sexta-feira, 25 de novembro de 2022

Segundo o filme de propaganda nazista "O Eterno Judeu" (1940)...

 ... apenas os judeus que são gananciosos ou só pensam em dinheiro, que não valorizam o trabalho e a cooperação com as sociedades em que vivem, em contraste com os "arianos", porque estes seriam trabalhadores e desapegados dos bens materiais... 


Agora, os fatos: 

Mesmo que exista uma desproporção de judeus que são de capitalistas incorrigíveis, considerando a correlação histórica desse povo com ocupações específicas, como a de comerciante, também existem muitos "gentios europeus", na Europa e em sua diáspora, que são tão ou mais obcecados por dinheiro e status social...

Também, segundo esse filme, o povo judeu, mais especificamente a "judiaria organizada", além de dominar o mundo ocidental o faria apenas para explorar e oprimir gentios ou não-judeus...

Fato:

Se realmente existe uma desproporção de judeus entre as elites político-econômicas e culturais, desde aquela época e no mundo ocidental, e se muitos deles exploram e oprimem gentios ou não-judeus, além dos judeus pobres, a maioria dos indivíduos que fazem parte dessas elites são brancos de origem europeia, que também tendem a se comportar de maneiras moralmente reprováveis... Isso que não estou falando das elites "não-brancas".

Pois o filme deixa a entender que, qualquer ação de caráter acadêmico, cultural ou político de indivíduos ou organizações judias, ou em que estão desproporcionalmente atuantes, é sempre mal intencionada, destacando o que eles, nazistas//ultraconservadores, chamavam e continuam a chamar de "degeneração moral". 

Mas o que seria isto???

Luta contra o racismo e a homofobia, por igualdade de gênero... por liberdades individuais..?? Contra as injustiças???

Poderia concordar, mas muito parcialmente, sobre a crítica que os mais conservadores tendem a fazer em relação à hegemonia ideológica do modernismo e do pós-modernismo nas artes e que, historicamente, têm importante participação judaica...

Pois se judeus tendem a ser etnicamente nepotistas, assim é a maioria dos povos do mundo e não que estejam certos por isso, se é apenas uma realidade, a priori, lamentável, que não se restringe a um grupo. E mesmo se "gentios" brancos tendem a ser menos etnicamente nepotistas, pelo menos atualmente, como afirmam certos brancos supremacistas, ainda não significa que não possam apresentar outros tipos de comportamento similares, como de fato o fazem vide os favorecimentos não-meritórios por ideologia e por classe social (classismo).

Ainda segundo este filme, judeus são muito cruéis com animais "criados" para o consumo humano, especialmente por causa de seu "ritual de abate" de nome Kosher (também praticado por muçulmanos e que recebe o nome de Hallal). Aí eu concordo que se consiste em um ritual extremamente cruel, de deixar o animal sangrando até à morte, se não seria melhor optar por técnicas menos dolorosas ou rápidas (o ideal mesmo seria de acabar com essa carnificina industrial, mas parece difícil para nós, humanos, conseguir abdicar totalmente da proteína animal sem que acarrete qualquer risco de comprometimento de médio a longo prazo à nossa saúde). Então, o filme diz que (todos os) "arianos" ou brancos europeus com "traços raciais correspondentes" e seus descendentes na diáspora são os que mais expressam empatia por animais não-humanos, contrastando com o ritual de abate adotado pelos judeus e sugerindo que (todos eles??) não são capazes de demonstrar compaixão por outras espécies...

Percebe-se, novamente, o apelo à generalizações grosseiras, o que me deixa intrigado de pensar se a maioria dos alemães, especialmente os de classe mais educada, realmente acreditava nesse tipo de narrativa simplória e falaciosa.

Sem falar que os nazistas associavam e continuam a associar aparência física com qualidades intrínsecas, como o caráter, também para justificar seu ódio extremo contra os judeus.

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