sábado, 9 de julho de 2016

Espinhos da consciência

Na infância tropeçamos 
aos outros 
Cegamos
pela ignorância 
Estamos
Frescos de vida 
Acreditamos
E O tempo passa
Os espinhos se aproximam 
E para alguns apenas 
Atravessam, 
cessou o que antes eram 
nuvens doces 
E o céu encerra
A consciência é uma tempestade
Nublado é a cor da melancolia 
O caminho da luz 

O vinho da razão, sua amizade
e em combustão
Mais profundo à emoção 
Ler o rabisco da vida 
Constante a esfriar a terra
que antes ria
Os rios dos meus olhos olham 
Molham minha boca
que antes ardia 
E os espinhos furam
adentro a pele
Mais e mais finos 
Reduzem os espaços
Tornamos medrosos 
Voltamos aos cantos 
Saímos do raso e mergulhamos
Amigos de papel encharcam
E revelam-se frágeis e falsos
De longe, é deformado, idealizado
De perto, só nos resta a verdade
Em suas entranhas profundas
Humanos esfriam 
Corações petrificam, 
Revelam-se engôdos, 
Blefes vazios,
Altivos metódicos 

sujos e pífios
Na intimidade revelam-se lobos
Mais espinhos mais dor
Menos brios 
Mais decepção
Mais a si mesmo
Mais angústia e calafrios

Mais frescor 
A se segurar e no espelho da alma
A conversar com a consciência 
Que chora, imprudência de ter amado
O amor à sabedoria 
E o peso do ar nas costas 
O mundo te reduz e deita
Ao chão, como um sábio
Recomeça, o que muitos deixam
sequer pensaram, se necessário 
Humilde e vencido, começa
Do começo o que todos pulam
No chão, estirado, houve os passos de chuva
Do sol em seu silêncio brilhoso 
Da vida em seu pulsar rancoroso
Desperta o estado da água
Que virou uma deusa 
Evoluiu em um bicho da seda
A tecer cadeias de flores 
Redescobre o mundo 
Desabrocha em um novo rumo 

de mais rumores
E Finalmente, encontra a beleza
Que procurava nas cidades e em beiras
A beleza que não é estátua ou fonte 
Que é o estado da alma
Fria pela melancolia
Quente pelo amor à vida
Cítrica e doce 
Pelo frescor dos sabores
Pelo ranger dos dentes 
Os espinhos continuam e os seus horrores
Afundam na pele macia
E por dentro os sinos tocam
Emanam a essência em cantiga
Ninam os sonhos 
E embalam em versos 
O gênio e o sábio 
Estrelas por dentro 
Um novo conchavo

Um fel manifesto
Um novo cochicho, e irriga
Mais veias renovam
O sangue jorra 

A pele excita
E do torpor, renascido 
Emoção ou pavio
Ascendeu fogo forte
Vela queima e o que comove
A cortina se abrira
O véu desceu leve
E sóbrio sem orgulho
Sobe os degraus do mito 
E em cima das nuvens 
Descobriu aflito, a filosofia
E se despiu
Começando novo...
Sabre

 que espinhos lhe aguardam
Mas sabe

 que dentro te guardam
Seus anjos soldados

seu povo
seu contrato
por ser viciado 
por apenas ser vida
e n'auto-vigília, aprende mais
desta simples corrida
do tempo ou do espaço,
e eu que,
no final de tudo,
só quero um abraço,
bem fundo, bem verdadeiro
maior que o vulto
gritar matéria, 
substancial
unindo velas,
as essências por igual

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