quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

No paraíso do mal

 O mal se arrepende 

Usando uma cruz de sacrifício no pescoço 
Depois de ter sacrificado uma vida inocente

As declarações falsas e a conversão ao dinheiro 
Mais um empresário de almas
Mais um vendedor de correntes

O arrependimento é uma atuação
E a ficção comovente

Basta seguir os rituais, 
bastam as demonstrações aparentes
É preciso apoiar falsos messias e se dizer um crente

O paraíso já está garantido 
Quem nunca se arrepende 
Criminoso, bandido, desprezível,
Atores de um teatro decadente

Dubladores de mentiras
Corvos que choram e falam como serpentes

No paraíso do mal 
O mal nunca aprende
O mal só quer prender e enganar, roubar e matar
O mal em si é inconsequente

São muitas as cruzes, as velas que nunca acendem
 
Em cada ódio insano há um cristo morto 
Há um buda com os olhos ausentes,
uma mulher sem véu e inconsciente
uma história sem rosto

No altar de imperadores e líderes
De mentirosos e loucos 
O sangue jorra em cima do ouro 
As cédulas molham como papel transparente
E a beleza se transforma em dor
E a civilização é apenas um reino cruel
Um feudo cheio de escravos e demônios

Nem as catedrais mais reluzentes
Nem os discursos mais otimistas
O paraíso do mal 
O inferno na terra
O espectro fascista

São as florestas vermelhas, destruídas
São os prédios grandes e feios, como pinturas cubistas
É o cimento sem sentimento
É a miséria das almas perdidas
É a sina humana, até quando continuará maldita?

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