quinta-feira, 15 de julho de 2021

O vestibular discrimina pessoas com perfis cognitivos assimétricos ou ''especialistas''

 




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Lá vou eu, de novo, na iminência de prestá-lo, depois de já ter me formado em geografia uns seis anos atrás. Agora, devo tentar para psicologia. Mais um desafio para o qual estou sendo empurrado.


E lá vou eu


"ESTUDAR"


Que todos entendem como


DECORAR A MATÉRIA DA PROVA


Logo eu, que estudo todo santo dia, porque penso, observo, analiso, tenho ideias, pensamentos, escrevo, apago, erro, acerto, duvido de mim mesmo, aprendo e reaprendo.


Sei que memorizar é parte do aprendizado. Mas decorar não, se é superficial, extrínseco aos desejos, à vontade genuína de aprender.


Eu sei que o meu desempenho não tem sido igual nas matérias escolares, que tenho tido facilidade para aprender geografia, história... e o exato oposto nas exatas.


E que isso é "normal".


Que não é uma falha minha, se não pedi para nascer assim. Se não há nada de errado em ser assim. Desculpe, mas eu não sou o único com "dificuldades de aprendizagem", aliás ninguém é perfeito, ninguém sabe ou é bom em tudo. Por isso que, primeiro, deveriam reconhecer quem eu sou, até para me ajudarem a aproveitar o que posso oferecer à sociedade e a mim mesmo. Acho que tenho demonstrado um pouco pelos meus textos.


Não, eu não tenho "ansiedade matemática". Minha incapacidade de aprendê-la além do básico não é uma questão psicológica mas cognitiva mesmo. Não é falta de esforço ou vontade. Eu não sou um vagabundo inumerado que não "estuda" matemática porque não quer...


Mas eu estudo!!


Só que eu estudo: observo, analiso, penso, julgo, o que me interessa, no que percebo alguma afinidade ou facilidade.


Foi sempre assim, desde a escola.


Também dependia do tipo ou da qualidade do professor. Por exemplo, quando estudei com uma certa professora de geografia (Ana*), uma das poucas que reconheceu minhas capacidades criativas, que nos pedia para desenvolver o raciocínio em suas provas ao invés de nos forçar à decoreba, eu fui um dos primeiros alunos da sala. Mas, quando estudei com outro professor (Augusto*) de geografia que se prestava a passar provas com questões de múltipla escolha, eu fui recíproco ao seu desdém, ao menos naquela época.


*nome fictício


Agora, o mesmo desdém de sempre pela diversidade cognitiva humana, no vestibular. Para piorar, ainda tem um sistema de cotas injusto que não se interessa pela competência mas pelo "nível de oprimidade" do indivíduo. Será que, um dia, também criarão cotas para gagos residuais, como eu???


De qualquer maneira, acredito que, se essas provas de vestibular também contemplassem os tipos especialistas, não haveria a necessidade de cotas, nem mesmo as de escola pública, mas é apenas um palpite primário..


Mas, o melhor mesmo seria mudar o modelo da prova tradicionalmente aplicado, porque favorece apenas os vestibulandos (ou enemianos) com os perfis cognitivos mais simétricos ou os que são mais generalistas, do tipo CDF, que tiram notas altas em quase todas as matérias. Sem falar que, perfis assimétricos como o meu, parecem estar associados com uma maior capacidade criativa, até pelos relatos biográficos de muitos gênios quanto às suas "dificuldades de aprendizagem" específicas.


Isso também serve para os (demais) concursos públicos... tomem nota.


Parece ser justo ou meritório que todos estudem e façam a mesma prova para serem avaliados pelos seus desempenhos nela.  No entanto, isso só seria realmente justo se fôssemos todos como folhas em branco ou que nos diferenciássemos apenas pelo esforço que aplicamos em... decorar a matéria.


Se eu vou tentar para psicologia, perdoem-me o linguajar, mas por que caralho eu deveria estudar física e química?? Se pelo menos dessem pesos diferentes às provas, de acordo com o curso.. pois se pretendo me aprofundar no conhecimento sobre a mente humana, então, eu preciso saber mais ou especialmente sobre as áreas relacionadas. Eu sei que também tem matemática na psicologia. Mas não é o mais importante. Enfim, eu sei que já passou da hora do vestibular tradicional, e de todo sistema de ensino, dar espaço a um modelo de avaliação que se baseie na verdade da diversidade cognitiva e psicológica humana. Enquanto esse "milagre" não acontece, lá vou eu tentar me preparar psicologicamente, abandonando parcialmente os meus interesses específicos, que cultivo desde há um bom tempo, incluindo a própria psicologia, para tentar decorar fórmulas matemáticas e regras gramaticais...


 Obs.: nem vou entrar em detalhes sobre o completo desleixo em relação à avaliação objetiva de capacidade moral dos candidatos, um aspecto muito relevante que deveria ser levado em conta...

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