sábado, 1 de junho de 2019

Duas de minhas poesias mais recentes, geralmente postadas em outro local

Perfeito Idiota

Eu vivo com os meus pais
Não sei lidar com pessoas e seus ataques de estrelismo 
Não sei lidar com esse mundo humano, de estupidez e parasitismo
Eu sobrevivo, dependo da benevolência dos meus parentes e amigos
Meus bolsos estão sempre cheios, de ar
Não sou príncipe, sou descendente de brancos pobres, de índios sobreviventes, de negros escravizados
Meu subconsciente é o meu elo perdido
Com a efemeridade de um presente inadiável
Não sou vagabundo, talvez um pouquinho questionável
Tenho poucas habilidades, 
Meu maior talento é não ter talento pra me esconder da hiper-realidade
Da filosofia das veias, dos ventos das saudades
Tenho insights, alarmes falsos
De que depressão não é melancolia
Que é uma tristeza de existência, de amor fulminante à vida
Com uma pedra de rins que dói como poesia
Que eu sou assim e que também é patologia
Se o meu cérebro age deste jeito
Se vasculha os porões do meu tempo 
Se lembro das boas vidas que já não tenho
Com doçura e respeito
A suave tortura, de pensar nas lembranças simples, de quem não mais vive
Não sou epiléptico,
É o nervosismo, que é a minha doença 
Minha densidade de pensamentos e expectativas
Sou o corpo do Espírito aberto
Sou/estou minha essência 
É por isso que eu sou um perfeito idiota 

Literal e metafórico

Descrição ou poético
Realismo ou sinestésico 
Dois tipos de pensamentos 
Ventos de memória 
Da arte, hiperbólica
Da ciência, categórica 
Da filosofia, estoica vitória da sensatez
Que equilibra e devora
Sou ateísta, de família católica 
O mais novo de três 
O literal venceu em mim 
Mas o metafórico é o meu ganha pão 
Que é o meu "ganha tempo"
Lutando todos os dias 
contra esse profundo sentimento 
Que diz não 
Dividindo o sofrimento 
Sem acreditar que eu vou voar ao firmamento 
Evitando a alienação 
Entre o olhar que apenas analisa,  categoriza 
E o olhar na missa, que crê na mais impossível utopia 
De viver depois de morrer 
De elevar-se à mais divina alegria 
Se isso não é viver em poesia 
Se isso não é escolher por sua covardia 
O ateu existencialista 
Não eleva o mundo com essa magia
Volta à sua essência
Se não à toda sabedoria 
À sua realidade mais bela e viva
Além das cadeias dos conflitos da vida
Muito acima, ou muito adentro
Ao centro do centro 
Da filosofia 
Enquanto isso os mais artistas 
Acreditam em sua ciência distorcida 
Nas igrejas, nas pinturas, na música, nos templos, nas mesquitas
Os mais cientistas 
Desprezam o divino de todos os dias
Como burgueses ou tecnicistas 
Com seus corações frios em seus corpos quentes
Toda invenção é fictícia 
Das palavras, dos livros nas mãos, da tecnologia
Nada é mais onipresente
Depois de tanto escrever eu gostaria
Apenas de dizer:
Ateísmo literal 
Metafórica mitologia

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