quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Lógica primária e três exemplos

Lógica, por uma concepção primitiva, é tudo aquilo que obedece a leis ou padrões existentes e, portanto, que apresenta coerência potencialmente cognoscível de funcionamento e constituição, incluindo ou, especialmente, a (natureza da) própria realidade em que existimos.


A lógica, enquanto faculdade mental, é a capacidade básica de reconhecer padrões ou leis de perspectivas {da natureza (lógica)} da realidade. Por exemplo, quando eu percebo que o céu está ficando nublado, as nuvens carregadas e, então, começa a chover, eu percebo um padrão lógico ou coerente, existente, repetitivo ou cognoscível.


A lógica primária seria uma espécie de pensamento lógico precipitado ou simplório que não é baseado em uma varredura analítica mais robusta.


Três exemplos:


1. Doenças infecciosas matam apenas os mais vulneráveis


Faz sentido lógico-primário que aqueles com sistemas imunológicos imaturos ou enfraquecidos estejam em maior risco de morrerem se se contaminarem com uma doença infecciosa. Com a pandemia de covid-19 neste ano de "2020" de "meu deus", e seu padrão de letalidade, essa relação lógica tem sido entoada por muitos. No entanto, se o novo coronavírus é mais severo com idosos e pessoas com sistemas imunológicos comprometidos ou frágeis, ele tem sido muito mais leve com crianças e adolescentes, que por essa lógica primária, também deveriam estar entre os grupos de risco. A gripe "espanhola" é outro exemplo que foge à regra, porque matou muito mais jovens do que idosos. Vírus e bactérias diferentes têm padrões diferentes....



2. Pobreza causa comportamento violento


Se eu vivo em um ambiente muito pobre, passo fome e sempre me sinto ameaçado de sofrer violência, é provável que eu me torne mais arredio ou agressivo, certo?


Se fôssemos como folhas de papel em branco, estaria correto, mas já nascemos com tendências psicológicas e cognitivas, de maneira que, apesar de primariamente lógico que as características do ambiente influenciem no comportamento, essa relação entre ser e meio também tem o primeiro e suas próprias características "inatas' como sujeito(s) muito relevante(s). Portanto, independente se eu sou uma pessoa extremamente pacífica ou não, e hipoteticamente me encontro em uma situação como essa, o ambiente não irá, "sozinho", moldar minhas respostas. Aliás, em termos literais, não existe essa equivalência entre ser e meio, se é apenas o primeiro que pode, de fato, se comportar conscientemente. Mesmo quando temos uma coincidência estatística entre ambiente socialmente empobrecido e níveis altos de violência, isso não significa que "o ambiente" está literalmente forçando algumas pessoas a agirem assim até porque muitas, se não a maioria delas, não acaba no mundo do crime. O fator mais importante é a índole, que pode ser resiliente, variável em robustez ou sugestionável.


3. Pessoas mais inteligentes são (sempre) mais "mentalmente saudáveis"


Mais intensa é uma expressão, maior é o risco de que se desequilibre. Vide os "gênios" e uma maior incidência de transtornos mentais entre eles. E não estou falando de "intelectualmente dotados" ou pessoas com elevadas capacidades cognitivas se comparadas com a média, mas sobre criatividade e realização. No entanto, a lógica primária da frase do exemplo parece que nunca cai em desuso, mesmo com um acúmulo de evidências contrárias à sua conclusão. Faz sentido que uma característica tão importante e valorizada como a inteligência só possa vir a se relacionar com "coisas boas". Mas...

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