sábado, 8 de abril de 2017

Espectro do altruísmo

Altruísmo patológico, altruísmo sábio, altruísmo narcisista, insensibilidade parcial, insensibilidade predominante, egoísmo, egoísmo patológico/parasitismo--predação 

Do sacrifício generalizado ou desmedido ao parasitismo ou predação.

Eu já redigi um texto propondo as diferenças entre o altruísmo patológico e o altruísmo narcisista. Mas agora eu resolvi ampliar esta tentativa de descrição estabelecendo um espectro do nível patológico de altruísmo ao nível patológico de egoísmo.

Altruísmo patológico: Deseja ajudar a todos mas sem se preocupar com as consequências pra si próprio. Síndrome do mártir proto- suicida. Se coloca totalmente em segundo ou terceiro plano.

Altruísmo sábio: Entre o patológico e o narcisista, na zona habitável da razão, o altruísmo sábio mescla o desejo generalizado de ajudar mas também um maior instinto de sobrevivência ou de auto-preservação, e até poderíamos dizer que, o altruísmo patológico também se consista em uma espécie de altruísmo narcisista, em que o indivíduo prefere se sacrificar do que se preocupar mais com o outro, característica essencial do altruísmo. Como sempre, o altruísta sábio apenas se posicionará a partir do contexto e buscará agir da maneira mais adequada possível.

Altruísmo narcisista: Muito confundido com o altruísmo patológico, o altruísmo narcisista consiste-se no uso de atitudes pretensamente altruístas mas tendo como principal objetivo a auto- promoção. É o objetivo/adjetivo que descreve o tipo de atitude. Quase sempre se coloca em primeiro plano porque deseja ser considerado como moralmente superior pelos demais. Mais parece uma mistura de altruísmo com egoísmo e dependendo do tipo, também com a insensibilidade parcial. Não quer ajudar a todos, quer que todos o considerem como uma pessoa moralmente superior ou boa. É fato que, muito comumente, exista um desejo genuíno de ajudar, mas é provável que também haverá um desejo igualmente genuíno de ter o seu altruísmo, correto ou não, literal ou verbal, reconhecido e exaltado pelos outros. De qualquer maneira existe um ímpeto para ajudar resultando em sua classificação como ''altruísta''.

Insensibilidade parcial: Provavelmente se consiste em um nível demograficamente comum. Localiza-se na zona morna entre o altruísmo e o egoísmo. Típico traço amalgamado dos normais. O nível de insensibilidade é maior mas o potencial de praticar o altruísmo ainda existirá. Raramente se coloca em segundo plano, mas também não tende a ser muito egoísta. Se assemelha ao sábio mediante a maior paleta de escolhas, ainda que tenda a ser muito apático, de maneira geral, no que diz respeito à prática de ações altruístas, e de também ser fortemente propenso a construir sistemas morais pessoais incompletos ou que estão salpicados de factoides potencialmente malignos. Neste sentido, especialmente o altruísta sábio que, caracteristicamente, se baseará em abordagens realistas para ajudar o próximo, corroborando com um de meus conceitos [que são numerosos] sobre a sabedoria, enquanto uma união entre a bondade/benignidade e a inteligência/conhecimento, e de forma perfeccionista e holística.

Insensibilidade predominante: O sub-normal ou idiota moral comum. Mais egoísta que o insensível parcial mas ainda assim não muito egoísta, porque geralmente será mais indiferente/passivo do que insensivelmente ativo/basicamente aquilo que o egoísta é.

Egoísmo: Depois da zona morna entre o altruísmo (ajudar/querer o bem os outros) e o egoísmo (querer o bem pra si mesmo) aparece, finalmente, o egoísmo, ainda dentro do espectro de normalidade comportamental. Pode-se dizer que na zona morna entre a benignidade e a malignidade, as pessoas estão mais apáticas, e portanto mais passivas do que ativas, enquanto que, tanto de um lado quanto de outro haverá maior ímpeto para a ação, só que entre os ''benignos'', se buscará ajudar o próximo, enquanto que entre os ''malignos'', se buscará ajudar a si mesmo, e muitas vezes, com base na exploração do sofrimento alheio. O egoísta quase sempre se coloca em primeiro plano. Diferente do altruísta narcisista e dos demais tipos de altruístas, ele raramente pensa no próximo. 

Egoísmo patológico: Sempre se coloca em primeiro plano e quase nunca se coloca no lugar do próximo. É tão centrado em si mesmo que comumente acaba agindo como um parasita, e no pior dos cenários, como um predador.


Estamos claramente falando aqui de níveis de empatia benigna, em que, o altruísta patológico será o mais benignamente ou afetivamente empático de todos, em termos quantitativos ou de intensidade, mas não em termos de qualidade.  E também estamos falando de instinto, em que o altruísta patológico será o menos instintivo e o egoísta patológico o mais instintivo. Eu resolvi colocar o altruísta sábio entre o altruísta patológico e o narcisista, justamente por incorporar algumas das características de ambos, isto é, o maior senso de auto-conservação/narcisismo do segundo, e um desejo mais universal de altruísmo do primeiro. No entanto em termos de instintividade o altruísta sábio, ou sábio, estará muito mais próximo do egoísta patológico, por também estar embebido de instinto. Novamente, em termos de empatia, o altruísta sábio inequivocamente estará mais próximo dos outros tipos de altruístas. 

Por fim, apenas mais uma observação. Percebe-se uma espécie de descontinuidade entre o altruísta narcisista e o insensível parcial, mas, como eu falei, acho até que mais de uma vez, este espectro se refere especialmente ao ímpeto de agir, em que temos os altruístas, que, mais narcisistas ou não, inevitavelmente serão mais propensos a agir de maneira altruísta, torta/factualmente errada ou não, enquanto que o insensível parcial será muito mais passivo em tomadas de ação altruísta, mas também em relação à tomadas de ação egoísta. E claro, eu não preciso dizer que haverão mesclas entre os tipos, e dependendo de contextos e grupos, porque de uma maneira geral, tendemos a ser mais moralmente seletivos, com alguma exceção para o altruísta patológico e para o altruísta sábio. 

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