terça-feira, 17 de maio de 2022

Sobre realidade, eufemismo e linguagem ideal

 Com base na minha resposta a um comentário com essa frase abaixo, em um debate no YouTube.


"A 'realidade' é cruel... ela não liga para os seus sentimentos..."

A realidade não é cruel. Somos nós que lhe impomos ou não, crueldade. A priori, a realidade, além da esfera humana, não está nem aí pra nós, ela nos é indiferente. Somos nós, portanto, que deveríamos estar para nós mesmos...

A palavra "gorda", por exemplo, não existe, porque nenhuma palavra realmente existe. Pois se você considera uma pessoa "gorda" (absolutamente) inferior a você, isso é um sentimento seu, não da realidade, primeiro porque ela não está nem aí pra você nem pra mim, segundo que, se for considerar tudo o que existe como realidade, então somos todos micróbios insignificantes e, terceiro, porque, justamente por isso, somos todos iguais: insignificantes e temporários. Portanto, entre inventar eufemismos pra tentar interagir com os outros de maneira educada sabendo que, no fundo, somos todos iguais, que somos um mesmo caminho para um mesmo fim, e ofender por ofender, com essa desculpa de que "A realidade/eu acho que/eu sou, é cruel"... eu prefiro pelo eufemismo, do tipo que não distorce uma verdade ou que é subentendido que não o faz. 

É a linguagem neutra, não aquela que você está pensando, sem excessos por eufemismo ou por ofensa, sem intrusão emocional, que é ideal para a ciência.  

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