segunda-feira, 7 de junho de 2021

Em um debate ideal...

 ... todos têm o direito de expressar suas opiniões (liberdade de expressão), com educação, honestidade e objetividade. MAS, também é necessário que os debatedores cheguem a uma conclusão e que se baseie na melhor das opiniões, isto é, na mais justa ou factual e, geralmente, ponderada.


Por exemplo, em um debate ideal sobre crença ou descrença em divindades, os que acreditam e os que não acreditam estão em seus direitos de expressarem as suas opiniões ou de defenderem os seus pontos de vista. Mas, não "ganha" quem argumenta melhor, no sentido de ser mais criativo e, sim, quem mais se posiciona ao lado da verdade, de ser mais "sábio". Porque é possível e comum de se produzir ótimos argumentos, só que para racionalizar inverdades. Neste exemplo, é inevitável que, os que não acreditam na existência de divindades estejam mais certos do que os que acreditam, restando para esse segundo grupo aceitar que o ceticismo é a opinião mais racional ou certa que se pode ter sobre esse assunto, sem que isso signifique que tenha que abdicar de sua crença, ainda que o ideal seria de fazê-lo ou de, pelo menos, moderar seu fervor dogmático, especialmente quanto aos seus aspectos mais moralmente polêmicos. Por fim, a partir do momento em que um debate, idealmente falando, chega a um desfecho, isto é, que as melhores opiniões prevalecem sobre as outras, as piores devem ou deveriam ser descartadas. Isso, em um mundo ideal, porque no nosso mundo, debates não costumam ser objetivos e coerentes com o que propõem, de debater para se chegar à melhor conclusão. Até pior que isso porque tem sido o costume cometer a falácia de falsa simetria entre opiniões mais e menos sensatas, dando suporte para a imposição das menos, se pela criatividade na argumentação ou puramente pela força, política, econômica ou cultural, risco que não existiriam se fosse apenas ou unicamente pela razão. Pois se vivêssemos nesse mundo em que a razão é hegemônica, as pessoas que crêem em divindades ainda/até poderiam ter a liberdade de cultivarem suas crenças, mas, o ceticismo secular seria regra ''sacramentada''; a importância dos seus cultos não seria maior do que a influência da astrologia na sociedade atual. 

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