sábado, 17 de junho de 2017

Portador versus identidade...

Ele é portador de Autismo/ Eu sou portador de Autismo

Ele é autista/ eu sou autista

Existem sim diferenças entre essas duas afirmativas acima. No primeiro, podemos compará-lo ou por analogia com a transexualidade. O autista, ou qualquer outro tipo, que, por causa das condições mais adversas de sua condição prefere se identificar como ''portador do autismo'', a verá como um estorvo remotamente curável, pois não se identifica de maneira intrínseca e predominantemente positiva com essa sua faceta. Até poderíamos usar o fator ''auto-estima'' como um mediador entre aqueles que preferem se identificar como ''portadores'' do que como ''seres especificamente caracterizados'', isto é, ''ser autista'' ou qualquer outra macro-variável biológica. ''Ser portador'' também pode ser entendido como uma condição aceitada de desordem, tal como uma ênfase semântica na fricção entre aquilo que é determinado como normal e aquilo que não é.

Portanto, auto-declarados ''portadores de Autismo'' ou de qualquer outra condição, sentem como se a mesma fosse uma intrusa, que roubou-lhes aquilo que internalizaram como o ideal subjetivo ou como os seus ideais de operacionalidade vitalícia, de vivência, de existência. 

Por outra via os auto-declarados ''autistas'', ao contrário, especialmente se o sentimento for verdadeiro, sentem que essa faceta que apresentam fazem parte essencial de suas entidades [soma de todas as entidades], de modo que o autismo não será apenas uma faceta inconveniente. Novamente, os fatores autoestima + o grau de afetabilidade da condição parecem ser fundamentais para diferenciar este grau de simetria/assimetria identitária.

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