segunda-feira, 6 de junho de 2016

Sinto-a

Sinto o bater do seu coração 
E sinto o meu 
Em sintonia
A confidenciar no frio
Ou no calor,
O silêncio da existência
Num respirar simples 
O observar
e o nada constatar

 estamos apenas num aprofundar
Sinto-a
A sua vida perto da minha 
Sinto muitas delas assim 
Quando não tem mentiras humanas
A comunicação é direta
Vital
Este amor, este olhar,
Entre iguais
O Humano nobre e outro ser,
Molhando de lágrimas as suas pálpebras ricas
Sentenciado cúmplice
Esta onisciente filosofia 
De pensar no tempo 
De senti-lo ardendo breve e constante 
E de compartilhar sem verbos 
Este mundo louco que é o ser
De tocar, para apenas o sentir
De ter em memória essas doces lembranças
Profundas de sutileza
E de riqueza
E esperar se
Em nosso descanso
Nossa chama nunca mais apagar
Nossa fumaça
Produto de nosso pó
A voar sem destino
A nos preservar
Que toda a fantasia e possibilidades
Possam existir além

 deste véu de duras certezas
Poucas verdades em mãos
O desespero da escolha vacilante
à moda humana 
E o breu imenso a nos reduzir
Naquilo que como vida somos mais que tudo 
Indivíduos 
Átomos barulhentos e frágeis
Estrelas que cortam gravidades 
E são cortadas logo à fronte
Que gravam a própria piedade
Em memória, de baixo de cada movimento 
Tem um terço a rezar
Recompõe-se junto a amizade de toques
Porque o animal ama pelo tato
Coisa rara entre os avançados humanos 
se amam
Se afastam tanto 
Não sentem o calor do corpo alheio 
Não percebem que
Por se reconhecerem indivíduos
Deveriam reconhecer primeiro

 a própria solidão 
E começar por verdadeiras relações
Unidos nesta realidade
Nesta escuridão 
ao se acordarem
O sonho humano é tolo demais
A verdade é aqui fora

Sinto-a

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