quarta-feira, 22 de março de 2017

Eu sou um ''cigano santo'', e todo sábio assim o é

Astuto porém honesto,
Maledicente porém respeitador,

Expansivo porém discreto,
Direto porém ambíguo,
Persuasivo porém amigo,
Odioso porém nobre,
Silencioso ou questionador,

Das cores do comportamento, 
Eu tenho todas à disposição,
Em todas as suas intensidades,

Para o meu louvor, ou comoção,
Desde as de maior cumplicidade,

Até as de maior redenção,

De energia e de coração,
De capricho ou autenticidade,
A dualidade, 

Nos faz amantes do próprio conforto, 
A inteligência, 

Nos faz errantes com ou sem rosto,
Nos faz dependentes de novas ações,
Nos faz dementes por novas paixões,

E crentes de que temos razões,


Precaver e nunca remediar,

Remediando sem nunca ter previsto,
Sem tapar buracos, 

E os tampando,
E por que não evitá-los*
E por que não deixá-los*

Ser camaleão mas também fiel, 
Ser mutante mas também estável,
Ser a bondade mas nunca sempre a bondade,

Ser amante e durável,
Sabendo ser justiça, quando precisa ser 'maldade',
Mentir, mesmo se for amante da verdade,
Saber onde e por que,
Sabendo ver, e ser a realidade,
Ser real, nem mosca morta, boa demais,
Nem injusta cobra, que incute veneno,

Ao torto e ao direito, 
E sem dó,
Sem detalhes pequenos...

Canto cigano, reza de um santo,
Longos cabelos, de um franciscano,
Bondade verdadeira, sem metafísica ou manto,
Sem estátuas de madeira,
Sem velas e prantos,
Sem firmamento,
Ao vento errante, 
Amante das paixões,
Mas sendo homem, e dominante,, 
Mas sem grilhões,
Lhe cavalgando, 
Em sedução,
Em tons galantes, em erudições,
Muito educado ou muito quente,
Refinado ou abusado,
Sorriso frouxo ou fechado,
Eu sou cigano, e sou santo,
E todo sábio assim o é...

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