segunda-feira, 5 de junho de 2017

Qual é o sentido da vida?

Mais uma questão filosófica popular. Vamos trabalha-la. 

O que é o sentido?

O que é uma escova de dentes? Pra que serve?? Qual é o sentido da escovas de dentes, de ter uma? 

O que é a vida? Pra que serve??? Qual é o sentido da vida??

Parece-me que perguntar sobre a função ou utilidade de certa entidade e sobre o seu sentido são basicamente a mesma coisa. 

A priore, é a utilidade que dá sentido ou razão para que algo exista. A utilidade da escova de dentes é a de manter os dentes limpos. Esta foi a razão ou o sentido para ter sido inventada. 

Porque a escova teve um criador humano ou identificado então fica fácil de lhe inferir sentido ou razão de ser, de existir.

Portanto é o criador que quase sempre infere a utilidade ou o sentido/ o porquê de sua criação. No entanto em relação à vida porque não existe um criador/ser vivo que a tenha criado, tanto a sua utilidade quanto [ou] o seu sentido fazem-se pouco entendíveis. Para isso precisamos ou podemos ir mais fundo na história titânica do universo e tentar entender o porquê que existem planetas com possibilidade de abrigar vida partindo do pressuposto que a Terra não seja o único planeta vivível. Poderíamos dizer que as condições favoráveis ao aparecimento da vida ou hibridismo intra-dinâmico ou segregacionista entre elementos essenciais + um ambiente exterior favorável [além de eventos excepcionais como o choque de um planeta com a Terra que resultou em seu satélite natural e que tornou o clima terráqueo mais aprazível] foram ou são as nossas criadoras. Mas pra quê?

Qual é o sentido do universo?? Ou da chuva?? 

Antes da chuva ''existir'', ao menos no planeta Terra, ela não tinha sentido utilitário porque ''não existia'' da maneira como a sentimos e a entendemos agora, e no entanto quando foi formada ou passou a acontecer deste jeito, se tornou [para nós] utilitária, passou a ter um sentido. 

A ideia já se consiste numa espécie de pré-sentido. Antes da invenção da escova de dentes a ideia de um utensílio pessoal que limpasse os dentes ou uma coisa que pudesse fazê-lo já existia. A necessidade resultou em sua criação e posterior aprimoramento. Portanto pode ser possível pensar em um espectro entre a ''não-necessidade'' ou ''existência sem sentido definido'', em ''pré-sentido ou pré-necessidade'' e em ''sentido definitivo ou necessidade''. Também poderíamos pensar nas ideias de individualidade e de coletividade. Talvez em termos coletivos, todos os elementos tenham algum sentido importante, uma razão de ser, enquanto que em termos individuais, todos sejam ''sem-sentido'' ou melhor, ''auto-sentido'', porque existem ''pra si mesmos'' ou EM si mesmos. No entanto eu acredito que a ideia acima, do espectro do ''não-sentido'' ou ''não-necessidade'' ao ''sentido definido'' parece ser mais correto de se pensar, se existem tantos exemplos que o confirmam, e não a ideia seguinte.

O sentido dá-se com base na lógica, na funcionalidade, assim como praticamente tudo aquilo que existe. Novamente, pressupõe-se que tudo aquilo que existe tem uma razão de ser, correto?? Talvez sim, talvez não. Se não existissem estrelas o universo continuaria a ser como é? Qual é o sentido ou a razão de ser das estrelas?

Sabemos que muitos seres vivos da fauna e da flora apresentam funções extremamente importantes para a manutenção do equilíbrio climático na Terra. Sem a flora por exemplo as temperaturas no nosso planeta é muito provável que variariam muito tornando impossível a vida complexa aqui ou ao menos muito mais difícil, semelhante ao que vemos nas áreas desérticas, sem contar que ainda servem como alimento. A evolução da vida na Terra tem seguido a linha da lógica suprema que compõe tudo aquilo que existe e que se consiste nas leis da física. Ainda que também tenha se dado e se dê com base em certa ou parcial aleatoriedade qualitativa, mediante a natureza mutante/adaptável tanto da vida quanto dos ambientes terrestres. Justamente por isso que a vida tem avançado e ocupado com base nas características do ambiente de modo que, por exemplo, sem ter um céu viável para o voo, é possível pensar se a existência de seres vivos com esta capacidade não teria sido possível. 

Voltando ao sentido ou valor utilitário das estrelas bem como também à ideia de coletividade. Pode-se pensar se em termos coletivos a estrela não exerça grande importância para o equilíbrio do universo, talvez não. Coletivos geralmente são mais importantes que indivíduos neste sentido macro utilitário ou macro harmônico. Um plâncton ''apenas'' pode não ter qualquer efeito para o equilíbrio das correntes marítimas de uma maneira geral mas um bilhão ou muito mais deles pode e é factualmente provável que terá um impacto muito maior.

Pode ser possível pensar que, quando um planeta oferece plenas e únicas condições para o aparecimento da vida, isto é, da animação e conformação mutante dos elementos, então é provável que a mesma dará cria. Que a vida se manifesta a partir de um nível ideal entre o físico e a sua relativa redução [da sua pressão] se a gravidade amena nada mais se consiste do que na diminuição da severidade física/pressão sob os elementos menos resistentes e a vida se consiste justamente em um dos elementos de menor resistência [física] no universo. Portanto pode ser que, quando em certo planeta, este ''ideal'' de condições é alcançado, a probabilidade para a animação da existência ou vida se tornará muito alta revelando quase que um princípio geral* será* Será que se Marte tivesse condições para abrigar vida, então inevitavelmente a mesma, cedo ou tarde, apareceria* Semelhante ou análogo aos fungos que sempre aparecem durante o período de decomposição, por exemplo, das frutas, o mesmo se daria com a vida a partir do momento em que certa região do universo passasse a exibir condições para abrigá-la, será* [se eu não estiver dizendo besteiras...]

Pensemos se ainda hoje a vida em seu estado essencial pode ser possível de ressurgir na Terra ou se o aparecimento da mesma não foi um acontecimento único em termos de condições atmosféricas e físicas, quando os primeiros sinais de vida começaram a brotar [é o que parece ser o mais provável de ser].

Parece que pode existir uma espécie de transferência horizontal de certas características, de um ser vivo ao outro, se isso não for trivial. Talvez se possa pensar que a vida ou aprisionamento/segregação e conformação física da energia, resultado da união entre os elementos, tenha surgido com base neste processo de combinações moleculares cada vez mais reativas, tal como no caso da faísca que é seguida pelo fogo, e mais especificamente em termos de transferência horizontal. 

Sim existem elementos que podem não ter função decisiva para certa finalidade mesmo a nível coletivo (?? Talvez as estrelas?), ou de serem finalidades em si mesmos, mas que podem se tornar úteis para certa finalidade, das mais fundamentais, quando são/se tornam causais para a harmonia de certo equilíbrio ou quando é mais perifericamente importante, ou subjetivo/ parcialmente qualitativo em importância. Também ''chove' em planetas inóspitos à vida e percebe-se que não parece que a chuva tenha qualquer grande utilidade nesses locais [ao menos não da mesma maneira que os ciclos atmosféricos tem na Terra] se consistindo apenas em eventos atmosféricos fisicamente esperados de acordo com a conjuntura geral dos mesmos. A função ou utilidade parece necessitar de uma interação com mais de um elemento para que possa se caracterizar por completo. Isto é, parece ser preciso que um elemento ou em coletividade exerça influência em algum processo de descrição qualitativamente variável, desde uma função "fútil" até à uma imprescindibilidade, para que com isso ''faça sentido''. O sentido pode também ser derivativo. Por exemplo, qual é o sentido da existência de pedras* O sentido, ao invés de estar restrito à utilidade também pode e talvez deva estar restrito primordialmente à ''lógica das leis físicas'' que regem tudo. Portanto antes de fazer sentido, no sentido de ''ter uma utilidade'', geralmente para terceiros, há de se fazer sentido, de acordo com as leis da física.  


Antes de ter sentido, há de se fazer sentido.

Então por fim, qual que seria o sentido utilitário da vida?? 

Primeiro o simples fato de haver um elemento que pode existir ou resistir de maneira parcialmente independente do/ao ambiente ou cenário já se consiste em um fenômeno muito interessante. A vida tem existido para transformar o planeta em que se situa e pelo que parece, como um fim em si mesma, isto é, que não [se] serve para mais nada além de si mesma, de se conformar, de se conservar, talvez, expressando a sua intensa e única individualidade rente a uma realidade totalmente conformada às leis da física, e sendo a vida, um princípio tímido de rebelião, ainda que inevitavelmente derive dessas leis. Portanto tal como as pedras derivam da geologia de um planeta, a vida também parece ter este ''sentido derivativo'' ou ''faz sentido''.


O conceito de utilidade de certo elemento se torna verdadeiro ou possível de ser a partir do momento em que o mesmo começa a demostrar tal serventia, novamente o caso da chuva. Chove em muitos planetas, das mais diversas maneiras. Na Terra, no entanto, a chuva não tem apenas um sentido logicamente físico de ser, quase que um ''ritual atmosférico'' esperado de acordo com as características da dinâmica terrestre, porque se tornou útil primeiramente para a manutenção dos aspectos moderados do clima terrestre, ainda que a sua função não seja a principal, mas auxiliar. Segundo que se tornou ''secundária'' a perifericamente útil para sustentar a vida na Terra, especialmente a vida complexa. 

Porque a vida tem um caráter individual muito forte, de se auto-conservar, de sobreviver, porque é prensada, pressionada para ser assim [por causa de sua fragilidade e auto-percepção de fragilidade], então primeiramente [e geralmente] o seu sentido será mais ''fisicamente derivativo'', isto é, preditivo pelas leis da física, em condições adequadas, ou ''auto-lógico'', e segundo que, especialmente com o advento da autoconsciência mais avançada via humanidade, a vida terrestre passou a acumular novas utilidades ou sentidos, uma delas, das mais importantes de todas, é a de buscar a sua própria razão de ser, e mais, as origens de ''tudo''. Neste caso, também estamos a falar sobre a ''inteligência complexa''. 

Ainda não respondi satisfatoriamente essa questão, porque a maioria quando pensa sobre o assunto, tende a se questionar o porquê de existir a vida [e especialmente a humana] em um universo gigantesco, em outras palavras, o porquê de ter vida e não de não tê-la. Parece haver aí um excesso de consideração sobre a importância da vida, como se pelo fato de parecer ou mesmo de ser única, talvez o ''ápice do próprio universo'', se formos parar pra pensar, e em relação à algumas perspectivas, não pudesse ser equalizada em importância a todo o ''resto'' dos elementos que existem. Parece que quanto maior o equilíbrio ou moderação do planeta, maiores as chances para o equilíbrio da pressão atmosférica ou da gravidade e maior a ''liberdade de auto-movimento'', isto é, tornando também possível o movimento de ''moléculas'', com falta de um nome melhor, e consequentemente de uma possível reorganização das mesmas em novos elementos, inclusive aqueles que podem por fim se tornar animados. 

O sentido ou razão de ser de uma escova é a de manter o dentes limpos, o sentido ou razão de ser de uma estrela ou de muitas estrelas me parece que é desconhecido e possivelmente ''fútil'' ou ''derivativo'', isto é, que ocupa ou é parte do espaço, mas que não tem utilidade, e em especial para terceiros, e claro que me refiro às estrelas pequenas, que não são da categoria de planetas ou estrelas ''grandes''/gigantes como o Sol. Portanto nesse caso podemos dizer ou re-concluir que, quando um elemento existe mas não exibe utilidade compartilhada ou imprescindibilidade para sustentar sistemas fisicamente cooperativos, como o sistema solar, então ele existe e ''tem função'' em si mesmo. Tal como eu disse acima, o sentido pode ser derivativo ou, no ''fazer sentido'' do que no ''ter sentido''. O primeiro sentido encontra-se atrelado às leis que regem toda a existência. O segundo baseia-se na utilidade que o elemento pode ter em relação a outros elementos. 

A vida incorporaria os dois sentidos, de ser fisicamente possível e existente, de ''fazer sentido'', ainda que este fazer sentido não esteja bem compreendido, e de ''ter sentido'', que é primeiramente em si mesma, por resistir/existir rente à força descomunal, impensável do ''todo'' sobre si mesma. Segundo, porque tem acumulado novas funções de acordo com que foi evoluindo, até chegar ao ser humano, onde que, já se pode pensar nas próprias origens, causas ou mesmo intencionalidades. Sentido ou ''intenção/utilidade'' da vida. Para nos perguntarmos o porquê da vida, e não da não-vida, também devemos nos questionar o porquê do universo e não de sua inexistência, mas também devemos pensar em explicações físicas sobre o porquê da vida ser possível antes ou ao invés de apenas ''nos'' concentrarmos em explicações verbais. 

Por enquanto é isso..

Nenhum comentário:

Postar um comentário