quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016
Tentativa para explicar a inteligência autista e do espectro subsequente dos "intelectualmente/cognitivamente obsessivos" em comparação com os neurotipicos
Uma ginasta profissional tende a gastar 8 horas por dia ou mais treinando para se aperfeiçoar no esporte.
A prática leva a perfeição. E claro, motivação intrínseca ou reciprocidade natural pelo que se está fazendo ( gostar de verdade), talento ou potencial e vantagens biológicas são essenciais para que esta máxima se torne consideravelmente verdadeira.
Por que não pensar o mesmo para a inteligência???
As pessoas mais cognitivamente e/ou intelectualmente inteligentes gastam muito mais tempo estudando sobre os seus interesses específicos.
Eu já defini as diferenças entre os intelectual/cognitivamente interessados e os intelectual/cognitivamente obsessivos. Ter interesse é diferente de estar ou ser obcecado.
Eu posso ter interesse pela ginástica artística, como de fato eu tenho, acompanhar as competições, saber um pouco sobre as ginastas mais importantes, saber um pouco sobre a história do esporte e sobre as regras de pontuação e exercícios. Mas alguém que desenvolveu uma obsessão pelo esporte é muito provável que acumulará um conhecimento muito mais amplo e correto do que o meu.
Ainda que sabedoria e criatividade possam funcionar como boas estratégias que compensam um menor acúmulo de conhecimentos, presume-se logicamente que quanto mais conhecedor se está, mais inteligente em certo assunto se estará.
O autista, universalmente caracterizado por uma disposição latente para a obsessão por interesses específicos, poderia ser comparado ao esportista que dedica muitas horas do dia para o treino e aperfeiçoamento no esporte que pratica.
Assim como a (o) ginasta, o autista, gastará muitas horas dos seus dias estudando e aperfeiçoando em relação aos seus interesses de fixação. Enquanto que o cérebro do neurotipico médio está "equilibradamente' distribuído para atender as diferentes prioridades vitais, desde as sociais até às intelectuais, o cérebro do autista médio e funcional estará muito mais enfatizado em relação às prioridades intelectuais específicas, resultando no déficit social mas com compensações potencialmente espetaculares. Além de pesquisar, estudar e se aprofundar, o autista médio também pensará nos seus objetos de fixação, mesmo quando não se der conta.
Uma ideia que vou desenvolver nos próximos textos sobre a personalidade, esta que se caracterizaria enquanto uma estrutura hierárquica de prioridades essenciais (existenciais). A maioria dos seres humanos tem como ''núcleo de personalidade'' ou ''espírito'' a sociabilidade ou enfase (engajamento) na socialização, porque afinal de contas, nós somos seres sociais, por excelencia. Alguns poucos seres humanos se caracterizariam por não serem essencialmente sociais, abrindo janelas de oportunidades para que possam se debruçar no escrutínio de fenomenos ''não-humanos'' ou particularidades que não sejam meramente conformativas (''adaptativas''). Portanto, não será precipitado concluir que os essencialmente associais (não confundir com anti-sociais), ou a maioria deles, tenderão a desenvolver grande empatia e potencial de reciprocidade exponencialmente intelectual em relação aos seus objetos de interesse, a famosa paixão do genio, só que direcionada para elementos que não são literalmente humanos, a paixão por suas ideias.
Isso em partes contribui para validar parcialmente a teoria de que muitas horas de fixação em relação a certa atividade levará a perfeição.
Mas sem um talento natural e uma grande reciprocidade ou motivação intrínseca, nenhum indivíduo conseguirá sustentar por muito tempo esta luta contra o próprio bem estar, a sua zona cognitiva de conforto.
E é basicamente o que fazemos uns com os outros ao nos sujeitarmos a ignomínia dos processos seletivos pseudo meritocraticos, desde a escola até o trabalho.
Só que enquanto que para a maioria dos essencialmente sociais, os fins justificam os meios, para os essencialmente associais, os fins sempre se justificarão por si mesmos, se não for pleonamos demais.
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