segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Inclemente ou incremente

Sem clemência, 
Se já pede demais, 
Incremente, e na soma, o esforço cresce,

e o silêncio, jamais,
E como fermento, 

O inclemente não para, porque é implacável, guloso, lazarento,
Inclemência, sem dó, nem piedade,
Incremente, se é uma ação ou o seu agente, 

Se é mentira, ou se é de verdade,
Se é na falta de inércia, de hiatos, de jatos de ventos, de precaução, Se é pelo instinto, se só ordena, se só pensa que é divino, 
Mas é uma besta, ainda um menino, uma criança, 
Canhestra, desaforada, com uma, duas presas,
Se na aurora da vida, a vida é sempre impiedosa, enérgica, inglória, ingrata, cega, surda, vira-lata, 

Cheia de dores, livres de culpa, 
Cheia de diferentes odores, enxuta,
Misturada, como o caos,
Confusa, como as emoções,
Se o tato e a voz são poupados, se são tagarelas, maltrapilhos, ousados, 
Se tateiam formas no escuro, lhes dão nomes sujos, de improviso, no susto, aos risos, aos vultos,

 Se é na pré concepção, que conceituam, que julgam, 
Com dentes, caninos, sisos,
Se é na língua solta, que andam, que ardem, que babam, 
Se os olhos se fecham, tampados, o inclemente incrementa,
Se os ouvidos, cheios de cera, nada escutam, se os outros são inimigos, desconhecidos, 

Logo odeiam, logo lutam

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