sábado, 13 de fevereiro de 2016
Neurótico em relação a si mesmo (baixa auto estima) ... ou em relação ao ambiente em que vive (e em tempos de decadência da "civilização" e tecnologia avançada... Estendido a outras regiões)
Um 'paradoxo'
Eu sou neurótico ''mas'' tenho alta auto-estima. Como explicar esta suposta contradição??
Simples. Por causa da multidimensionalidade nas interações (a dinamica da vida) do ser vivo em relação a
- ele mesmo
- e ao ambiente em que vive
Nós podemos ter os neuróticos sobre si próprios e/ou que terminarão desenvolvendo baixa auto-estima,
Podemos ter os neuróticos em relação ao ambiente em que vivem isto é, de se ''tornarem' altamente críticos em relação as suas regiões de moradia existencial (o contrário da topofilia ou topofobia, em sua manifestação mais extrema e desequilibrada... ou não, depende do lugar e das razões racionais em disputa), mas que exibirão alta auto-estima (eu por exemplo), em outras palavras, o foco do pensamento (negativamente) crítico direcionado para o ambiente ou que não é (totalmente) voltado pra si mesmo.
Enfim são muitas as possibilidades de combinações mas o que mais importa aqui é a ideia que está sendo proposta quanto a diferenciação entre os tipos de ''neuróticos'' que podem existir e baseado em suas auto percepções e/ou também em suas percepções em relação ao meio/ambiente em que vivem. Será que esta dinâmica poderia ser aplicada a outros traços de personalidade??
Eu estou (e sou) fenotipicamente neurótico e estou provido de uma alta auto-estima. Admito que já padeci de baixa auto-estima (alguns gostam de denominar como ''ter complexo''), mas que com o tempo foi sendo domada e reduzida a condição de pseudo-humildade da qual eu tenho tentado melhorar. Escusado será dizer que durante a minha primeira infância eu fui muito autoconfiante e ''orgulhoso'', apesar de sabermos o quão tolo e perigoso se consiste esta atitude.
De fato, os fatores ambientais (circunstancias), mais as minhas respostas a eles, me tornaram menos confiante a partir do momento em que começaram a acontecer mudanças em minha vida, como quando a minha família se mudou de cidade, a nossa condição sócio-econômica se deteriorou consideravelmente e eu fui forçado (como todos são) a participar da dinamica social escolar por anos a fio.
No entanto, depois de um tempo fenotipicamente doente em meu aspecto mental eu despertei para a sabedoria e aos poucos tudo aquilo que me fazia encolher num canto escuro da sala foi se tornando mais fraco e portanto, menos influente, até que consegui eliminar uma boa parte da carga excessiva de auto-neuroticismo, enquanto que começava a descarregar esta tendencia em relação as circunstancias assim como também as outras pessoas, a fim de comparar e fazer julgamentos precisos, por exemplo, sobre o conceito popular de normalidade... Em outras palavras, ao invés de procurar defeitos em mim eu passei a buscá-los ''lá fora'' e a tremenda estupidez humana apareceu como uma fonte excepcional para este tipo de escrutínio bem como também de transferencia de responsabilidades, visto que um dos piores sentimentos que uma pessoa pode ter é justamente o de culpa.
Este meu breve relato nos mostra também que os ''auto-neuróticos'' podem mudar o foco de suas disposições para o pensamento (negativamente) crítico e nada impede que o contrário também possa se suceder.
Portanto em um mundo humano onde a estupidez e a ignorancia, irmãs gemeas bivitelinas, forem quase que totalmente predominantes, haverá motivo racional de sobra para se tornar mais neurótico, especialmente se for mais sábio. Também é importante salientar que haverá uma certa relatividade para se engajar em pensamentos (negativamente) críticos, usando-me como exemplo em relação as pessoas com as quais eu tenho convivido...
Voce gosta de comer carne**
Antes de me tornar vegetariano não via qualquer problema, por exemplo, em ver propagandas na televisão sobre produtos industrializados que contém carne. Quando tomamos consciencia sobre uma certa realidade e se for muito grave, então tenderemos a nos tornar menos relaxados em relaçao a esta situação e consequentemente mais preocupados, mais sérios. O que era normal se tornou inaceitável.
Para a maioria das pessoas com quais eu convivo não existe qualquer razão para serem menos relaxadas ou mesmo moralmente reativas em relação a este assunto. Em compensação, para mim, após ter internalizado e trabalhado continuamente com este dogma positivo moral ''comer carne é imoral'', inclusive com certa frequencia neste blogue, conversar sobre o consumo humano de carne bem como esperar pelas reações argumentativas comuns das pessoas que não compactuam com a minha nova rotina tem se tornado cada vez mais doloroso e eu diria mais, fértil para ideações neuróticas.
Este exemplo é apenas um amostra pequena de um oceano de probabilidades para se ficar mais neurótico do que o costume.
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