quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Re-exemplo elucidativo quanto às diferenças entre os cognitivamente inteligentes dos intelectualmente inteligentes



Mentalistas, mecanicistas....

Papai e mamãe...

Minha mãe sempre foi uma das professoras mais talentosas da micro-região onde vivemos, nestas highlands de bananeiras e chuvas torrenciais (ainda...). Não seria demasiadamente arriscado se pudesse realocá-la ao panteão verdadeiramente meritocrático dos melhores profissionais da educação mesmo em âmbito nacional. Uma expert em gramática (percebam que eu não puxei isso dela, rsrsrs), mas herdei alguma coisa de sua grande capacidade verbal. Com todos estes predicados cognitivos, nós poderíamos concluir sem dificuldades, com base no mito da binaridade individual humana, o ''ser ou não ser inteligente'', que ela não poderia ser estúpida em nenhum tipo de conhecimento humano, técnico/acumulativo ou interacional, no máximo, ligeiramente equivocada. Mas isso é hipocrisia. É o mesmo que dizer que ''pobre tem diarreia e rico tem desarranjo gastrointestinal''. Não. As pessoas que são mais inteligentes, qualquer tipo de inteligência e mesmo as mais sábias, podem sim e devem ser analisadas também em relação às suas fraquezas, que poderíamos facilmente denominar como ''burrices''. Se podemos ficar alegres ou tristes, se podemos ter alta autoestima hoje e baixa autoestima amanhã, se podemos estar meio gordinhos nesta semana e emagrecermos, se a dualidade mora em nós, porque é o princípio fundamental de nossas existências ( da existência per si), que define a evolução, então porquê diabos que não poderíamos passar a nos entender (e também em relação aos outros) como ''burros, medianos e inteligentes'', ''tudo'' ao mesmo tempo ***

A inteligência é tudo aquilo que fazemos, tudo aquilo que fazemos de excepcionalmente harmônico, será a sabedoria, e de excepcionalmente original e utilitário, será a criatividade. Algumas pessoas apenas estão muito mais criativas do que as outras. Ninguém que está em seu juízo ''perfeito'', poderia ser criativo a todo momento, mas seria bom se pudéssemos ser todos sábios na maioria das vezes em que estivéssemos vivendo/interagindo/experienciando. 

Minha mãe é um exemplo de alguém que é principalmente ''cognitivamente inteligente'', isto é, que tem uma capacidade cognitiva (bem) acima da média. A cognição é a parte mecânica de nossas habilidades, àquilo que os filósofos mecanicistas descarteanos usam para nos comparar com as máquinas que ''construímos''. Tire a personalidade e a subsequente interação que irá resultar, e você terá um robô orgânico, com a sua cognição intacta. Agora, refaça a constituição intelectual original humana e você terá de fato a manifestação da inteligência, em toda a sua diversidade individual (que extrapolará a nível coletivo) e funcionamento. Ser desequilibradamente mais inteligente na cognição será um forte indicativo de que poderá não ser igualmente capaz em outros atributos, especialmente os de natureza intelectual

Em termos de mundo real, minha mãe não é muito diferente de muitos outros profissionais da educação, isto é, muito menos prodigiosa neste quesito do que para explicar classes gramaticais. Ela é como uma formiguinha operária, e assim são a maioria dos seres humanos, especialmente àqueles que são oriundos da massa continental chamada Eurásia. Evoluímos para cooperar e muitos evoluíram principalmente para cooperar, de tal maneira, que não serão suficientemente capazes de entender o mundo real, fora de seu nicho social laboral. São hiper-especializados, adaptados a um mundo regulado e burocrático. Aquele que serve ao sistema com poucas dúvidas do porquê de fazê-lo, será pouco provável de entendê-lo, de entender a realidade/totalidade perceptiva. É uma cegueira coletiva em que a maioria das pessoas são persuadidas deste os primórdios de suas existências que o mundo em que vivem é o único mundo que pode existir e quanto menos sábia for a pessoa, menos ciente deste blefe ela se encontrará. 

Meu pai, como eu já falei neste texto do Santoculto, é um outro exemplo espetacular quanto a essa inefável realidade das diferenças macro-qualitativas de inteligência transcendental. A transcendência se consiste no destino imparável da vida, no curso natural do ser, de acordo com a sua constituição bio-cognitiva e sua subsequente interação com o meio em que vive (ênfase perceptiva) mediado obviamente pelo espaço/tempo particularmente vividos. Ao conjugarmos os dois termos, estaremos dando um valor, um sentido, ainda que diminuto perto da vastidão do universo, especialmente em relação à inteligência. Ser (inteligente) para quê** Alguns nasceram ''para'' cooperar, outros nasceram para ''entender'' ou tentar entender, antes de cooperar.

Aplicando as múltiplas inteligências a nível individual, eu percebo com clareza que meu pai exibe um perfil desequilibrado (todos nós tendemos a apresentar perfis cognitivos não-psicométricos desequilibrados) em que suas maiores forças serão àquelas de natureza lógico-matemática e espacial. Suas habilidades musicais são praticamente inexistentes, pelo menos quanto à sua motivação intrínseca, ele jamais exibiu qualquer vontade de se especializar nesta categoria. Em inteligência intrapessoal, o meu pai é bastante fraco e isso é muito importante, porque este tipo de inteligência se consiste exatamente na sabedoria cognitiva, a motivação e capacidade intrínsecas para se entender/conhecer. Um melhor conhecimento sobre si pode trazer grandes vantagens, e que nem sempre produzirão decisões racionais/harmônicas. É interessante analisar a complexidade desta situação-exemplo, porque enquanto que o meu pai não é bom para entender a dinâmica do ser dentro de seu contexto sócio-econômico, ele será naturalmente/instintivamente bom para interagir superficialmente e é justamente aí que se encontra a sua contextual vantagem, por exemplo, em relação a mim. Por ele ser um neuro-típico, pode reconhecer (e o faz) com rapidez algumas dos canais/meios mais fáceis para interagir com seus pares, que lhe serão similares. O diferencial se dá no nível de profundidade em relação ao entendimento da dinâmica social. Enquanto que para muitos, eu não teria ''senso comum'' ''ou'' como a maioria gosta de confundir, ''bom senso'', ele é que seria considerado como o verdadeiro sábio. Meu pai, assim como muitos outros de sua prevalente estirpe neuro-cultural, é o profeta do gado, ao mostrar-lhes de maneira espontânea/natural, o caminho certo para se obter um sucesso respeitável, dentro dos limites da moralidade que se comunica melhor com suas disposições. Em outras palavras, ele faz o certo dentro de uma realidade em que o pensamento crítico será entendido como ''falta de sabedoria'' ''ou'' de ''praticidade''.

Os intelectualmente inteligentes se consistem em uma especialização abstrata e evoluída da especialização mecânica, isto é, ao invés de serem apenas/fundamentalmente bons para memorizar e aplicar tarefas técnico-cognitivas, eles tenderão a serem muito bons ''também' em pensar sobre elas e até mesmo criar novas tarefas. Alguns obedecem, outros poderão ainda inventar novos meios de trabalho. Os intelectualmente inteligentes são em média manipuladores natos, isto é, eles perpassam o limite cognitivo da memorização e replicação, para o nível da ''criação''. Eles podem ter ideias e manipular as já existentes, denotando conhecimento quanto à natureza etimológica de parte daquilo que o homem produz enquanto pensamento e ação. Eles também serão muito melhores em habilidades analíticas de caráter intelectual independente, isto é, são mais motivados e capazes para pensar sobre as ideias sem esperar que sejam incentivados/forçados a fazê-lo. Ao invés de esperarem que a montanha venha até eles, eles é que vão até à montanha.

 Meu pai não é do tipo que critica o ambiente em que vive, ainda que o faça muito superficialmente, pelo contrário, porque tal como uma formiga operária ansiosa/ávida para ser competente/útil, ele despreza de maneira instintiva esta possibilidade importante de escrutínio. Meus pais estão no limite entre o perfil predominantemente burocrático/memorizador e o perfil intelectual/reflexivo/criador. Minha mãe tem ótima capacidade criativa e tem demonstrado isso em seu trabalho. Mas esta sua motivação para entender e harmonizar, não é abrangente o suficiente para que possa alcançar a sua alma, o seu instinto, e fazê-la uma máquina neuroticamente dualista de críticas construtivas em relação à vida/fenomenologia, tudo aquilo que está em constante atrito com a sua clausura orgânica/natural.

A inteligência existencial ou ênfase qualitativamente perceptiva em relação à macro-realidade ou realismo, pensar, se debruçar, internalizar ideias e rotinas, sobre as maiores dúvidas existenciais de nossa espécie e da vida em geral, é um complemento muito importante para perfazer a sabedoria em toda a sua integridade conceitual. Acho que não preciso me estender muito em relação à capacidade e motivação intrínsecas do meu pai, mas também de minha mãe quanto à hiperrealidade. Eventos/vivências recentes em suas vidas tem reverberado de maneira distinta em ambos. Meu pai parece ter aceitado a morte de sua mãe, minha avó, de maneira calma e natural, ao passo que minha mãe não parece estar conseguindo superar esta etapa da mesma maneira com que meu pai fez. O pensar na morte, é o pensar no existir, se estão tão entrelaçados, tão complementares entre si. O sofrimento geralmente induzirá os (predominantemente) neurotípicos que se caracterizam por suas subconsciências para o  pensamento reflexivo existencial, se consiste na indução involuntária deste tipo de pensar entre eles, a ''desintegração positiva de personalidade'', de Kazimierz Dabrowski, em outras palavras, os desafios e situações negativas que podem servir como aprendizado vital e expansão subsequente/consequente da (auto)consciência.


O fator personalidade para falar superficialmente sobre inteligênciaS contextualizadaS em um mundo real


Meus pais são mais (cognitivamente) inteligentes, assim como também meus irmãos em relação a mim. Eles podem decorar e aprender muito bem especialmente em relação àquilo que se comunica naturalmente com as suas disposições cognitivas mais ardentes. E isso pode ser demonstrado por meio de testes cognitivos de todas as espécies, desde os oficiais até os exames para cargos públicos. Eles apresentam uma maior ''inteligência'/cognição geral em comparação à minha.  Eu sou quase o resultado total do ''efeito da idade'' em relação à cognição e também para uma outra série de ''coisas''. Sou mais baixo, menos heterossexual e menos cognitivamente inteligente do que meus irmãos mais velhos. No entanto, a minha inferioridade para operar dentro deste mundo, é completamente relativa/contextual, porque, definitivamente, eu não sou inferior em relação à outras dimensões da vida, talvez muito mais importantes do que àquelas em que estou em clara desvantagem. 

A personalidade me parece ser o meu grande trunfo em relação à minha família e tal como eu tenho falado diversas vezes, a cognição humana é fortemente influenciada pela personalidade, porque fazem parte da mesma configuração mental maior, a mente.

É a personalidade que determina as motivações intrínsecas (expressão do eu essencial/interior) e extrínsecas (expressão do ''sacrifício'', deixar as motivações intrínsecas de lado, em prol de um objetivo). Minha ênfase perceptiva, isto é, enfatizar certos aspectos/certas dimensões da vida/fenomenologia, é mais objetiva, para princípio de conversa, do que as ênfases de toda a minha família geneticamente direta, porque enquanto que eles se satisfazem com as mordomias de seu habitat pós-moderno, a fazenda humana que se consiste a sociedade, eu me atrevo naturalmente a olhar para os aspectos que eles consideram como irrelevantes, sem importância ou que não são extremamente necessários. Eu prefiro mergulhar e me arriscar a perder o fôlego enquanto que eles preferem nadar na superfície. 

Eu crio novas dimensões do pensar e (para) agir, dentro do meu ramo de especialização mais natural, a filosofia, que pode ser regredida à capacidade simples de percepção. Minha área é o ''realismo'', isto é, a ênfase na realidade, na tentativa de entendê-la, para obter mais hectares de liberdade/responsabilidade e maior qualidade de vida. Eles já estão muito entretidos dentro de suas dimensões fabricadas pelo sistema. Estão mais adaptados ou indiferentes ao mundo de mentiras em que (sempre) vivemos, eu não. Se estivesse adaptado, é possível que tentasse proteger o lugar que alimenta minha alma ou que fosse indiferente às reclamações dos ''não-adaptados''. No mais, o mundo perfeito que eu gostaria de viver parece estar longe demais, mesmo para sonhar.




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