terça-feira, 2 de maio de 2023

As fotos se apagam

 Como em "De Volta para o Futuro",

Mas o passado nunca volta
 
As fotos se transformam
Como aquela do meu batismo 
Com os meus padrinhos ao lado 
E minhas avós neste mundo 
Quer dizer, naquele mundo 

De um momento 
De muitos que não existem mais 

Agora, nos restam: eu e os meus pais 
Na foto principal

Em outras fotos: primos e tios que (ainda) vivem 
Que ainda compartilham o mesmo ar de existência 
O mesmo balão de ilusão e crença 

Até que suas faces se tornem sombras tristes
Seus dias, as lembranças dos outros 

Até que os outros desapareçam em seus últimos sopros
Se fechando em suas solidões também 

Até que os outros dos outros, enfim, que caiam todos na escuridão de um infinito desdém 

Por isso, apenas o amor que mantém 
Que me equilibra para não cair cedo demais 
Que evita que me empurre no mesmo lago, sem água nem fundo 

Apenas o amor que irriga minhas veias tão gastas e desiguais, 
Meu cérebro tão exaltado,
Meu coração de pulso.

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