Eles nos governam, nos mandam, sem negociar, sem escutar,
Não querem ouvir lamentos ou resmungos,
São apressados, briguentos, constantes, infalíveis, divinos,
São como a Deus,
São Deus,
Estão em todo lugar,
Nos oprimem, nos dão e nos tiram o ar,
Em cada canto, em cada cada, em cada pedaço,
Nos mandam, eretos, deitados, a respeitar: nossa senhora, a gravidade... o santo, casamenteiro da lógica, que sempre lança flechas de cupido, de culpado, porque nos quer assim, bem conformados,
E queremos o tempo parar,
Que os deuses se curvem diante de nós,
Queríamos ser santos, e pra sempre chorar,
Como imagens, telas ou pinturas,
Nos queremos presos, mas os padrões, nos querem libertos,
Para bater nossas asas, e voar,
Para onde a luz nos guia, para onde a curva dobra e a escuridão espelha, para onde tudo vai,
Queríamos ser tão insignificantes... pra ficar e ficar,
Os padrões são patrões, e nós lhes somos importantes,
Nos querem soldados, profissionais, nos querem obedientes, galantes ou formais,
Nos forçam à sua força, não mais por sermos os seus filhos, à imagem e semelhança,
Clementes, nos deixam a vida, penitentes, por tirá-la,
Nos querem, de qualquer maneira, é uma obsessão, uma junção absoluta,
De testa lisa ou protuberância,
De grande ou pequeno porte,
Doentes, meio erráticos, mas sempre em padrões,
Pequenos na infância, esperançosos no fim desta andança,
Queremos uma revolução, de nos ver livres, de sermos os nossos próprios patrões,
Mas o padrão é como um cócega em si mesmo,
É esperto, experiente, por osmose ou a esmo,
É aquele que deu à luz, nem homem ou mulher, apenas a origem, quando ainda é virgem,
Faz da vida: vertigens, delírios,
Nos enganam, que não estamos condenados, porque teto e piso já estão podres, fracos,
Somos degeneração,
Poucos que entendem essa luta sem vitória,
E que decidem ser apenas o prédio em sua queda,
Que a vida é ruína, mesmo na glória,
A maioria, por sorte, pensa que é um presente, e passa essa condenação,
Mais fria ou quente,
Mais turva ou clara,
Mais rápida, turbulenta ou calma,
E veem brotar uma nova esperança, que brilha pequena, e que vai escurecendo, até não mais se iludir, e apenas esperar,
Que a morte também é um padrão, um patrão a sempre mandar e mandar,
A nos mandar para um mundo sem patrões,
Onde a igualdade é suprema,
Onde a vida sequer, é um poema.
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