sábado, 7 de janeiro de 2023

Contra o "design inteligente"

 A aparente perfeição dos processos adaptativos e evolutivos das espécies é considerada a principal evidência para a hipótese do design inteligente. Mas essa aparente perfeição remonta à origem da vida, em que somente as formas mais estáveis de combinações químicas, ou mais adaptáveis aos ambientes da Terra primitiva, que se perpetuaram. Portanto, esse "molde" primordial de adaptação da vida é que a permite perseverar com excepcional precisão.


Porém, evolução é necessidade...

Pois existem espécies que estão há milhões de anos sem evoluir, preservando suas formas mais ''primitivas'', como se tivessem parado no tempo. Isso acontece por terem atingido seus ''ótimos adaptativos'', por isolamento geográfico, longe de predadores, e/ou também por causa do nível de estabilidade, isto é, de previsibilidade dos seus ambientes.

Mas a adaptação é uma luta constante pela auto-perpetuação, mesmo para essas espécies. A maior diferença é que não estão sendo pressionadas a evoluir tal como as outras, se qualquer espécie, quando evolui, é sempre por necessidade de melhorar sua estratégia adaptativa, quando algo já não está funcionando "perfeitamente" dentro de seu contexto evolutivo.

Então, a evolução da vida não é exatamente uma demonstração de "perfeição" dos mecanismos adaptativos, supostamente produtos de uma providência divina, como afirma a hipótese do design inteligente, pelo contrário, se quanto mais evoluída de suas formas ancestrais uma espécie está, maior terá sido a sua necessidade de "melhorar-se" ou o que não tem sido suficiente para lhe garantir plena segurança e estabilidade. Portanto, aquelas que mais têm preservado suas características primitivas seriam justamente as mais "perfeitas", por terem apresentado uma menor necessidade de aprimoramento, também por causa das condições muito favoráveis dos seus meios que não as desafiam ou ameaçam.

Um exemplo aberrante dos efeitos acumulativos da evolução, paradoxalmente resultantes de uma constante necessidade de melhoria de imperfeições relativas, é a própria espécie humana.

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