quinta-feira, 16 de março de 2017

A criatividade se relaciona com uma série de desordens mentais... e a sabedoria, que é por excelência, a ordem mental*

A normalidade se consiste na manifestação do amalgamento tanto das características positivas ou virtudes/ ordens quanto das negativas ou defeitos/ desordens. Como resultado as excepcionalidades humanas, ainda mais neste cenário evolutivo, tenderão a se encontrar mais à margem deste epicentro de medianidade e especialmente a criatividade em seus níveis mais superlativos. Parece que a fórmula ideal para a mesma necessita de umas pitadas de desordem mental (e algumas vezes mesmo quando ''sai do ponto'' ainda pode ''dar liga''), pois se for normal demais então fatalmente também será convencional demais, e nada mais anti-criativo do que a convencionalidade excessiva. 

Os muito criativos tendem a ter um pouco da desatenção e da hiperatividade, especialmente a mental, que está presente na TDAH, da imaginação acima da média, que está totalmente fora de controle no espectro das psicoses, especialmente da esquizofrenia, um pouco ou mesmo bastante dos desníveis diários de humor, que está presente no transtorno bipolar, um pouco ou bastante de um senso mais realista, que está presente no transtorno unipolar ou depressão, da atenção aos detalhes, mais comum no espectro do autismo, enfim... Ainda não sabemos por, talvez, falta de estudos mais detalhados, como que os muito criativos tendem  a ser, se mais parecidos com os autistas, ou com os psicóticos, ou com os tdah, ou um pouco [e mais intenso, se comparado com o neurotípico] com todos ao mesmo tempo, tal como um amalgamento de suas características positivas mas também as negativas, só que em níveis bem mais intensos do que entre os convencionais.

Este desafio interno, que é metaforicamente análogo às sociedades, parece ou pode funcionar como uma força ou motivação intrínseca para a superação de barreiras que a própria genética já tende a colocar, tal como eu já falei: quando você nasce com este desafio interno, ou você o supera/transcendência ou você se torna o problema. 

Mas e a sabedoria*

Se, como eu defini, a sabedoria se consiste na ordem mental por excelência, na verdadeira, e não por maioria de votos, no caso da normalidade neurotípica, então a sabedoria não se relacionará com nenhum transtorno mental*

Bem, como eu já comentei, a relação entre sabedoria e melancolia é significativa, porque ambas expressam saúde mental intelectual ''extrínseca'', a primeira, com base em uma constância de julgamentos moralmente precisos, e em especial quando se tem a autoconsciência muito ativa e ordenadamente ativa, e a segunda como um apego à vida, causado pela conscientização/ consciência ''cheia'' sobre as verdades existencialistas, que em um mundo de ignorância nos fariam relaxados, mal informados e mesmo crentes de desfechos conhecidos de nossas vidas, por exemplo, na crença da vida após à morte, e que em uma ênfase realista, madura, corajosa porém dolorosa, aceitaríamos ou aceitaremos essas duras e misteriosas verdades quanto a nós mesmos, tendo como consequência esperada a depressão existencial. Por entendermos, compreendermos profundamente o valor e o mistério da vida, nos agarramos à ela, de maneira real, conhecida, e não mais de maneira fantasiosa. 

Portanto parece evidente que a sabedoria se relacionará com a depressão, mais precisamente com a sua manifestação mais ''branda'' ou intermediária, que é a melancolia, e pode-se dizer inclusive que esta ênfase existencial ou profundamente realista contribui de sobremaneira para a sabedoria, seja em relação ao altruísmo, ou em relação à busca pela harmonia, principiando por si mesmo, especialmente ao tomarmos consciência final quanto a essas verdades existenciais significativas. O aperto no coração que as mesmas costumam provocar em nós tende a reduzir, por exemplo, nossos ímpetos para a competição, especialmente a que é mais característica, marcada pela ilusão do egocentrismo e aumentar o nosso senso temporal de realidade, nos tornando mais imediatos MAS menos egocentricamente impulsivos, que é a regra em tipos mais instintivos. 


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