Os cristais de vidro
Os cristais de vidro que eu vi,
Na velha Veneza,
Cristais que brilhavam mais que o sol,
Mais que a sua deixa,
Mais que o tempo,
Como o âmbar,
Com um inseto ali dentro,
Doutras certezas,
Doutros mormentos.
Os cristais do tempo
Os cristais,
Que refletem o espaço,
que congelam o tempo,
Como a vida, mas sem embaraço,
Direto e lento,
E em sua lentidão, ó cansaço!
Reflete dentro,
Aqui, o que está lá fora,
Por um momento,
E atua, passivo, pois vive sem viver,
Refletem, como a vida,
Mas não se mexem, pois não ser.
Os cristais do momento
Os cristais,
Congelados por um momento,
Sentidos, amados,
Tomados por dentro,
Lembranças, como pingos noutros,
Medimos pouco, se o imenso não tem medida,
Mirrados, inanimados,
Ocos,
Precisa reinventá-los,
À sensação perdida,
Na plenitude, alcançados,
Percebidos,
N'arte, de só viver,
Em respeito contato, de último grau,
No sétimo sentido,
Perto do frugal, mas é belíssimo,
Septo,
Em pisos,
Cheirar,
Em risos,
Pisar,
Sentir o chão ríspido,
N'águia elegante,
Mirar,
Em suas asas cortantes,
Amar,
No momento, que antes
Lembrar,
Que agora, expirar
E apenas ser,
Quer na pequena ação,
Mais constante,
Mais que tudo,
É o tudo,
Que refletimos,
O tudo que é ser ,
O tudo que sentimos,
Que sentimos ter.
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