quinta-feira, 14 de julho de 2016

Instinto e preconceito cognitivo

A maioria dos animais não-humanos ou formas de vida respondem quase sempre de forma instintual, que é uma maior variação do instinto, necessidades vitais fundamentais ou basicamente a sobrevivência via fuga, busca por comida, agressividade, etc

O ser humano é o primeiro que, constituído praticamente por duas consciências, ou mais precisamente, uma consciência e meia, é capaz, de maneira mais solidamente recorrente, refutar as decisões de sua "persona animalia" (  primeira consciência ou consciência corporal ) que eu já comentei em textos longínquos do velho blogue, a nossa versão "mais animal" de nós mesmos. Nós podemos pedir uma segunda opinião para o 'eu consciente', o princípio de livre arbítrio que temos em nossos cérebros, porque podemos nos organizar ou ''apenas'' refletir antes de praticar qualquer ação.



O que é o preconceito cognitivo a partir de uma perspectiva evolucionista??



Os animais não-humanos reconhecem as suas características vitais desde a tenra idade e partem para a vida refletindo pouco sobre as próprias ações.

A mentira é um dos efeitos colaterais mais comuns da expansão da autoconsciência em humanos por ser muito útil ou mesmo essencial para a mudança de comportamento, depois de uma breve reflexão, por exemplo por meio da empatia potencialmente mentirosa, de se mentir sobre a aparência de uma pessoa para que ela se sinta melhor. Sem a possibilidade de julgamento moral indireto ou subjetivo seríamos muito mais diretos e portanto empaticamente gelados  na avaliação da aparência alheia

Os animais que são indubitavelmente mais sinceros e honestos do que nós, até mesmo por não terem o dom da reflexão mental e posterior tomada de ações, ou potencial para a sabedoria, agem de maneira "impulsiva", pesando pouco sobre as próprias ações, quase que como um ser humano com Tdah, no caso de animais mais domesticados, ou mesmo com psicopatia, e sabemos que mais do que uma condição esta também é um estado psicológico, por exemplo, o gato doméstico que ama o dono mas que não nutre a mesma afeição por uma de suas presas naturais como o pássaro. 

Os animais são muito mais cognitivamente preconceituosos do que nós. Claro, comparativamente falando, porque em termos qualitativos, continuamos em sua maioria a meio caminho entre a autoconsciência significativamente desenvolvida e os seus primeiros estágios evolutivos.

O sábio é o ser humano que encontra-se mais próximo deste desenvolvimento mais completo da autoconsciência

O preconceito cognitivo basalmente positivo ou negativo (isto é, desde as suas bases perceptivas) se consiste na expressão das características fisio-psicológicas e fisio-cognitivas do ser, humano ou não, em interação com o meio. Metaforicamente falando, a autoconsciência é como se fosse uma empresa (qualquer) com um diretor enquanto que a consciência ou aquilo que eu chamo de clausura essencial (consciência corporal ou primária), seria como uma empresa sem um organizador-mor, um chefe ou uma junta avaliadora que tome as decisões principais, que reflita sobre as diretrizes, direções, desenvolvimentos e realizações da empresa. Todos nós temos um chefe em nossas mentes que nos julga mediante uma perspectiva em segunda pessoa. Em compensação entre as outras formas de vida este chefe ou segunda consciência ou está em seus primeiros passos de desenvolvimento ou simplesmente não existe. 

Empresas, para o seu bem ou para o seu mal, tomam decisões e tomam um caminho pra ser seguido. Sem organização e objetividade se estagnarão e só se desenvolverão ou se modificarão mediante influências exteriores a si mesmas.


Mas nem toda empresa é eficiente ou mesmo, eticamente/moralmente correta e portanto é não apenas provável mas também mais comum termos ''chefes incompetentes & moralmente deficitários'' como ''segunda consciência'' do que sábios conselheiros.

Portanto como conclusão, os animais não-humanos usam de maneira predominante os seus ''preconceitos cognitivos basais'' isto é, primários, de suas bases, com pouca reflexão sobre as suas tomadas de decisões, visto que os seus sistemas corpo-mente tendem a funcionar enquanto identificadores ''afobados'' de suas características biológicas e posterior comportamento logicamente complementar a elas (se tem asas e tem o dom de voar, então voará), enquanto que o ser humano apresenta uma certa habilidade que está parcialmente funcional de contestar as decisões da ''primeira consciência'' ou o ''eu-mesmo'', o primeiro-eu. De acordo com a minha teoria filosófica do comportamento, forma & expressão, a maioria das formas de vida mas também incluindo aí o próprio ser humano, agem de maneira direta, expressando as suas formas por meio de seus comportamentos evolutivamente herdados e adaptados aos seus ambientes. O ser humano, se não é a primeira forma de vida que pode contestar as decisões instintuais, que estão relacionadas com esses preconceitos cognitivos basais, é o único que exibe incomparável desenvolvimento desta ''segunda consciência'' ainda que não seja suficientemente eficiente para evitar a tomada de atitudes equivocadas, por se consistir em uma criatura híbrida, entre o sábio e o estúpido inequivocamente impulsivo. Ao invés de um livre arbítrio, o ser humano apresentaria um ''auto-arbítrio'', isto é, uma consciência superficial sobre si mesmo e consequente potencial bem mais alargado para fazer escolhas que no entanto se encontrarão quase sempre dentro de suas próprias possibilidades, ao invés da ideia popular do ''livre arbítrio'', em que o ser humano, a partir do momento que fosse ''iluminado'' pela luz da verdade, se poria a agir logicamente de acordo com a informação factualmente correta que lhe foi dado. Mas sabemos que isso não acontece desta maneira mágica e prática como muitos tem imaginado. Estamos fortemente preconceituosos, negativamente ou por meio da negação, positivamente ou por meio da aceitação, assim como todas as formas de vida também estão diga-se muito mais preconceituosas, por serem muito menos propensas a contestarem a si mesmas. O ser humano e em especial os mais sábios, são os únicos capazes de repensar, da auto-crítica sofisticada sobre o próprio comportamento. 

O instinto e que neste caso eu quis denominar de ''instintual'', ou tudo aquilo que está relacionado com o instinto (mas que, obviamente, não o é), se relaciona guturalmente com o preconceito 'cognitivo', se ambos refletem significados bem próximos entre si, isto é, de tendência pré-existentes de operacionalidade perceptual e comportamental, o agir ''sem pensar'', ou o ''pensar e agir simultâneos''. O instinto seria mais conceitualmente específico, por tratar de comportamentos que estão relacionados com a sobrevivência, por exemplo, estratégias para se buscar o próprio alimento, o uso das ''armas biológicas'' para se defender, enfim, todos os comportamentos vitalmente necessários para resguardar a vida, seja por meio da defesa, do ataque ou de sua manutenção, novamente o exemplo das estratégias especificamente cognitivas de cada espécie para se alimentar.

Metafórica e/ou visualmente falando é como se os animais ''apenas'' agissem por suas bases perceptivas, que eu denominei de preconceito cognitivo basal, enquanto que o ser humano e em especial os mais sábios ou indefectivelmente inteligentes, pudessem galgar novos tijolos ou altitudes além das bases. 



Adendo: o fator g principal é o reconhecimento de padrões, e a consciência corporal ou primária é auto-reconhecimento de padrões


A ''primeira consciência'' é parte essencial do fator g por se consistir no reconhecimento de nossos próprios padrões de funcionamento. Ao reconhecermos os nossos padrões passamos a projetá-los para o mundo exterior, ou basicamente a realidade, e a partir disso nasce o preconceito cognitivo basal. 

As outras formas de vida fazem o mesmo, mas com o mínimo de auto-reflexão resultando em uma percepção extremamente ''tendenciosa''. A maioria dos seres humanos, ao menos, tem alguma consciência quanto a esta realidade. E os mais sábios desenvolvem com maior naturalidade e plasticidade qualitativa a sua capacidade reflexiva.

A capacidade reflexiva pode conter o erro e redirecionar para um novo caminho, claro que, para a sobrevivência ou conservação da vida, enquanto que o comportamento comum da vida na Terra tende a ser o oposto, isto é, ''apostar'' totalmente em um modo de vida, ou seria melhor, um tipo de organismo dentro de uma espécie sendo mais selecionado por causa de sua complementaridade com o ambiente em que está. No entanto, se o ambiente mudar dramaticamente, e o organismo não puder fugir de lá, então perecerá porque não sabe re-pensar de modo sofisticado. A seleção natural se dá muito mais na base da sorte do que na adaptação por si mesma porque o organismo que estiver no lugar certo, e na hora certa, é provável que sobreviverá muito mais do que aquele que estiver no lugar errado e na hora errada.

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