mas a vida é uma doença
e a autoconsciência é um transtorno mental
a vida é penitência
mesmo pro normau
ele pensa que por ter Deus
está livre e está certo
ele que pensa
ele tem é uma crença
pois foge da certeza
como quem foge da cruz
como um vampiro
picado o pescoço
se esconde da luz
quer a noite
quer tudo escuro
e um guia a iluminar seu caminho
quer esta segurança
mas ele não escapa
acusa de sermos doentes
mas ele também é
só não está ciente
a vida é um presente ingrato
futuro e passado não há
só existe você
sozinho neste porvir
neste esperar
o normau espera com os seus
em multidões
em ritos, aos berros
se agitam no coletivo
mas não se gostam
é tudo sempre vago
sempre superficial
sempre um arremedo
um gato no vizinho
o normau pensa que não escapa
nada escapa ao nada
o pulsar da vida
é uma agonia
a mais forte de todas
que presa
sabe que não vencerá
o universo consciente
a energia quer ser pra sempre
vício de ser noz
quebramos sem querer
somos auto-parasitas
de tanto viver
nos matamos
quanto mais puxamos
mais perto estamos
do fim
mais nos exploramos
nos matamos
até morrer
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