sábado, 23 de abril de 2016

A diferença entre a personalidade criativa (positivamente idiossincrática) e o estado mental criativo





A relação entre inteligência intrapessoal, talento e criatividade parece ser bastante significativa. Afinal de contas para que se possa dedicar uma vida inteira no desenvolvimento de talentos pessoais  há de se ter ou de se desenvolver  plena consciência dos mesmos bem como também das próprias fraquezas (ao menos ou comumente que serão de natureza puramente cognitiva). O talento se mede não apenas pela qualidade intrínseca que dele emana mas também pelo grau de autoconhecimento para que se possa desenvolvê-lo até mesmo ao nível de gênio ainda que o mesmo tenda a ser profundamente autoconsciente em relação aos seus potenciais e especialmente os de natureza cognitiva ou intelectual, isto é, mais parece se caracterizar por um talento tão profundo, espontâneo, que se faz quase que por osmose, uma vontade difícil de ser controlada.

Eu sou um exemplo daquilo que eu estou pretendendo falar nos próximos pseudo-parágrafos, porque eu nasci incomum, positivamente idiossincrático, desviante, anormal, mas sem a chaga existencial de um criminoso natural e vulgar. E desde a muito que me percebo assim e que vivo dentro desta minha redoma não-alienante de diferença ou de singularidade. 

Mas a criatividade precisa de um estado particular da mente para que possa se manifestar e não apenas de uma correta auto-percepção de singularidade, ainda que esta seja mais do que instrumentalmente fundamental porque afinal de contas, para que se possa reconhecer as próprias idiossincrasias é necessário primeiro que se possa se reconhecer, pura e simplesmente, e é muito comum ou correlativo que os mais singulares o façam de maneira natural.


 Ninguém nasce criativo, literalmente falando. 

A criatividade (também) é o auto-reconhecimento e uso subsequentemente  direcionado de um potencial para o pensamento intuitivo avançado e produtivo.

Se nasce com um potencial biológico até mesmo para que possa ser mais facilmente reconhecido bem como também com fraquezas ou potenciais muito limitados, comparativamente falando e se forem mais salientes, tanto melhor. Todo mundo é um pouco criativo. Mas alguns serão realmente talentosos neste quesito. O talento não se manifestará sozinho sem a presença e influência da inteligência intrapessoal para  que possa direcionar estes "super poderes"

Por uma multitude de razões eu me tornei  consideravelmente intuitivo de alguns anos pra cá. Eu sempre fui muito imaginativo, não apenas pelo potencial mas também pela motivação de se sê-lo.
Mas até então eu havia tido poucas epifanias intuitivas como as que tenho tido agora.


Desde que comecei a me dedicar mais profundamente neste "trabalho" que comecei a ter uma grande densidade de ideias criativas. O amadurecimento final do meu cérebro pode ter um papel. Eu percebo em mim uma maior facilidade para decorar as matérias escolares do que antes, e percebo esta mudança positiva quando leciono aulas particulares de curtíssimo prazo (diga-se) em casa. Eu sinto uma maior facilidade e também tolerância para fazê-lo, situação que antes era o oposto pois não havia em mim qualquer boa vontade para atender aos (des)mandos do doce, mil vezes tolo e autoritário reino da educação. 

Mas não acredito que seja apenas isto até porque, antes, eu não interpretava as minhas obsessões sadias com objetividade, isto é, que poderiam ser instrumentais para algo mais sério. Muito mais do que dedicação, as minhas obsessões sempre foram  hobbies, estrangeirismo que se relaciona com tudo aquilo que mais gostamos de fazer. 

Motivações ou interesses não eram tão fortes a ponto que pudessem transformar essas brincadeiras em algo mais importante quando eu era mais jovem. 

A criatividade é o produto de uma conjugação bem sucedida e natural de talento que foi direcionado para um fim produtivo e transcendente ou transbordante, por isso que a mesma é quintessencialmente uma trans-ordem. A criatividade (também) é um fenótipo pois precisa tanto do ambiente e todas as suas possíveis fontes de inspiração, circunstâncias positivas mas também e especialmente de uma disposição natural para que possa ser expressada. 


A personalidade criativa (imaginativa) pode ou não resultar em realizações de igual natureza e dotadas de magnitudes interessantes-a-impressionantes.

De um simples exercício constante e quase natural de imaginação, a partir do momento em que internalizei a importância pessoal de se direcioná-lo para algo mais produtivo, a minha fixação por certos interesses ou tipos enfáticos de pensamento transbordou do interesse e (relativo e desorganizado) aprendizado para a sua própria produção via intuição. É como se, metaforicamente falando, o homem se transformasse em um Deus, em um criador. De criado a criador.

A criatividade tende a necessitar de um tipo de personalidade, diga-se, que geralmente será rara, e que se caracterizará pela combinação entre introspecção, ou sinônimo para inteligência intrapessoal, e imaginação, a capacidade abstrata de produzir simulações visuais internas de mundos que não existem no imediato externo.

Enquanto que muitos gostam de relegar a inteligência intrapessoal a um papel marginal e potencialmente depreciativo, eu a vejo como parte essencial para o espectro da criatividade, do talento ao gênio. Sem a capacidade de compreender as próprias fraquezas e forças intelecto-cognitivas (e/ou psico-cognitivas) e de se focar nas forças as chances para que erros possam ser produzidos por esta subconsciência serão muito mais altas. 

O que também é interessante pontuar novamente é o paradoxo relativo que existe entre a sabedoria e a criatividade, a primeira enquanto o suprassumo da ''ordem mental'', isto é, a capacidade perfeccionista de auto- melhoramento e preferencialmente por meio da mitigação progressiva de erros, e a criatividade enquanto uma trans-ordem que se dá por meio de um constante flerte para com o erro, com o desconhecido.

A sabedoria é a inteligência em tempo real, a criatividade muitas vezes será acima de tudo experimental ou especulativa, antes de ser selecionada e introduzida no mundo concreto ou simplesmente realidade, claro, em condições perfeitas de temperatura e pressão.

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