Vida cheia, como a Lua,
Brilhante, como as estrelas,
Cheia de si, como ao ego,
Cheia de certezas, como o instinto,
Cheia de tristezas, como a consciência,
O corpo de Deus,
O copo de água, de sonhos e de breu,
De cores e d'ausência,
A vida personifica,
Dá vida à vida, à demência, à penitência,
Dá movimento próprio ao universo,
Se desgarra um pouco do seu destino, de seu imparável destino,
De seu incomensurável ritmo,
Escarra ao chão, cospe, sofre, lamenta, ri,
Todo o clima, todo o tempero da imensidão,
O tudo, o todo apenas, dentro de si,
Em meio a um oceano morto, lutando contra a confusão, algumas borbulhas ganham liberdade,
Se tornam indivíduos,
E a vida, o ponto mais alto, a individualidade,
Querida e sofrida,
De força e piedade,
Que expressa apenas, a sua bipolaridade,
É o efeito de uma causa única, que a tudo causou,
São as gotas da chuva, que a tudo molhou,
Que se transbordou,
E a vida repete, se molha, se cresce,
Se é o universo, com formas, pequenas, marciana ou terrestre,
É o arco íris em forma de gente,
É o seu gigantismo em forma de anão,
É a vida, que lhe deu vida,
É o universo falando, vivendo, sentindo a si mesmo,
É o próprio espelho, antes do vidro, antes do lago,
Antes de qualquer mito, ou de qualquer fado,
Antes de qualquer lágrima ou catarse,
Jaz a vida, em pequenos Big Bangs,
Nos sinos das igrejas, rezando,
No grito do trem, viajando,
Nos passos dos hábitos, dos vícios, dos pensamentos,
Do universo, agora um eu-verso,
Espero que, não só de lamentos...
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