sábado, 11 de março de 2023

Crença na tábula rasa ou déficit de autoconhecimento??

 Quanto mais um indivíduo se conhece, mais ele aprende sobre os seus limites e potenciais, forças e fraquezas. Indiretamente ele percebe que não é capaz de aprender tudo ou se adaptar em qualquer situação, que seus potenciais são determinados pelos seus limites. Portanto, essa parece ser uma conclusão inevitável quando se alcança um bom nível de autoconhecimento, de que nossos potenciais e limites até são influenciados pelo meio, mas são determinados por "nós mesmos", que podemos chamar de natureza, biologia, genética, intrinsicidades...  


No entanto, se ele não chega a desenvolver seu autoconhecimento, então, se encontrará em maior risco de fazer atribuições potencialmente equivocadas das influências em seus comportamentos e que, geralmente, significa atribuí-las ao meio, isto é, de endossar uma crença na tábula rasa, no determinismo absoluto do meio sobre o ser humano. Por exemplo, ele pode realmente acreditar que foi graças a alguns de seus professores que conseguiu aprender certas matérias e que mais tarde o ajudou em sua trajetória profissional. Ele também pode pensar que a educação ou a criação que recebeu de seus pais foi um outro fator que o ajudou em sua vida adulta. E pode, por fim, negar qualquer papel de sua biologia (de si mesmo) em seu comportamento. Não que esses fatores não tenham qualquer importância, mas nem pais e nem professores fazem milagres, se ele não teria conseguido aprender sem ter uma capacidade ou potencial subjacente para isso e se não teria sido receptivo aos "ensinamentos' dos seus pais sem também ter uma abertura mais intrínseca, da própria personalidade, que o predispuzesse. 

O mais importante é mostrar que, o maior problema ainda não é o de atribuir ao meio o que é da biologia, mas também quando se atribui no sentido oposto, isto é, quando se fazem atribuições erradas de maior influência ou causa. 

Duas maneiras de não se autoconhecer:

Por falta ou excesso. 

Muitas pessoas, por falta de real interesse em aprender sobre si mesmas, tendem a desenvolver um autoconhecimento bastante superficial. E tem aquelas com muita motivação, porém, pouco talento para se "autoconhecerem". Estas tendem a exagerar suas interpretações e reflexões sobre si mesmas, em relativo contraste às que, por falta, também se mantêm na margem da própria auto-compreensão. Mas, independente por qual via, é possível especular se existe uma tendência mais forte da maioria das pessoas com déficit de autoconhecimento  de acabarem atribuindo mais ao meio do que à si mesmas os seus comportamentos. 

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