sábado, 21 de janeiro de 2023

O "neolamarckismo" é uma falácia da inversão de fatores

 (Neolamarckismo: crença pseudocientífica no determinismo absoluto do meio sobre o desenvolvimento ou evolução e o comportamento de seres humanos e estendível às outras espécies)


É a falácia de "colocar a carroça na frente dos bois". 
 
Por exemplo, o caso de uma hipótese, desenvolvida pela neurocientista brasileira, Suzana Herculano-Houzel, para explicar o aumento extraordinário do tamanho do cérebro humano e particularmente do número de neurônios no nosso córtex cerebral. Pois essa hipótese se sustenta na ideia de que foi graças ao cozimento de alimentos, especialmente da carne animal, principal fonte de proteína, que os cérebros dos nossos ancestrais teriam se tornado maiores e complexos. 

Como se tivessem aprendido a dominar o fogo e a cozinhar alimentos antes de terem se tornado inteligentes o suficiente para desenvolver essas inovações.

Já a minha hipótese é justamente o oposto desta ordem, em que o aumento da inteligência humana, por causa de uma forte pressão seletiva, possibilitou aos nossos ancestrais o domínio do fogo, a invenção de estratégias de caça e de armas que auxiliam nessa atividade, a percepção de que comer carne crua pode ser um risco à saúde além da digestão lenta e, por fim, a descoberta de uma solução para o problema percebido, cozinhar alimentos, em especial a carne. 

O aumento do cérebro está geograficamente associado ao cozimento de alimentos, mas não significa que o consumo de carne em si teve ou tenha um efeito causal direto. Claro que, mediante o grande consumo calórico do cérebro humano, estamos mais dependentes da carne cozida, por ser uma fonte abundante de proteína, mas ainda não significa que, se pararmos de consumi-la, nossos cérebros diminuirão dramaticamente, vide veganos e vegetarianos, atualmente, que estão há um bom tempo sem consumir carne, que buscam compensar a carência proteica resultante e não perceberam qualquer declínio significativo em suas capacidades cognitivas, além da existência de dietas tradicionais que não são baseadas em um grande consumo de proteína animal, como a do mediterrâneo.

A necessidade é a mãe da invenção

Pode ser então que, o aumento do cérebro humano, mas especialmente do número de neurônios no córtex cerebral, de acordo com a hipótese de Suzana Herculano-Houzel, ao ter um efeito causal no aumento da capacidade cognitiva, possibilitou à inovações cruciais à sobrevivência dos nossos ancestrais, mas também os pressionou a encontrar fontes ou meios para alimentar seus cérebros desproporcionalmente grandes e complexos, tal como o cozimento de alimentos (uma dessas inovações).  

4 comentários: