Pensei em eliminar este texto, mas o achei muito bom para merece tal destino, portanto está aí, que eu pretendia colocar no próximo blogue como o início de um capítulo mas que não vingou, até te-lo relido e visto que tem o seu valor. Desprezem erros [ou ''erros'] de gramática e alguma frase difícil de entender...
Antes tarde do que nunca
O que é filosofia? E por que a grande maioria dos auto declarados filósofos não o são? Novamente a precisão semântica
A precisão semântica não é apenas a busca pela etimologia ou origem das palavras mas também a sua validação no mundo real, se é algo que representa uma realidade, se é uma redundância ortográfica, etc. A precisão pelo significado forçosamente necessita do objeto real que foi capturado ou associado ao símbolo/palavra, para que o seu conceito seja bem construído/refletido, exemplificado e usado.
A filosofia, em condições ideais de temperatura e pressão, deveria funcionar como um método ou meio para a sabedoria. O conhecimento, aquilo que todo sábio deveria dar maior importância, consiste basicamente no espelhamento perfeccionista a perfeito dos fatos ou realidades, a Priore, porque além disso também deve ser necessário o melhor uso do mesmo. Além dos fatos também temos os valores. Reconhecemos uma ou partes de uma realidade e a partir daí pensamos no que fazer com ela/s. Também precisaríamos de algumas regras gerais neste sentido. O aparecimento de novos desafios como a autoconsciência via de regra, nos força à tê-la também como um ponto de referência muito importante na hora de agirmos, preferencialmente, a partir dos fatos, na construção de valores ou no direcionamento de atitudes.
Se a filosofia é a busca ou o amor pela sabedoria então por que a maioria dos filósofos modernos, quiçá a grande maioria dos filósofos ao longo da história humana, jamais conseguiram atingir ao ideal mais básico da filosofia, isto é, a sabedoria??
Porque tem havido uma grande frequência de descaracterização arquetípica entre eles, quando nós temos uma assimetria entre aquilo que o sujeito pensa ser e aquilo que ele é ou está sendo.
Na atualidade, ser filósofo, de acordo com os moldes acadêmicos, é primeiramente uma identidade cognitiva, já que basta apresentar habilidades verbais acima da média e portanto ser capaz de fazer todas as tarefas que tem sido atribuídas ao nobre ofício do pensar: entender textos ou ler livros tendenciosamente imensos, confusos ou excessivamente floreados em que se diz praticamente obviedades que textos muito mais sintéticos seriam muito mais eficazes para comunicar; repetir a mesma "receita", obscurecendo a comunicação e escondendo o nível geralmente raso, desimportante ou confuso das ideias principais. Assim como tem acontecido com a arte, a filosofia tem sido reduzida ao seu estágio embrionário, que é o ato de pensar, de esboçar rascunhos teóricos, de agir com base na perspectiva do sujeito observador mas sem buscar pela compreensão factual. Este aspecto altamente especulativo e excepcionalmente fraco na prática substituiu, vejam só, a própria sabedoria, tal como se a alma da filosofia tivesse sido roubada e dentro da mesma tivessem colocado qualquer coisa ou mesmo a matado, mantendo as aparências por meio do seu corpo. Os aspectos menos centrais foram centralizados. O aspecto moral OU emocional, a primeira intencionalidade do sábio, foi totalmente subjetivizada. É como se a medicina começasse a selecionar por médicos que... não são médicos em um sentido qualitativo e basicamente descritivo, e também que, apresentassem algumas habilidades/características secundárias à terciárias que são requisitadas para a profissão, e que não as mais fundamentais, como maneira de enganar o déficit mais importante. O médico que não cura, que não prescreve receitas potencialmente frutíferas para conter ou curar doenças, pelo contrário, que as induz. As estruturas hierárquicas da filosofia foram remodeladas tal como um vírus, ao menos nos centros acadêmicos, que modifica as informações genéticas de uma célula, e passou a replicar este modelo enganoso a partir de então, claro, graças à auto-seleção de pessoas que pensam ou acreditam que são filósofas ou mesmo que a compreendem. A filosofia foi ainda mutada para novas formas de pseudo conhecimento como por exemplo a sociologia, sub disciplina das ciências humanas que tem buscado de modo tolo entender o mundo apenas por si mesma enquanto que o mundo social, do comportamento humano, irrevogavelmente necessita de outras ciências para que possa ser plenamente entendido. Em países de língua inglesa, a filosofia infectada também tem dado novas crias de sub disciplinas ou de pseudo disciplinas, por exemplo, os infames "women studies", "race studies", lgbt studies".
A filosofia agora, sobrevive sem a sua alma ou essência que é a sabedoria, retalhada em diversas sub filosofias, sem colaborar harmoniosamente com a ciência, uma de suas filhas, esta segunda que basicamente foi transformada em uma plataforma a priore capitalista, mas que o conhecimento também pode ser usado para atender à ideologias nocivas, comprovadamente equivocadas como o mesmo, ou também no caso do comunismo. É até o oposto já que tende a se contrapor à ciência, especialmente quando esta mostra-se mais competente para compreender as realidades que deveriam estar a seu cargo.
A maioria dos professores de filosofia são, na verdade, de professores de história da filosofia ou, de história, e talvez seja até mais preciso dizer que eles sejam em sua grande maioria de professores de biografia dos filósofos mais importantes. O método filosófico sequer é ensinado em aulas de filosofia, na universidade ou nas escolas, talvez porque ele simplesmente não existe.
O conhecimento da sabedoria foi transformado ou retalhado para o "conhecimento do pensamento". Se é que podemos continuar a chamar de filosofia, algo que, de diversas maneiras despreza a sabedoria.
Se continua a existir alguma filosofia no mundo é provável que você a encontrará, talvez mais parcial do que total, justamente em não-filósofos, estes supostos adoradores da sabedoria que neste exato momento estão a maltrata-la como ninguém.
O que a filosofia é em sua essência ou núcleo, em suas bases principais, é possivelmente o oposto do que se transformou ou tem sido transformada, em um ramo da literatura que visa "se passar" de sabedoria.
Uma suposta dificuldade ou inalcançabilidade de certo "pensamento" tem sido muito mais valorizado, bem ao sabor do ego dos tais "filósofos", do que a humildade prática da sabedoria.
Quando nos perguntamos sobre o conceito de algo quase sempre também queremos saber sobre a utilidade do objeto de curiosidade. Portanto ao aplicarmos esta questão à filosofia assim como acontece com qualquer outra peça da realidade, necessitaremos de buscar pela praticidade ou usabilidade da mesma, tarefa talvez ligeiramente mais difícil, já que tudo aquilo que está terminalmente impregnado em cada aspecto de uma realidade tende a padecer de um paradoxo pois será de extrema relevância por sua natureza holística e inevitavelmente presencial ou basal mas ao mesmo tempo desintegrada justamente por aquilo que a Priore a fortalece ou valida a sua importância. Outro fator que torna a filosofia muitas vezes impraticável, desprezando o colosso sucessivo de mal uso dela por auto declarados filósofos e associados, é o caráter altamente perverso das sociedades humanas especialmente as complexas. Basicamente o filósofo verdadeiro, em condições ideais, deveria estar no comando das nações, e no entanto os seus lugares mais corretos já estão ocupados e justamente por seus opostos, com grande frequência, comprovando o nível de perversidade da quase totalidade das sociedades humanas.
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