sexta-feira, 22 de junho de 2018
Como refutar o argumento falacioso da "experiência"
Quando te acusam de ter sido indutivo quando você foi dedutivo...
O pensamento indutivo é o estabelecimento de regras gerais para determinado assunto ou questão em que, basicamente, a realidade "deve" se sujeitar à elas.
O pensamento dedutivo é o oposto da indução, em que, ao invés de estabelecermos regras gerais e forçar a realidade, analisamos e criticamos a mesma, e aí sim, forjando regras com base nela. Não é que a indução também não se baseie na realidade mas que geralmente o faz de modo muito tendencioso ou precipitado.
Pois bem, existe uma falácia argumentativa extremamente popular que eu inclusive já comentei, a da "experiência", em que o aprendizado só pode acontecer via vivência. Isso pode ser em partes verdadeiro, mas as pessoas que a usam não tem mente essa parcialidade mais humilde, mas um absolutismo onde a mesma será compulsória ou totalmente necessária, do contrário não será possível aprender sobre qualquer coisa.
Eu deduzi, ;), que as pessoas que geralmente a usa, o fazem com base na acusação de indução do raciocínio, ou pensamento indutivo, de estarmos forçando regras gerais sem termos vivenciado a situação e/ou local... Mas estar no lugar ou vivenciar certa situação não é garantia que se vá compreender qualquer coisa e não é justamente isso que as pessoas mais fazem?? Isto é, vivenciam mas não aprendem de maneira considerável com a experiência??
Não observam, percebem, criticam, comparam e deduzem...
Um exemplo hipotético. Eu estudo psicologia de maneira autodidata e começo a debater com um psicólogo e pesquisador do assunto. De repente, ao perceber que eu estou demonstrando maior ENTENDIMENTO ele decide usar essa carta barata, "eu tenho mais experiência que você na área, não discuta comigo". Aliás, tal falácia até poderia ser também definida como "apelo à própria autoridade".
Portanto é possível aprender qualquer coisa sem ter que vivencia-la, que aliás, é um dos aspectos mais centrais da capacidade humana, de antecipar, simular ou imaginar antes de ter que experimentar algo. E essa falácia baseia-se na confusão entre o pensamento indutivo e o dedutivo, acusando aquele de "menor tempo de experiência" ou ''conhecimento CRISTALIZADO'', de estar aplicando o primeiro enquanto que muitas vezes o "acusado" estará usando as suas capacidades dedutivas, basicamente o reconhecimento de padrões e posterior pensamento analítico e crítico..
Também podemos pensar nesse embate como: entre aqueles que valorizam o conhecimento e aqueles que valorizam ou principiam pelo ENTENDIMENTO, aliás, assunto para um próximo texto [e cá com os meus botões, estou a antecipar uma série de tópicos que comentaria no outro blogue..]
Dedução aí não será o mesmo que o ''pensamento teórico'' [quase o mesmo que o indutivo]. E mais, porque para o pensar correto, DEDUZIR é a prática..
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