domingo, 2 de outubro de 2016

A melancolia é a depressão tímida

Vem o ventinho pequenino,
o uivo baixinho, 
vem ela, menina,
imatura, mas no ponto,
pensativa, precoce,
com a sua vozinha, 
esfriando o necessário,
sem o gelo da tristeza,
uma combinação perfeita,
entre o sol quente,
e o frio das nuvens,
a melancolia,
vem fina, como a chuva,
vem tímida, mas vem, e decisiva,
na medida certa,
na zona habitável, 
entre a profundidade e a superfície,
entre a tristeza e alegria,
talvez seja a própria felicidade,
que tem cumes de euforia,
e fossas de emoção,
que tem toda beleza,
de todos os sentimentos,
pois tem a saudade,
siamesa de dores e confortos,
um céu de muitas cores,
frias e de amores, 
nem verão, nem inverno,
a melancolia é mais como um outono ou primavera,
entre-sala, entre-rios, entre-risos-entre-choros,
entre o sim e o não,
entre a resposta e a pergunta,
e tímida,
insegura,
por ser este entre,
entre balanço sem muito equilíbrio,
baixinho, sussurrando verdades,
e perguntando o que não se sabe,
entre o degelo da primavera temperada,
e o cair das folhas de um outono alaranjado, 
este sentimentozinho, 
que arranha o coração,
bem de levinho, 
vem no silêncio,
vem no soluço da alma,
vem melancolia,
vem como é,
assim, tímida,
tímida e rica tristeza,
um pouquinho de alegria,
um pouquinho de dúvidas
e de certezas.



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