Na infância tropeçamos
aos outros
Cegamos
pela ignorância
Estamos
Frescos de vida
Acreditamos
E O tempo passa
Os espinhos se aproximam
E para alguns apenas
Atravessam,
cessou o que antes eram
nuvens doces
E o céu encerra
A consciência é uma tempestade
Nublado é a cor da melancolia
O caminho da luz
O vinho da razão, sua amizade
e em combustão
Mais profundo à emoção
Ler o rabisco da vida
Constante a esfriar a terra
que antes ria
Os rios dos meus olhos olham
Molham minha boca
que antes ardia
E os espinhos furam
adentro a pele
Mais e mais finos
Reduzem os espaços
Tornamos medrosos
Voltamos aos cantos
Saímos do raso e mergulhamos
Amigos de papel encharcam
E revelam-se frágeis e falsos
De longe, é deformado, idealizado
De perto, só nos resta a verdade
Em suas entranhas profundas
Humanos esfriam
Corações petrificam,
Revelam-se engôdos,
Blefes vazios,
Altivos metódicos
sujos e pífios
Na intimidade revelam-se lobos
Mais espinhos mais dor
Menos brios
Mais decepção
Mais a si mesmo
Mais angústia e calafrios
Mais frescor
A se segurar e no espelho da alma
A conversar com a consciência
Que chora, imprudência de ter amado
O amor à sabedoria
E o peso do ar nas costas
O mundo te reduz e deita
Ao chão, como um sábio
Recomeça, o que muitos deixam
sequer pensaram, se necessário
Humilde e vencido, começa
Do começo o que todos pulam
No chão, estirado, houve os passos de chuva
Do sol em seu silêncio brilhoso
Da vida em seu pulsar rancoroso
Desperta o estado da água
Que virou uma deusa
Evoluiu em um bicho da seda
A tecer cadeias de flores
Redescobre o mundo
Desabrocha em um novo rumo
de mais rumores
E Finalmente, encontra a beleza
Que procurava nas cidades e em beiras
A beleza que não é estátua ou fonte
Que é o estado da alma
Fria pela melancolia
Quente pelo amor à vida
Cítrica e doce
Pelo frescor dos sabores
Pelo ranger dos dentes
Os espinhos continuam e os seus horrores
Afundam na pele macia
E por dentro os sinos tocam
Emanam a essência em cantiga
Ninam os sonhos
E embalam em versos
O gênio e o sábio
Estrelas por dentro
Um novo conchavo
Um fel manifesto
Um novo cochicho, e irriga
Mais veias renovam
O sangue jorra
A pele excita
E do torpor, renascido
Emoção ou pavio
Ascendeu fogo forte
Vela queima e o que comove
A cortina se abrira
O véu desceu leve
E sóbrio sem orgulho
Sobe os degraus do mito
E em cima das nuvens
Descobriu aflito, a filosofia
E se despiu
Começando novo...
Sabre
que espinhos lhe aguardam
Mas sabe
que dentro te guardam
Seus anjos soldados
seu povo
seu contrato
por ser viciado
por apenas ser vida
e n'auto-vigília, aprende mais
desta simples corrida
do tempo ou do espaço,
e eu que,
no final de tudo,
só quero um abraço,
bem fundo, bem verdadeiro
maior que o vulto
gritar matéria,
substancial
unindo velas,
as essências por igual
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