferos. 

Outro exemplo de distorção conceitual por narrativa antropocêntrica é a inteligência.

Pois mesmo o subconsciente também é consciência. Esse termo é válido para nós, que possuímos a autoconsciência mais desenvolvida de todas as espécies. O subconsciente seria mais no sentido de consciência sem o "auto", sem uma referência mais evidente do eu. A autoconsciência é como se fosse uma camada extra de consciência. Talvez seja possível concluir que os animais não-humanos vivam suas consciências tal como nós vivemos o nosso subconsciente, de maneira mais instintiva e intuitiva, ainda que, para boa parte dos seres humanos, a influência deste seja muito significativa. Por exemplo, pelo predomínio da crença religiosa ao longo da história humana e na atualidade.

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