segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Aprender é convencer-se da verdade

 

Infelizmente o aprender não é um processo racional e instantâneo mas doloroso de auto convencimento.

Alguns dizem que o aprender é instantâneo e espontâneo. Outros já afirmam que aprendemos com as experiências. Talvez os dois pontos de vistas tenham suas devidas cargas de verdade ou consistência. Mas o aprender parece se caracterizar como uma relativa união dos dois argumentos, isto é, que é espontâneo e dependendo da familiaridade cognitiva, instantâneo ou rápido, e com base naquilo que se extrai das experiências. Também podemos argumentar se existem diferentes tipos de aprendizado dentro desta dimensão do pensar e se por óbvia extrapolação não possa manifestar-se desigual entre indivíduos e grupos, que parece ser de extrema probabilidade.

Experiências povoam todos os recantos da vida sendo que pode-se aprender com elas em qualquer momento, do de maior ao de menor impacto. Por esta lógica acredita-se que quando expostos a certa situação tiraremos lições de moral e evitaremos repetir os erros anteriormente cometidos. Porém, muitos de nós parecem ser por demasia comedidos neste tipo de aprender se continuam a repetir os mesmos equívocos mesmo depois de muitas possibilidades em seu reconhecimento e subsequente prevenção. Aprender com a experiência relaciona-se fundamentalmente com o pensar racional bem como pela teoria rasa em que se consiste na abordagem universal humana bastando a educação para firmar este princípio na cabeça de qualquer um dos 7 bilhões de seres humanos. Para ser racional primeiro é importante saber reconhecer a verdade (ou especialmente a sua estrutura de formatação) e a grande maioria de nós, pelo que sempre parece, não sabem refletir à realidade. Esta teoria muito superficial logicamente que não aborda de maneira intimista toda a  diversidade humana em seu comportamento. De fato, existem alguns seres humanos que aprendem com as experiências de maneira constante e decisiva em suas vidas. Mas a maioria não parece espetacular neste predicado.

Algo tem me chamado a atenção. 


O aprender não se dá mesmo para minha pessoa pela simples exposição de obviedades. Na verdade eu preciso de certos "choques", irmãos mais novos de transtornos pós-traumáticos, para que consiga internaliza-las. Outro aspecto importante é o da adaptação desta  nova realidade em nossa (minha) realidade literal, que esta sendo vivida. Não adianta aceitarmos a verdade  se for incompatível com o modo de vida que aceitamos, que fomos induzidos pelas circunstâncias ou ignorância ou que apenas vivemos sem maior intensidade, autoconsciência ou maiores explicações. A verdade empalidece mesmo quando ''se afronta'' com aquilo que nos é demasiadamente caro em uma perspectiva vital ou biológica. Um exemplo pessoal muito elucidativo. Poderia ser verdade que a homossexualidade fosse uma doença. Se fosse, eu provavelmente teria um problema em minha caminhada para a sabedoria, ou que seria mais árdua, visto que vai de encontro ou de impacto, não apenas a parte de minha condição vital, mas também a tudo aquilo que internalizei até agora, com base em lógica, razão vivências. Vivências por óbvias razões, lógica porque a homossexualidade não é uma doença, mas pode ser correlativa a uma panaceia de condições e racional porque se relaciona com o respeito (verdadeiro) às diferenças, dentre outros aspectos interessantes e talvez importantes, como a ''documentação'' transcendental da experiência humana.

 Entre o observador e a verdade, existem muitas barreiras que precisam ser transpostas para que se possa chegar até ao supra entendimento da fenomenologia, que espelhos orgânicos dos universos, ou seja nos, seres, e especialmente os humanos, estão sempre a interagir e refletir por/em seu tamanho perceptivo. 

O mais instintivo amalgama pouco o seu ímpeto reativo e abraça dogmas que protejam suas precoces conclusões sobre a vida. 


Chamam os guardiões de suas ignorâncias para que possam respirar aliviados em rezas, mantras ou repetições aforísticas pós-modernas.

 A religião é o resguardo da realidade, que apesar de escura e extremamente misteriosa, ainda pode ser descrita por lábios de mel, se não adianta o desespero para curar-se de si mesmo. Instintivos femininos abraçarão a psicologia materna que permeia boa parte da mente da mulher, o cuidar e amalgamar conflitos masculinos em seu máximo. Instintivos masculinos abordam o mundo sob o totalitarismo da psicologia do macho, o competir para conquistar ou resguardar territórios. Estamos de fato mais próximos do céu mas ainda somos puxados para a terra se somos seres transcendentalmente híbridos, entre a razão e a espontânea (e lógica ou pragmática) ação "animal". Podemos refletir nossos pensamentos mas nos brutalizamos por nossos respectivos pragmatismos, herança por sermos continuidades da cadeia alimentar que se sobrepõe à nossa realidade, a nós mesmos.

Aprender é convencer-se da verdade e isso se dará de maneira que a mesma possa combinar-se em relativa harmonia com nossas respectivas situações transcendentais. No entanto, o aprender verdadeiro e colocar-nos em segundo, se não, em terceiro, quarto plano, e buscarmos por tudo aquilo que é, sem o mínimo de interferência pessoal. Podemos nos usar enquanto agentes da fenomenologia, como rios vivos que transportam as águas instigantes da vida, por meio do autoconhecimento, mas sempre com o ego sob controle.


Aprender também é rotina, tornar real é tornar vivível. Pensamentos tornam-se parte de nós, de nossas realidades, os usamos para entender o mundo e se forem muito equivocados, nos equivocaremos como resposta lógica de transferência do pensar para o agir, ainda que num mundo de escravos, muitos ignorantes são contemplados por suas fraquezas. Mas em uma realidade supra perfeita ou a caminho da sabedoria, mesmo as falhas médias poderão ter grande impacto, porque não se pensa apenas no imediato ou para daqui a alguns meses, mas sobre projetos de longuíssimo prazo.

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