quinta-feira, 10 de março de 2016

Neuroticismo?? Eu acho que não. A pedra filosofal dos transtornos da mente: A falha da integração da identidade essencial, do eu



O purgatório é a própria vida e o ser humano de auto-consciência perturbada ou 'excessiva'' é o mais organicamente realista deste fatalismo inescapável 


O louco, o maluco, o doido, o excêntrico, o anti-social, todos eles apresentam uma falha primordial em relação aos seus respectivos EU. Eles exibem a disposição proto-patológica para a desintegração da personalidade, isto é, sem ter um caminho certo de transcendência humanamente animal ou tipicamente humana, prostram-se a vagar pelo mundo, na tentativa de regresso ao bando homogeneamente normal, sutilmente diferenciado, ou na busca por caminhos completamente novos, seguindo o chamado de suas almas incomuns.

As pessoas passam por estágios de desenvolvimento típico e ao longo deste período elas vão reafirmando com frequência exponencialmente confidente as suas próprias identidades essenciais, o eu. Os normais acordam praticamente os mesmos todos os dias, os atípicos nunca tem absoluta certeza disso. 


Os normais são vulcões extintos ou adormecidos, os criativos e especialmente os mais transtornados são como vulcões em atividade constante

Para todos os tipos de portadores de transtornos mentais, de todas as magnitudes, este constante referencial do eu, precisa ser conscientemente repensado com frequência, enquanto que entre os normais não existe a necessidade deste sobre-esforço, e esta falha abre janelas de oportunidades, tanto para o desenvolvimento progressivo de uma patologia mental quanto para a excelência mental sobre-natural ou criatividade humana, desde a auto-expressão singular até à consciência de singularidade perceptiva e usufruto dela.

A patologia mental pode ser observada por meio de vícios de toda a sorte que constantemente afligem os portadores, desde aqueles que já apresentam um grande potencial de expressão (esquizofrenia) até aqueles que serão internalizados ao longo da vida via decisão consciente-a-subconsciente (por exemplo, o hábito de fumar).


A perda constante de referência do eu pode se manifestar por meio do auto-neuroticismo ou baixa auto estima, a consciência perturbadoramente intensa em relação aos próprios defeitos. Reconhecer defeitos mas também qualidades e saber enfatizar pelo lado positivo é um possível caminho tanto para a sabedoria quanto para a criatividade.


A fraca referência do eu, que também pode se relacionar com menor auto-diferenciação sexual ou maior androginia, que resultará em um grande ''risco' para a inoperância ''natural' em relação aos papeis hierárquico-sexuais ou neuro-típicos, isto é, ao invés de passar ''apaticamente'' por todos os estágios do desenvolvimento biológico habitual cuja finalidade, a partir de uma perspectiva hiper-pragmática, se consiste na replicação do próprio material genético, de transferir parte de si para a próxima geração, passa-se a buscar pelo sentido da própria existência, isto é, a falha em se conectar ao próprio eu de maneira decisiva, constante e potencialmente subconsciente, isto é, que é tomado como hiper-natural, seja por meio de alucinações, perturbações emocionais ou qualquer outra manifestação excessiva de mal funcionamento normativo da mente, abrirá um novo leque de possibilidades de existência, desde a tentativa repetidamente falha de se adequar comportamentalmente à ''normalidade'', até ao de abraçar a própria singularidade e claro que isto dependerá de outros fatores como o nível de alcance perceptivo, uma denominação generalizada porém sucinta sobre a inteligência, por si mesma, isto é, a percepção.

Como eu sugeri no caso da gagueira, todos os transtornos mentais se caracterizariam justamente por esta mesma falha de conexão, e o constante ato de auto-adaptação, de maneira original e transferível para além do indivíduo produtor deste fenômeno, ou de maneira habitual, isto é, quando o grau de singularidade e de alcance perceptivos não são suficientes para resultarem em uma perspectiva existencial única e fértil em novos horizontes para serem capturados, se consistiria nesta tentativa constante de consertar aquilo que, por agora, dificilmente será possível de se fazê-lo de maneira decisiva.

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