terça-feira, 17 de novembro de 2015
Complementaridade inter-geracional positiva e a estúpida pressão dos pais em relação aos seus filhos, para serem ''bem-sucedidos''
O poder da ignorância
Os ambientes sociais humanos recriam os ambientes naturais e subsequentemente a cadeia/hierarquia alimentar. Mas isso não é natural aos seres humanos porque somos uma espécie singular, "animais" mas " ainda" assim singulares. O ser humano é aquele que tem o senso mais desenvolvido quanto à natureza da vida, isto é, a de que a mesma se consista no potencial para a consciência da individualidade.
A naturalidade lógica em relação à emergência da expansão da (auto)consciência não é/será pela continuidade da seleção natural via burocracia ou qualquer outra forma de labirinto anti realidade mas pela auto-evolução, que não pode acontecer completamente entre os demais animais porque eles não são capazes de tomar por conta própria os seus próprios destinos enquanto indivíduos, porque não podem reconhecer de maneira plena a sua própria individualidade, ainda que o façam de maneira parcial, instintiva e qualitativamente variável.
Uma das características mais essenciais do arquétipo do ''zumbi'' é justamente a sua incapacidade de reconhecer-se enquanto uma entidade corpóreo-mental única, porque todo indivíduo pleno de si assim será/o fará.
As origens dos conflitos familiares: complementaridade inter-geracional positiva e negativa...
(... porque a complementaridade por si mesma será relativa, por exemplo, presa e predador são complementares, mas esta relação não é harmônica/racional/positiva, mas lógica/pragmaticamente sustentável)
Por causa da crença universal humana no ''esforço individual'' enquanto mola propulsora para o sucesso ou mesmo para o ''auto conhecimento'', retroalimentamos nossas próprias condições de semi-escravos, submersos dentro de um macro-sistema que nos escolhe ou nos elimina, ao aceitarmos tais condições unilaterais (impostas) de transcendência individual, o competir para vencer, sem qualquer tipo de pensamento crítico, porque determinamos tolamente que se consiste na mais pura e factual das verdades e que não existe outra maneira de se viver além daquela que conhecemos. Nos dizem que ''somos todos iguais'' e que basta ''nos esforçarmos'' para sermos bem sucedidos.
A ideia de igualdade remete diretamente à competição, porque se ''todo mundo pode fazer o que quiser, basta se esforçar mais'', então supostamente, todos poderão e deverão disputar pelas mesmas vagas de emprego. A ideia de ''supremacia das condições ambientais na composição do comportamento'', também reforça esta direção hierarquicamente induzida/imposta ao negar o enorme e lógico papel de nossas disposições comportamentais naturais ou de natureza genética e consequentemente as idiossincrasias individuais.
A ideia equivocada de igualdade universal humana gera a desigualdade sócio-econômica, porque não somos todos iguais e dependendo do contexto, alguns terão maiores vantagens para alcançarem o sucesso mundano do que outros. Novamente a lógica metáfora da ''corrida maluca'', de animais não-humanos, onde que nós teremos um elefante e todo o seu corpanzil, disputando/concorrendo com um leopardo e a agilidade natural de seu corpo, moldado para correr.
Você é como esta moça aqui de cima.
Tolamente convencidos quanto às seguintes premissas: igualdade humana universal, o ''diferencial'' do ''esforço'' e o papel ''supremo'' do ambiente para moldar o comportamento (educação ou adestramento**), a maioria dos seres humanos aceitarão a realidade como subalternos existenciais e passarão a competir entre si, algumas vezes de maneira ''civilizada'' ( o ''diferencial'' da ''civilização'', ;) ), outras vezes que se dará de maneira menos ''polida''.
A maioria das pessoas que tem filhos são/estão muito suscetíveis de tomarem as suas respectivas realidades ''de fazenda'' tal como se representassem o ''único mundo possível que possa ser funcional'' e portanto a totalidade da realidade, porque a maioria deles serão dependentes das ideias de seus controladores. Eles não podem criar novas realidades, mas suportam àquelas que são/foram construídas por outros. Internalizações como estas se traduzirão a longo prazo em apatia intelectual.
Além de se limitarem, eles também forçarão os seus filhos para o mesmo caminho que não for ''desviante'' dos desígnios mundanos/tecnicamente transcendentais do sistema em que estão encapsulados. Pais são muito suscetíveis de internalizarem todo (e/ou as partes mais convenientes) o escopo ideológico e transcendental da ''igualdade'', primeiramente, porque não podem aceitar que seus filhos possam ser naturalmente ''inferiores'' que os de outros pais e porque dentro desta ''cultura de esperança'', eles podem:
- culpar o filho por não ter conseguido cumprir com os seus desejos/egos, e perpetuar a subtil relação de dependência/controle/domínio, reverberando em nível familiar, a mesma relação de totalitarismo que se manifesta ao macro-nível,
- aguçar seus ímpetos de competidor (especialmente pelo pai), em outras palavras, pressioná-lo para que possa ''ser bem sucedido'',
- acreditar que detém grande poder de controle sobre a sua prole, em outras palavras, ''o poder do criador/fazendeiro'', e que portanto, possa moldá-los.
Quando pais e filhos tem mentes e motivações muito parecidas, então acontecerá aquilo que denominei como ''complementaridade inter-geracional positiva''. É complementar porque se constituirá na perpetuação da transcendência/programação de uma geração para a outra, dentro de um contexto familiar e remeterá à ideia de ''tradição''/estabilidade/segurança.
Em compensação quando não houver uma compatibilidade transcendental entre as gerações então é muito provável que conflitos das mais diversas magnitudes e naturezas brotarão e se perpetuarão dentro do ambiente familiar.
Ainda assim, os fatores ambientais únicos, que são particulares ao seus respectivos espaço/tempo, poderão ter um papel importante nesta ''transferência de existências'' porque contextos culturais diferentes tendem a produzir diferentes pressões seletivas (unilaterais, ''naturais'').
A maioria dos pais humanos não parecem conhecer muito bem os seus próprios filhos a ponto de aceitá-los/entendê-los em termos de naturalidade essencial e a de proporcionar se possível meios para que possam ser bem sucedidos pra si próprios, primeiramente, isto é, de alimentarem harmoniosamente as suas próprias alegrias ou naturalidades, em relação a qualquer tipo de comportamento (racional). Por lógica, acreditamos que ao sermos felizes fazendo aquilo que mais gostamos, nós tornaremos mais úteis à sociedade (se a recíproca for verdadeira). Ainda se poderia negociar em relação à continuação da existência das ''obrigações'' se são tão importantes para o funcionamento social, mas em combinação com estilos de vida menos desgastantes. Vivemos apressados para cumprir com as ''nossas obrigações'' mas o correto seria de não termos esta pressão estúpida em cima de nossas costas e especialmente para enriquecer alguns poucos bolsos.
A aceitação da essência primordial da individualidade enquanto expressão/identidade da vida auto-percebida (auto-consciente), e tudo aquilo que lhe for remetente/complementar como as diferenças naturais entre os indivíduos e aos grupos dos quais estão mais geneticamente relacionados, é o primeiro passo para nos libertarmos dos grilhões que continuam a tornar nossos passos mais pesados e anti-naturais do que poderiam ser sem qualquer ''mecanismo de contenção''. Responsabilidade/sabedoria é a chave para a verdadeira liberdade.
Se há esforço excessivo, que não dá prazer, então não será verdadeiramente natural e causará desconforto. O sofrimento é necessário, o sofrimento constante e camuflado de ''mensagens positivas'', é exploração.
Estamos sendo existencialmente estuprados a uma base diária e muitas vezes este estupro inconscientemente concedido será imposto por nossos próprios pais.
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