segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Da não-série: acho que já falei sobre isso.... Maior é o seu nível de idiossincrasia e dependência por interações sociais, maior será a sua ansiedade

Duas pessoas hipotéticas: a primeira é uma ''average joey'': emocionalmente estável, socialmente conformista, culturalmente normativa e intelectualmente mediana. Ela tem à sua disposição até 70% da população do ambiente em que se encontra para: estabelecer relações sociais normais, como conversar, e mesmo fazer amizades, superficiais (ou coleguismo) ou mais profundas. Não se sabe exatamente se a sua estabilidade emocional, um dos aspectos mais importantes para a saúde mental humana, se deva exclusivamente por razões intrínsecas ou genéticas, ''born that way'', ou se existe uma importante parcela de influência quanto à 'qualidade' da sua situação social.

Podemos pensar neste caso da seguinte maneira metafórica: um ambiente com grande disponibilidade de alimento e outro com escassa disponibilidade.

E podemos pensar nos alimentos como pessoas. Se você pode conversar e até mesmo se tornar amigo da maioria das pessoas que vivem na mesma cidade que a sua então a sua ''fome social'' praticamente não existirá pois será sempre sanada de uma maneira ou de outra, por exemplo, por meio de elevado grau de familiaridade e/ou amor ao ambiente em que se encontra ou topofilia.

A segunda é uma ave rara, que se encontra em um cenário completamente oposto. Ela é emocionalmente instável, socialmente inconformista, culturalmente anormativa e intelectualmente avançada. Ela tem à sua disposição menos que 10% da população do ambiente em que se encontra para: estabelecer relações sociais normais e eu diria mais, não se chatear... Sim, se você está em um ambiente e você está sempre encontrando problemas, problemas reais, em outras palavras, se é uma pessoa perfeccionista neste sentido, então é muito provável que não será topofílico em relação ao mesmo e que caminhará para construir uma armadura ou proteção no intuito de suportá-lo e não necessariamente de vivê-lo. Assim como acontece com o primeiro caso, mas de maneira oposta, também temos de nos perguntar se a instabilidade emocional deste indivíduo hipotético tem como causa a sua intrinsicabilidade ou disponibilidade característica e natural para este tipo de reação, isto é, de que seria emocionalmente instável em qualquer lugar (e mais provável de ter alguma desordem mental congênita ), ou se, menos do que uma ação primária do próprio organismo, isto se consista em uma reação secundária, isto é, ainda que residam causas intrínsecas, se estas estão sendo fortemente acentuadas por condições [pessoalmente] desfavoráveis do ambiente.

Portanto, novamente, não é apenas: ''ser doente mental ou não ser, eis a questão'', porque também é necessário saber o quão bem adaptado, familiarizado, positivamente recíproco estará o seu redor.
O grau de intrinsicabilidade também é importante porque se certo comportamento mal-adaptado, em termos de bem estar pessoal, que é o mais importante, se der, sem qualquer causa racionalmente ou factualmente justificada, então é provável que se consista, mais do que em uma reação ao ambiente, em uma ação do próprio organismo, ou ação primária, e que portanto acusará a presença de uma desordem mais intrínseca que se manifesta em qualquer tipo de ambiente, ainda que isso não seja desculpa para não se buscar por atenuações destas interações, nesses casos, que muito comumente já são mais dolorosas do que para as pessoas ''normais'. 

É claro também que o nível de resiliência ou resistência psicológica, especificamente em relação à interações sociais negativas, também é importante, isto é, o quão resistente o indivíduo está ao sofrer qualquer tipo de discriminação ou chateação, de curto a longo prazo. Esta relação entre as variáveis do ambiente e dos seres é de extrema importância assim como também de se analisar bem de perto para saber se a causa é mais intrínseca ou congênita ou se teve como causa situações do ambiente. 


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