quarta-feira, 2 de setembro de 2020

O verdadeiro teste de inteligência

"Corona test"

Uma doença nova, possivelmente zoonótica, contagiosa e com risco de vida desconhecido, surge na China, no final do ano passado. No início deste ano, os primeiros estudos sobre a doença são divulgados. Segundo as estatísticas de mortes causadas ou associadas à ela, parece que é mais grave para quem é idoso e/ou quem tem pré-comorbidades. Por ser transmissível pelo ar, contato do corpo e com objetos contaminados, as pessoas são orientadas a fazer isolamento social, lavar bastante as mãos depois que voltar da rua, etc. Basicamente o que foi feito na última grande pandemia, da Gripe Espanhola, na década de 1920. A princípio, a Organização Mundial da Saúde não recomenda o uso indiscriminado de máscaras, por não saber o quão boas podem ser para nos proteger da infecção, mantendo apenas a orientação de evitar sair de casa à toa. O ano passa, novos estudos são feitos ratificando o seu uso, ainda que poderia ter sido muito antes, se a OMS seguisse apenas o bom senso se é melhor prevenir do que remediar; a doença se espalha para os outros continentes, o seu epicentro vai mudando de região, vitimando milhares, especialmente por causa de medidas tardias e/ou desencontradas de contenção adotadas pelos governos da maioria dos países, sem falar de ativistas e políticos mais "conservadores" que continuam a espalhar boatos e informações falsas ou factualmente precárias sobre a doença, por exemplo, afirmando que é apenas uma gripe comum que desaparecerá nos meses mais quentes (em países de clima temperado) ou que um certo remédio é 100% eficiente para tratá-la, quando autoridades médicas e científicas, sérias, primeiro, pedem cautela e, depois, comprovam que ele está longe de ser a cura. Também são "conservadores" os que mais lutam para flexibilizar quarentenas ou defender que nada seja feito para que, então, se alcance uma tal "imunidade de rebanho", com o custo potencial e desnecessário de milhões de mortos, a partir de uma falsa dicotomia entre salvar vidas ou a economia. São muitos os que se deixam ludibriar por esses tolos e/ou canalhas perigosos, pois seguem as fofocas das correntes de whatsapp de maneira absolutamente acrítica, mantendo o comportamento "normal" de antes da pandemia, saindo às ruas mesmo se for só pra bater perna, fazendo aglomerações, reuniões com amigos, evitando lavar as mãos, usar máscaras e álcool gel para limpar compras e roupas. Os mais perturbados ainda argumentam que o uso de máscara nas ruas é uma maneira de as autoridades estatais cercearem a liberdade individual, se para eles, ser livre é o mesmo que poder fazer o que bem entenderem, sem mensurar as consequências dos seus atos. Muitos dos que seguem psicopatas como Trump e Bolsonaro, pensam que são muito inteligentes, que os grupos de teoria de conspiração que participam ou seguem nas redes sociais, blogs e sites, são detentores absolutos da verdade, que tudo o que é dito por autoridades e instituições do Estado ou de lados ideologicamente não-alinhados, é mentiroso ou com segundas intenções, como se eles fossem árbitros perfeitos do que é verdadeiro e do que não é. Não estão totalmente errados por desconfiarem de quem controla a sociedade por vias oficiais ou burocráticas. Mas, está claro que a grande maioria deles, especialmente dos mais fanáticos, não analisa, reflete e pondera racionalmente as informações que recebe, do contrário, teria percebido os múltiplos equívocos graves de raciocínio das correntes de whatsapp pelas quais têm se alimentado. Também parece que não desconfiam nem um pouco de empresários e políticos de "direita", se o ideal, pela sabedoria, é de, a priori, se desconfiar de todos, de tudo, se for possível, para então buscar expandir a compreensão de cada tópico que for de interesse pessoal.

Pegadinha do Malandro!!!

Sorria,
Você está fazendo o verdadeiro "teste" de inteligência!!

Ainda melhor, de racionalidade, que, portanto, só pode ser aplicado no mundo ou/em tempo real.

Aliás, todos os anos, meses e dias, o praticamos, com a valiosa diferença de que as respostas mais certas não estão em uma folha de papel, ou variavelmente descontextualizadas do que acontece no agora e que é possível reconhecer erros e melhorar.

Também é um teste de sobrevivência!!

De se informar corretamente apenas com fatos, de saber em quais autoridades confiar mais e mesmo de buscar pensar por conta própria, com bom senso, ponderação, honestidade intelectual e autoconhecimento.

Você não irá tirar uma pontuação alta, média ou baixa; um troféu de inteligência para se sentir melhor que os outros ou alimentar suas inseguranças. Mas você pode salvar ou proteger vidas se se habituar a fazer o que é certo. São muitas as verdades e os caminhos da inteligência que precisamos lidar e percorrer em "testes" pra valer, como esse: a empatia para com os próprios pais, amigos, parentes e desconhecidos, especialmente para os que estão nos grupos de risco; das verdades existenciais sobre igualdade e consequente fraternidade universal entre os seres humanos//vivos, de que, a priori, toda vida é importante; de ter paciência e controle sobre os impulsos, modificando/adaptando o comportamento pelo tempo que a pandemia durar, até à finalização e disseminação da ou de vacinas, adotando os novos hábitos recomendados por quem sabe mais do assunto que você; de saber diferenciar o que é fato e o que é boato, por conta própria, contendo a intrusão de suas opiniões subjetivas (ânsias, expectativas e desejos) durante o processo de raciocínio, sem se tornar desequilibradamente dependente dos outros para se orientar ou de acabar endossando mentiras, inclusive as que são perigosas, a partir de uma autoconfiança exagerada; de aceitar quando comete erros de raciocínio e de moralidade, primeiro, sabendo reconhecê-los; de aprender a pensar cientificamente, diferenciando correlação de causalidade, confiando no método científico, que funciona para buscar por evidências sobre o que intuímos, enfim, são muitos os exercícios de inteligência que o mundo real está sempre mandando para nós e que muitos, 'mesmo' aqueles com excelentes pontuações em testes [de potencial] de inteligência como os de QI, não conseguem acumular uma predominância de respostas certas, isso quando não perdem tempo e neurônios racionalizando suas opiniões subjetivas fracamente diferenciadas da percepção objetiva.

Como eu falei em outro texto, se os testes cognitivos analisam nossas capacidades intelectuais, separada e descontextualizadamente, no mundo real, pela racionalidade, agimos sempre de maneira integral, pelo raciocínio moral ou existencial-consequencial, analítico/crítico, reflexivo, metacognitivo ou introspectivo, divergente, convergente, e também pelos aspectos analisados pelos testes de QI tradicionais: verbal (especialmente quanto à compreensão sobre a natureza e precisão dos significados das palavras), aritmético, espacial, de memória e de reconhecimento de padrões, diga-se, este último que é o mais básico para o uso humanamente ideal da inteligência no mundo/tempo real. Todo dia é dia de "teste" e tem muito iludido por aí, com as suas pontuações altas em testes cognitivos, que não estão comprovando o quão fantasticamente inteligentes eles pensam que são, na realidade. Sem falar dos seus colegas que, sem "QI alto" para se gabar, investem e confundem masculinidade tóxica com verdade e inteligência.

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